No meio acadêmico da Sociologia, poucos teóricos carregam tanto prestígio intelectual quanto Émile Durkheim. Seu trabalho ainda hoje é considerado como fundamental para a construção do conhecimento sociológico. Nascido na região de Lorraine, na França, Émile Durkheim (1858-1917) é considerado um dos autores fundadores da Sociologia moderna. Ministrou o primeiro curso de Sociologia, criado em 1887, na cidade de Bordeaux, França.
O trabalho de Durkheim foi pioneiro em sua forma de abordagem de problemas relacionados com o meio social. As contribuições de seus esforços ajudaram a estruturar o formato das pesquisas sociológicas e ainda hoje são referência de interpelação científica para as demais ciências sociais. Apesar de sua formação filosófica, seus trabalhos são majoritariamente voltados para o campo da Sociologia, uma vez que seu maior interesse estava no estudo de fenômenos sociais observáveis.
Tendo sido precedido por Augusto Comte, visto comumente como o autor das ideias basilares do que viria a se tornar a área de estudos da “sociologia”, Durkheim preocupou-se especialmente com a sistematização da nova área do conhecimento. Em uma de suas obras mais aclamadas, “As regras do método sociológico”, Durkheim encarregou-se de ordenar as formas de abordagem dos estudos sociológicos e delimitar o campo de ação dos estudos das ciências sociais.
Segundo Durkheim, à Sociologia caberia a apreensão e o estudo sistemático do mundo social. A tarefa do sociólogo era a de interpelar a realidade coletiva dos sujeitos por meio das mesmas ferramentas das demais ciências anteriores a essa que surgia: o método cientifico e a observação empírica. Para o sociólogo, o esforço sociológico deveria ter como alvo a apreensão de fenômenos gerais, amplos e abrangentes, os chamados “fatos sociais”.
Durkheim especificou as características que um fenômeno social deve ter para que seja entendido como um fato social. Segundo ele, um fato social é externo ao sujeito, ou seja, ele existe além da realidade particular dos indivíduos da uma sociedade. É também de natureza coercitiva, o que quer dizer que possui força de imposição sobre o sujeito, obrigando-o a agir de determinada forma diante da ameaça de possíveis sansões sociais, como o isolamento. É ainda de natureza generalizadora, o que quer dizer que atinge a todos os sujeitos sem exceção.
Para entendermos melhor essa definição, podemos observar o idioma de uma nação como um fato social. Ele é externo ao indivíduo, uma vez que a construção e a manutenção do idioma não dependem do sujeito; tem caráter coercitivo, já que aqueles que não se comunicam de acordo com o idioma do grupo não são compreendidos e sofrem a sansão do isolamento social; e, por fim, é generalista, uma vez que aqueles que vivem ou nascem dentro do contexto em que o idioma é adotado acabam sendo influenciados por ele.
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