Anarquismo

O anarquismo é uma teoria política que defende a abolição de todas as formas de autoridade, principalmente o Estado.

Manifestantes usam símbolo do anarquismo em protestos, em Londres.
Manifestantes usam símbolo do anarquismo em protestos contra a polícia e a Suprema Corte, em Londres.[1]

O anarquismo é uma teoria política que defende a abolição de todas as formas de autoridade, especialmente o Estado, propondo uma sociedade baseada na cooperação voluntária e autogestão. Diferente do capitalismo e do socialismo marxista-leninista, o anarquismo busca uma síntese entre liberdade individual e igualdade social, acreditando que uma sociedade sem governo pode se organizar por meio de associações voluntárias e apoio mútuo.

Suas raízes remontam ao século XIX, com pensadores como Pierre-Joseph Proudhon, Mikhail Bakunin e Piotr Kropotkin, que desenvolveram ideias sobre mutualismo e a rejeição ao Estado. Apresenta diversas vertentes, como o anarco-comunismo, o anarco-sindicalismo, o mutualismo e o anarco-individualismo. Em uma sociedade anarquista ideal, as decisões seriam tomadas por assembleias locais autogeridas e a economia seria organizada coletivamente com base nas necessidades das pessoas.

Leia também: Afinal, comunismo e socialismo são a mesma coisa?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre anarquismo

  • O anarquismo é uma teoria política que defende a abolição de todas as formas de autoridade, principalmente o Estado.
  • Propõe uma sociedade baseada na cooperação voluntária e autogestão e busca uma síntese entre liberdade individual e igualdade social.
  • Os anarquistas acreditam que uma sociedade sem governo pode se organizar por meio de associações voluntárias baseadas em solidariedade e apoio mútuo.
  • Anarco-comunismo, anarco-sindicalismo, mutualismo e anarco-individualismo são algumas correntes do anarquismo.
  • Todas as correntes têm em comum o objetivo de abolir o Estado e a autoridade hierárquica.

Videoaula sobre anarquismo

O que é anarquismo?

O anarquismo é uma teoria política que defende a abolição de todas as formas de autoridade imposta, especialmente o Estado, propondo uma sociedade baseada na cooperação voluntária e na autogestão. A palavra “anarquia” vem do grego anarchia ou anarkhia, que significa “sem governo” ou “ausência de poder”.

Os anarquistas acreditam que a ausência de um governo centralizado não leva ao caos, mas sim a uma ordem social melhor do que as ordens idealizadas por liberais e socialistas, uma sociedade mais justa e equitativa, em que a liberdade individual e a igualdade social coexistem plenamente. Para os anarquistas, a verdadeira liberdade só pode ser alcançada quando não há opressão ou hierarquia política, econômica ou social.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

A proposta anarquista rejeita tanto o capitalismo quanto o socialismo revolucionário, como o marxismo-leninista. Ao contrário dos liberais, que defendem a liberdade individual sem necessariamente garantir igualdade, e dos socialistas autoritários, que priorizam a igualdade sob um governo centralizado, os anarquistas buscam uma síntese entre liberdade e igualdade. Eles acreditam que uma sociedade sem governo pode se organizar por meio de associações voluntárias baseadas em princípios de solidariedade e apoio mútuo.

Além disso, o anarquismo não é uma doutrina rígida com dogmas inalteráveis. Pelo contrário, trata-se de um conjunto de ideias abertas ao debate e à adaptação conforme as necessidades sociais. Isso reflete sua natureza pluralista e descentralizada, permitindo diferentes interpretações e práticas dentro do movimento.

Veja também: Qual é a diferença entre Estado, nação e governo?

Origem e história do anarquismo

A origem e história do anarquismo como movimento político organizado localiza-se no século XIX, embora suas raízes possam ser rastreadas até ideias filosóficas anteriores sobre a liberdade individual e a crítica ao poder autoritário. O termo “anarquista” foi inicialmente usado como um insulto durante as Revoluções Inglesa e Francesa, dos séculos XVII e XVIII, para descrever aqueles que supostamente defendiam o caos.

No entanto, foi apenas em meados do século XIX que pensadores como Pierre-Joseph Proudhon começaram a se identificar positivamente com o termo. Proudhon é amplamente considerado o primeiro teórico do anarquismo moderno, especialmente após sua famosa declaração “A propriedade é roubo”. Ele propôs uma sociedade baseada no mutualismo, em que pequenos produtores cooperariam sem necessidade de um Estado centralizado.

Outros pensadores importantes incluem Mikhail Bakunin e Piotr Kropotkin. Bakunin foi fundamental na criação da Aliança da Democracia Socialista (ADS) em 1868 e na propagação das ideias anarquistas dentro da Primeira Internacional dos Trabalhadores (AIT), enquanto Kropotkin desenvolveu teorias sobre apoio mútuo como base para a organização social.

