Conceito de raça
O conceito de raça é ainda muito usado pela grande maioria das pessoas, principalmente quando se referem à cor de pele. No entanto, a ideia de que existem raças biologicamente distintas entre os humanos é um engano. As teorias científicas dos séculos XVIII e início do século XIX, como as de Joseph Arthur de Gobineau (1816-1882), dedicavam-se à criação de métodos para diferenciar raças entre grupos humanos por meio, principalmente, de traços fenótipos (cor de pele, cabelos, formato do crânio). Grande parte desses trabalhos teóricos utilizava como justificativa o grau “superior” de desenvolvimento dos países europeus, que enriqueciam graças à exploração das civilizações “inferiores”.
Entretanto, as “ciências raciais” perderam força e passaram a ser completamente desacreditadas no meio científico após a Segunda Guerra Mundial. Trabalhos posteriores, como o projeto de mapeamento do genoma humano, provaram que as distinções genéticas entre diferentes grupos humanos, que apresentam diferentes características físicas, não são suficientes para justificar a separação em raças. As mais diversas pesquisas mostraram que a variação genética que existe entre grupos geograficamente separados é muito próxima à variação genética entre sujeitos de um mesmo grupo.
Porém, ainda que o conceito biológico de raça esteja enganado, o impacto social ainda existe. Os fenômenos sociais que se fundamentam na noção de diferenciação racial por causa da cor da pele, por exemplo, ainda estão fortemente enraizados em nossas comunidades. Nesse sentido, o conceito de raça é ainda amplamente utilizado pela Sociologia para o entendimento das diferentes relações que se estabelecem em torno da noção valorativa que existe em respeito da cor. As distinções raciais vão além da diferenciação humana em função de características fisiológicas, elas estão inseridas na reprodução das desigualdades que existem em nosso meio social.
Conceito de etnicidade
Se o conceito de raça está ligado à distinção biológica de grupos humanos com base em diferenças físicas, o conceito de etnia está associado às práticas e construções culturais que diferenciam um grupo dos demais. Os grupos étnicos distinguem-se por características de cunho cultural, como a língua, religião, vestuário, entre outros aspectos.
A etnicidade constitui-se como fenômeno essencialmente social, pois é um processo contínuo de transmissão cultural entre diferentes gerações a partir do contato e da participação no meio social em que a etnia se configura. Portanto, a ideia de traços étnicos inatos, como a noção de valor que define etnias indígenas como “preguiçosas”, não passa de um engano ancorado à ignorância e ao senso comum.
Há um grande número de pessoas que veem em sua etnia uma parte enorme de sua identidade individual. É mais comum vermos exemplos desse fenômeno em comunidades de imigrantes que se estabelecem em outro país. A manutenção de tradições ou comemorações que exaltem características culturais do grupo serve como forma de manutenção de uma identidade étnica que, ao mesmo tempo que diferencia os indivíduos dos demais grupos, também os une mediante a familiaridade entre os traços culturais que compartilham.