Parte do processo de construção de nossa identidade cultural está ligada à busca de propósito individual do sujeito dentro do contexto em que vive. Isso quer dizer que a busca pelo que desejamos ser, ou seja, o que enxergamos como parte essencial de nossa identidade individual, é, em parte, construída em conjunto com a cultura que carregamos, isto é, os aspectos da sociedade que aprendemos a partir do convívio com o nosso meio. Esse processo, pelo qual as crianças e outros novos membros de uma sociedade aprendem o modo de vida do grupo, é chamado de socialização. Esse é o meio principal de transmissão de uma cultura.
É por meio do processo de socialização que os sujeitos aprendem sobre os papéis sociais, isto é, expectativas socialmente definidas acerca do comportamento de uma pessoa de acordo com a sua posição social. O comportamento que se espera de uma mãe, por exemplo, é definido por convenções sociais e deve ser seguido por toda mulher que venha a se tornar mãe, independentemente de suas perspectivas pessoais. Isso é parte do enorme caminho que percorremos em direção à contínua edificação de nossa identidade.
Os teóricos da sociologia funcionalista, a escola de pensamento sociológico que entende que as sociedades são “sistemas orgânicos”, isto é, que as estruturas sociais trabalham em conjunto para gerar estabilidade, entendem que os papeis sociais são fatos sociais. Nessa perspectiva, o sujeito cumpre o seu papel na medida em que colabora para a organização social ao desempenhar as funções esperadas.
Entretanto, a escola interacionista indica-nos que as relações humanas ocorrem em meio à troca de símbolos e significados, que variam em relação às particularidades do indivíduo. Esses indivíduos modificam os significados de acordo com o que experimentam no curso de sua vida social a partir do processo interpretativo de cada sujeito em relação às suas interações.
O exemplo do sentimento maternal que toda mulher aparentemente deveria ter demonstra que certas atribuições de papeis moldam o comportamento dos indivíduos em sociedade. O sentimento maternal não é algo natural, isto é, não é algo inato às mulheres, pois existem muitas que não se identificam com a imagem de mãe ou não possuem desejo algum de ter filhos. Os indivíduos, portanto, não apenas assumem papeis sociais previamente concebidos e designados de acordo com as posições sociais.