A segregação racial é uma prática historicamente associada ao racismo. Consiste na separação arbitrária de indivíduos com base em preceitos de cor ou raça, partido do princípio racista de que existem raças superiores às outras, de modo que essas não devem se misturar, no seu convívio diário, às demais raças inferiores.
Os maiores exemplos de segregação racial que temos são o apartheid e a segregação racial na sociedade estadunidense. O apartheid foi a instituição legal do racismo ocorrido na África do sul entre os anos de 1948 e 1992, onde ficou legalmente firmado que existiram estabelecimentos separados para atender pessoas brancas e pessoas negras, de forma que os direitos legais da população negra estaria sempre em segundo plano em relação aos direitos da população branca. Era comum, então, vermos banheiros para brancos e banheiros para negros, bancos ou cadeiras públicas e assentos de ônibus reservados especialmente para pessoas brancas. Já a segregação racial que ainda hoje vemos na sociedade estadunidense teve origem no período em que a mão de obra escrava ainda era empregada no país. Nas cidades que possuem maior população negra, é possível ver uma separação bastante distinta entre bairros que são ditos como sendo “bairros de brancos” e os que são ditos “bairros de negros”. Essa separação está tão enraizada no seio da sociedade estadunidense que mesmo as instituições do governo tratam e agem de forma diferente de acordo com a distinção racial do indivíduo. Recentemente, houve uma grande onda de revolta contra a polícia do estado Missouri, na cidade de Ferguson, que matou a tiros um jovem negro aparentemente desarmado. Esse é apenas um dos inúmeros casos de violência policial motivada por preconceitos raciais.
Estabelecimentos separados para pessoas negras eram comuns nos Estados Unidos do passado *2
No Brasil, entretanto, a realidade não é diferente. A segregação racial que existe aqui é tão visível quanto a vista nos Estados Unidos se observarmos que a maioria esmagadora da população de baixa renda é composta por pessoas que se identificam como “negras” ou “pardas”, e que essa mesma faixa populacional possui, em média, menor grau de escolarização e uma menor média salarial que a população que se apresenta como “branca”. Há, ainda, as estatísticas sobre os números de vítimas mortais da violência. O Mapa da Violência de 2014 (UNESCO) mostra que os jovens “negros”, entre 19 e 25 anos, do sexo masculino, são quase três vezes mais propensos a serem vítimas de homicídio por arma de fogo que a mesma faixa etária da população “branca”.
Com tudo isso, é preciso que nos perguntemos até onde vai nossa tolerância quanto às formas de segregação velada - aquela que existe mas não é reconhecida como tal – que vemos em nosso cotidiano. Será que o fato de as favelas ou de bairros de periferia serem constituídas, majoritariamente, por pessoas que se identificam como “negras” ou “pardas”, enquanto a maior parte dos habitantes de bairros “nobres” se identificam como “brancos”, não seria uma forma de segregação racial? Esses são problemas que devemos resolver para conquistarmos uma sociedade mais justa, segura e unida.
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