Etarismo

O etarismo é um tipo de preconceito ou discriminação baseado na idade. Afeta principalmente a vida dos idosos, mas pode ser cometido contra diferentes faixas etárias.

Mão rejeitando dois idosos com seus currículos, em alusão ao etarismo.
O etarismo afeta principalmente trabalhadores mais velhos, que enfrentam dificuldades para serem contratados ou promovidos.

O etarismo, ou ageísmo, é o preconceito, discriminação e estereotipação baseados na idade, podendo afetar tanto idosos quanto outras faixas etárias. Manifesta-se em níveis individuais e institucionais, influenciando comportamentos e políticas que perpetuam estereótipos sobre a idade.

Situações como recusar contratar ou promover alguém devido à idade, ou tratar idosos com condescendência, exemplificam esse preconceito. Apesar de não haver uma legislação específica contra o etarismo no Brasil, práticas discriminatórias podem ser enquadradas em normas gerais como o Estatuto do Idoso. A conscientização sobre os impactos do etarismo é essencial para construir uma sociedade mais justa e inclusiva para todas as idades.

Leia também: O que é intolerância religiosa?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre etarismo

  • O etarismo, ou ageísmo, é o preconceito, estereótipos e discriminação baseados na idade de uma pessoa.
  • Embora inicialmente associado a atitudes negativas contra idosos, o etarismo pode afetar todas as faixas etárias.
  • O termo foi criado em 1969 por um gerontólogo para descrever preconceitos contra pessoas mais velhas.
  • O conceito se expandiu para incluir discriminações em contextos variados.
  • Pode ocorrer em níveis individuais (atitudes e comportamentos) e institucionais (políticas e práticas organizacionais), perpetuando estereótipos relacionados à idade.
  • O etarismo abrange preconceitos contra qualquer faixa etária, enquanto a velhofobia refere-se especificamente ao medo ou aversão aos idosos.
  • Exemplos de etarismo incluem recusar contratar ou promover alguém devido à idade, ignorar opiniões de idosos em discussões familiares ou tratá-los com condescendência.
  • Não há uma lei específica contra o etarismo no Brasil, mas práticas discriminatórias podem ser enquadradas na Constituição Federal ou no Estatuto do Idoso.

O que é etarismo?

O etarismo, também conhecido como ageísmo, refere-se ao preconceito, estereótipos e discriminação baseados na idade de uma pessoa. O termo foi cunhado em 1969 pelo gerontólogo Robert Neil Butler para descrever atitudes negativas contra pessoas mais velhas, mas pode ser aplicado a todas as faixas etárias.

Ele se manifesta tanto em níveis individuais quanto institucionais, influenciando comportamentos e políticas que perpetuam estereótipos relacionados à idade. No Brasil, o termo ainda não é amplamente reconhecido fora do meio acadêmico, mas é uma questão crescente devido ao envelhecimento populacional.

O etarismo pode ser identificado em diferentes contextos, como no mercado de trabalho, onde trabalhadores mais velhos enfrentam dificuldades para serem contratados ou promovidos devido a percepções de baixa produtividade ou resistência à mudança.

Além disso, ele está presente em interações sociais e culturais que marginalizam os idosos, retratando-os como frágeis ou incapazes. Essa discriminação pode ter impactos profundos na autoestima e no bem-estar dos indivíduos afetados.

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Quais são as causas do etarismo?

As causas do etarismo estão enraizadas em fatores culturais, sociais e econômicos. Culturalmente, muitas sociedades valorizam a juventude como sinônimo de inovação e beleza, enquanto associam o envelhecimento à fragilidade e à obsolescência. Essa visão é reforçada por representações midiáticas que frequentemente ignoram ou estigmatizam os idosos.

No mercado de trabalho, a discriminação por idade é impulsionada por percepções equivocadas sobre a produtividade e adaptabilidade dos trabalhadores mais velhos. Além disso, mudanças tecnológicas rápidas podem exacerbar essas percepções, criando barreiras para a inclusão dos idosos no ambiente profissional. Por fim, a falta de conscientização sobre os benefícios da diversidade etária contribui para a perpetuação desse preconceito.

Veja também: Quais tipos de violência mais acometem as mulheres?

Formas de etarismo

O etarismo pode se manifestar de forma explícita ou sutil. No ambiente de trabalho, ele ocorre através de práticas como a exclusão de candidatos mais velhos em processos seletivos ou a falta de oportunidades de treinamento e desenvolvimento para esses profissionais. Outro exemplo é a prática de dar preferência aos trabalhadores mais jovens na hora de escolher quem será promovido.

Além disso, o etarismo pode ser interpessoal, quando indivíduos expressam preconceitos diretamente contra pessoas idosas, ou institucional, quando políticas e práticas organizacionais reforçam estereótipos negativos sobre a idade. Essas manifestações podem impactar negativamente as oportunidades e o bem-estar dos indivíduos afetados.

Como o etarismo afeta os idosos?

O etarismo tem impactos significativos na vida dos idosos, afetando sua saúde mental e física, autoestima e qualidade de vida. A exclusão social resultante do preconceito pode levar ao isolamento e à depressão. Além disso, a marginalização no mercado de trabalho reduz as oportunidades econômicas e contribui para a insegurança financeira entre os idosos.

