As desigualdades sociais fazem parte do nosso cotidiano social. Podemos observá-las de várias maneiras, seja pela exclusão social, seja pela estratificação em função da cor da pele dos indivíduos, de sua situação econômica ou mesmo de sua posição política. Entretanto, uma das formas mais explícitas desse tipo de desigualdade é a que chamamos de estratificação urbana.
Uma forma simples de se entender o que é a estratificação social é enxergá-la como as desigualdades que atingem diferentes sujeitos e pelas quais eles são “separados”, isto é, um grupo de pessoas que pertence a uma camada mais pobre de uma sociedade, por exemplo, acaba não tendo acesso a certos tipos de serviços que uma pessoa de melhor condição econômica tem.
Enquanto algumas formas de exclusão social e de estratificação sejam, em determinados momentos, tão veladas e discretas, como é o caso de certas desigualdades motivadas pela cor da pele e que ainda são vistas como inexistentes, a estratificação urbana é uma das mais explícitas e visíveis formas de exclusão e afastamento social que podemos observar.
O processo de urbanização das cidades brasileiras desenvolveu-se em meio à desigualdade econômica. Isso consequentemente se refletiu na forma de organização dos grandes centros urbanos, ocorrência vista de forma clara na composição e na organização da maior parte das grandes cidades. Os bairros que abrigam a maior parte da população mais pobre estão localizados, comumente, nas margens dos centros das cidades, isto é, na periferia dos centros urbanos.
Nessa perspectiva específica, referimo-nos às dificuldades em torno do acesso a serviços básicos que as pessoas que vivem em bairros periféricos enfrentam diariamente. O inchaço dos grandes centros urbanos veio acompanhado do constante afastamento das camadas mais pobres da população de áreas do centro. Nos bairros mais periféricos, o acesso a serviços básicos, como saneamento, educação, transporte público e saúde, normalmente são inexistentes ou muito precários.
O afastamento também é visto como forma de “higienização” do meio urbano para a camada mais rica da população. O surgimento de bairros nobres e condomínios fechados, geralmente também mais afastados dos centros urbanos, é um fenômeno recente e que ganha força. A diferença “entre os mundos”, no entanto, é gritante: o acesso a serviços básicos é sempre uma garantia para esses assentamentos mais afastados e povoados pela porção rica de nossas sociedades. No extremo oposto, temos as favelas, que sofrem com a ausência do Estado. Esgoto que corre a céu aberto e grandes quantidades de lixo que não são recolhidas pelos órgãos responsáveis são alguns dos exemplos de maior impacto sobre a vida daqueles que sofrem com a estratificação urbana.