Entendendo a violência urbana
A violência, ao ser abordada pela sociologia, é considerada como um aspecto inerente a qualquer tipo de sociedade. Dentro dessa perspectiva, a violência é a manifestação do conflito de desejos, vontades e exercício de poder entre os sujeitos que vivem uma realidade assimétrica, em que a divisão desse poder é inerentemente desigual. Dentro dos motivos para essa assimetria, encontram-se os fatores que determinam as posições sociais dos indivíduos – economia, influência política etc – e ainda o poder que o Estado detém na legitimidade do uso da violência como mecanismo de coerção, como é o caso da polícia.
A violência, embora exista em todos os meios, apresenta-se de forma mais frequente nos meios urbanos. Portanto, as ciências sociais têm se encarregado de tentar compreender melhor esse fenômeno e contribuir na luta pela diminuição da incidência da violência urbana. O desafio está na complexidade das relações do meio urbano e das infinitas motivações para a violência que, como dito antes, pode vir do contato entre indivíduos ou mesmo ser institucionalizada.
Dentre os fatores que motivam a violência no meio urbano, alguns se destacam pelo grau de influência que exercem sobre a vida cotidiana do indivíduo social. Entre elas estão a pobreza, a segregação étnica ou o racismo, o nível de criminalidade e a insegurança, que não se resume apenas na estruturação ou na existência da segurança pública apoiada nos órgãos de policiamento, mas tem mais relação com a situação de não seguridade do bem-estar próprio daqueles que não possuem meios para isso.
Nesse sentido, a violência urbana está estreitamente ligada ao enfraquecimento do Estado, que não consegue assegurar uma condição de vida digna àqueles que governa. Esse fato é particularmente sentido pelas pessoas em condição de pobreza, que se veem desamparadas em suas necessidades básicas sem ter a quem recorrer e sem nenhum meio de reparação para sua situação. Neste caso, a exclusão social pode ser claramente percebida como fator contribuinte.
Violência e segurança pública
Existe o argumento que entende que a criminalidade e a violência são frutos do enfraquecimento do artifício de coerção direta do Estado: a polícia. Contudo, embora seja necessária, estatísticas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que a polícia brasileira é a que mais mata, chegando a matar 6 pessoas por dia no período de 2009 a 2013, chegando ao número total de 11.197 mortes. O número conta de execuções sumárias e as mortes em conflito armado. Em paralelo a isso, os números dos índices de violência aumentaram segundo o Mapa da Violência de 2014, que traça um panorama sobre a evolução da violência no país, o que mostra que apenas o escalamento da força policial não serve como remediação da situação da violência urbana.
O investimento em seguridade social ainda é visto como a melhor forma de combate ao crime e à violência urbana. Justiça social e igualdade de direitos representam segurança e presença do Estado na vida da população em situação vulnerável. É preciso que o policiamento esteja acompanhado da melhor preparação dos profissionais da área da segurança, da melhoria da qualidade da educação oferecida e da ampliação das ações que promovam maior igualdade social.