Homem idoso sentado preocupado em texto sobre etarismo.
Os idosos ficam mais vulneráveis ao isolamento e à depressão por causa do etarismo.

No contexto organizacional, trabalhadores mais velhos frequentemente enfrentam desafios como a falta de reconhecimento de suas habilidades e experiências. Essa desvalorização pode levar à perda de motivação e ao abandono prematuro da força de trabalho. Esses efeitos não apenas prejudicam os indivíduos diretamente afetados, mas também limitam o aproveitamento pleno do potencial humano nas organizações.

Etarismo no Brasil

No Brasil, o etarismo é uma questão crescente devido ao rápido envelhecimento populacional. Dados indicam que até 2060 um quarto da população brasileira terá 65 anos ou mais. Apesar disso, políticas públicas voltadas para combater o preconceito contra os idosos ainda são escassas e pouco eficazes.

No mercado de trabalho brasileiro, profissionais mais velhos enfrentam barreiras significativas para contratação e promoção. Estudos mostram que gestores frequentemente associam trabalhadores mais velhos a custos elevados e baixa adaptabilidade às novas tecnologias. Essa discriminação reflete uma falta de estratégias organizacionais para integrar melhor essa parcela da força de trabalho.

Etarismo no mundo

Globalmente, o envelhecimento populacional está ocorrendo em ritmo acelerado, especialmente em países desenvolvidos. Apesar disso, o etarismo continua sendo um problema negligenciado em muitas sociedades. Em países ocidentais, estereótipos negativos sobre idosos são particularmente prevalentes devido à valorização cultural da juventude.

Nos Estados Unidos e na Europa, iniciativas têm sido implementadas para combater o preconceito por idade no local de trabalho e na sociedade em geral. No entanto, ainda há muito a ser feito para promover uma maior inclusão dos idosos em todos os aspectos da vida social e econômica.

Etarismo x velhofobia

Mão segurando placa com idade cortada diante de um jovem, em texto sobre etarismo.
Ao contrário da velhofobia, o etarismo pode afetar pessoas de qualquer faixa etária.

Embora relacionados, etarismo e velhofobia não são sinônimos. O etarismo refere-se ao preconceito baseado na idade em geral, enquanto a velhofobia é especificamente o medo ou aversão aos idosos. A velhofobia frequentemente se manifesta como desrespeito ou exclusão social dos mais velhos.

Ambos os conceitos estão interligados pela desvalorização das pessoas idosas na sociedade contemporânea. No entanto, enquanto o etarismo pode incluir discriminação contra jovens ou qualquer faixa etária específica, a velhofobia está exclusivamente ligada à rejeição dos idosos.

Como combater o etarismo?

Combater o etarismo exige esforços em várias frentes:

  • educação pública para conscientizar sobre os impactos do preconceito por idade;
  • implementação de políticas públicas inclusivas;
  • promoção da diversidade etária no mercado de trabalho através de treinamentos e programas específicos.

O combate ao etarismo ajuda a sociedade a melhorar a vida dos idosos. Além disso, campanhas midiáticas podem ajudar a desconstruir estereótipos negativos sobre os idosos ao destacar suas contribuições positivas para a sociedade. Organizações também devem adotar práticas que valorizem trabalhadores mais velhos como parte integrante do ambiente profissional.

Etarismo é crime?

No Brasil, não há uma legislação específica que criminalize o etarismo diretamente. No entanto, práticas discriminatórias baseadas na idade podem ser enquadradas em legislações gerais contra discriminação, presentes na Constituição Federal ou no Estatuto do Idoso. Por exemplo, o artigo 7º da Constituição proíbe discriminações por motivo de idade no acesso ao emprego ou remuneração. Apesar disso, ainda há lacunas legais que dificultam a aplicação efetiva dessas normas no combate ao etarismo.

Saiba mais: Racismo no Brasil — história, causas e como combater o preconceito racial no país

Situações que podem ser consideradas etarismo

Diversas situações podem ser classificadas como etarismo. Exemplos comuns no ambiente profissional são:

  • recusar contratar alguém devido à idade;
  • negar promoções ou treinamentos baseando-se exclusivamente nesse critério;
  • fazer comentários depreciativos relacionados à capacidade física ou mental com base na idade.

Fora do mercado de trabalho, atitudes como ignorar as opiniões dos idosos em discussões familiares ou tratá-los com condescendência também constituem manifestações do preconceito por idade que precisam ser combatidas para promover uma sociedade mais inclusiva.

Fontes

BEAUVOIR, S. A velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

COUTO, Maria Clara P. et al. Avaliação de discriminação contra idosos em contexto brasileiroageismo. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 25, p. 509-518, 2009.

HANASHIRO, Darcy Mitiko Mori; PEREIRA, Marie Françoise Marguerite Winandy Martins. O etarismo no local de trabalho: evidências de práticas de “saneamento” de trabalhadores mais velhos. Revista Gestão Organizacional, v. 13, n. 2, p. 188-206, 2020.

Por: Rafael Pereira da Silva Mendes

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