Tendo surgido em um momento histórico em que o progresso científico começava a ganhar cada vez mais importância, em meados do século XIX, a Ciência Política desenvolveu-se como disciplina e instituição para dedicar-se ao estudo dos fenômenos e das estruturas políticas, partindo sempre da verificação e da observação empírica. Nessa interpretação, a palavra ciência diferencia-se da ideia de “opinião”, de forma que estudar cientificamente a política está além da construção de palpites ou de juízos que partam de dados imprecisos ou não apoiados em fatos e provas.
Nesse sentido, essa disciplina foi de grande importância no processo de compreensão da realidade moderna. A “Ciência do Estado” (Staatswissenchaft, para os alemães, Scienza dello Stato, para os italianos) já produzia importantes contribuições para os estudos acerca da organização estatal. Em seu empenho, o “cientista político” dedicar-se-ia à análise do fenômeno político com o mesmo rigor metodológico, à medida que a matéria permitisse, das demais ciências empíricas, isto é, as ciências que se baseiam na experimentação sensorial e no conhecimento prático abstraído do mundo externo por meio dos sentidos.
Tópicos deste artigo
Ciência Política e Filosofia Política
Antes do surgimento da Ciência Política, a Filosofia Política encarregou-se de fundar as bases do pensamento político e uma série de construções conceituais que ainda hoje possuem enorme importância para os esforços da atual Ciência política. É, portanto, essencial distinguir essas duas disciplinas para entendermos o que elas propõem. Enquanto a Filosofia Política desdobra-se em obras que se dedicam à descrição daquilo “que deve ser” dentro de uma realidade política, “utopias” ou construções ideológicas de um tipo de regime político ideal, a Ciência Política está preocupada com a análise da política enquanto fenômeno institucional de um sistema político. Em outras palavras, a Ciência Política cuida dos sistemas de governos, da análise do comportamento político dos atores de um sistema e das atividades políticas que se passam nas instituições de um Estado.
Ciência Política e outras áreas do conhecimento humano
Vale ressaltar, entretanto, que a Ciência Política não é uma disciplina independente, de forma que busca constante auxílio das mais diversas áreas de estudo das ciências humanas. Entre elas, os estudos do Direito, Economia, História, Sociologia, Psicologia, Antropologia, Administração pública, entre outras, contribuem para o trabalho da Ciência Política, de forma que são partes integrais dos estudos da área. Isso mostra que, embora se diferencie da Filosofia Política em seu objetivo, a Ciência Política ainda parte de trabalhos de abstrações teóricas como as de Aristóteles e Platão.
Hoje a Ciência Política é responsável pelo estudo de cenários políticos dos vários países que existem e das relações que ocorrem em seu contexto. Estudos que envolvem o comportamento eleitoral, relação de voto e realidade social e uma série de contextualizações ligadas ao cenário político de uma nação são desenvolvidos no esforço de melhor compreender a realidade política que se desenha.
O grande número de dados que já foram recolhidos e o crescimento gradual da capacidade de captação de informações em nossos dias aproximam cada vez mais os estudos da Ciência Política dos rigores metodológicos próprios da Ciência Empírica. A classificação, formulação de generalizações, construção de conceitos gerais e determinações de “leis”, que, nesse caso, são baseadas em aferições estatísticas, tornam-se cada vez mais parte da produção teórica da disciplina. Esse processo, de várias formas, ajuda-nos a entender melhor nossa realidade política, de forma que se torna possível antever problemas e facilitar a busca por soluções.
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