Mikhail Bakunin, importante teórico do anarquismo.
Mikhail Bakunin, importante teórico do anarquismo.[2]

O movimento anarquista cresceu em várias partes do mundo no final do século XIX e início do século XX, especialmente na Europa e América Latina. No entanto, enfrentou repressão severa por parte de governos autoritários e democráticos. Mesmo assim, suas ideias continuaram a influenciar movimentos sociais ao longo do século XX, incluindo o anarco-sindicalismo e as lutas anticoloniais.

Características do anarquismo

O anarquismo tem várias características centrais que o diferenciam de outras ideologias políticas. A primeira delas é sua oposição radical à autoridade centralizada em qualquer forma — política (Estado), econômica (capitalismo) ou religiosa (Igreja). Para os anarquistas, toda forma de autoridade hierárquica é vista como opressiva e desnecessária. Em vez disso, eles propõem uma organização social baseada na cooperação voluntária entre indivíduos livres.

Outra característica importante é o princípio da autogestão. Os anarquistas acreditam que as decisões devem ser tomadas diretamente pelas pessoas afetadas por elas, sem intermediários ou representantes eleitos. Isso se traduz em práticas como assembleias populares para tomada de decisões coletivas e o controle direto dos meios de produção pelos próprios trabalhadores. A descentralização é fundamental para essa visão: as comunidades devem ser autônomas e federadas entre si com base em interesses comuns.

Carro de polícia incendiado por anarquistas em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Carro de polícia incendiado por anarquistas em Los Angeles, nos EUA, em ação de enfrentamento contra a violência policial.[3]

Por fim, o apoio mútuo é um conceito central no pensamento anarquista. Inspirado pelas teorias de Kropotkin sobre cooperação natural entre os seres vivos, os anarquistas acreditam que os seres humanos são naturalmente inclinados à solidariedade quando não estão sob coerção. Esse princípio se manifesta tanto nas relações econômicas quanto nas sociais: em vez de competição individualista ou controle estatal da economia, os recursos seriam compartilhados com base nas necessidades coletivas.

Tipos de anarquismo

Os tipos de anarquismo revelam que não se trata de uma ideologia monolítica, pois existem várias correntes dentro do movimento que diferem em suas estratégias para alcançar uma sociedade sem governo. Entre as principais vertentes, estão:

  • Anarco-comunismo: defende a abolição tanto do Estado quanto da propriedade privada dos meios de produção. A produção seria organizada coletivamente com base nas necessidades das pessoas em vez do lucro.
  • Anarco-sindicalismo: focaliza no movimento operário, acredita que os sindicatos são ferramentas fundamentais para derrubar o capitalismo e o Estado por meio da ação direta dos trabalhadores.
  • Mutualismo: proposto por Proudhon, defende um sistema econômico no qual pequenos produtores trocam bens entre si com base no valor-trabalho.
  • Anarco-individualismo: enfatiza a autonomia individual acima de tudo e rejeita qualquer forma de organização coletiva obrigatória.

Essas correntes compartilham o objetivo comum de abolir o Estado e outras formas de autoridade hierárquica, mas diferem quanto aos meios para alcançar esse fim.

Como funciona o sistema anarquista?

Em uma sociedade anarquista ideal, não haveria um governo centralizado ou hierarquia formal. As decisões seriam tomadas diretamente pelas pessoas envolvidas por meio de assembleias locais ou conselhos comunitários autogeridos. Essas assembleias seriam responsáveis por coordenar todas as atividades sociais — desde a produção até a educação — com base nos princípios da democracia direta.

A economia seria organizada coletivamente com base nas necessidades das pessoas em vez do lucro privado ou controle estatal. Os meios de produção seriam controlados diretamente pelos trabalhadores por meio de cooperativas autogeridas ou comunas federadas entre si. A propriedade privada seria abolida no sentido capitalista (exploração para acumulação e vice-versa), mas haveria espaço para bens pessoais.

A coordenação entre diferentes comunidades seria feita por meio do federalismo libertário: grupos autônomos se uniriam voluntariamente para resolver questões comuns sem perder sua independência local.

Países anarquistas

O movimento curdo na Síria, especialmente nas regiões conhecidas como Rojava, tem sido um dos exemplos contemporâneos mais notáveis de um sistema inspirado em princípios anarquistas.

Durante a Guerra Civil Síria, iniciada em 2011, os curdos estabeleceram uma forma de governo chamada confederalismo democrático, teorizada por Abdullah Öcalan, líder do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Essa teoria rejeita o modelo tradicional de Estado-nação e propõe uma organização social baseada na autonomia local, democracia direta e igualdade de gênero.

O confederalismo democrático em Rojava é estruturado em torno de comunas autônomas que se organizam em níveis federados para lidar com questões regionais mais amplas. As comunas são formadas por assembleias populares que tomam decisões coletivas sobre questões locais, como educação, saúde e segurança.

Esse modelo reflete os ideais anarquistas de descentralização do poder e autogestão comunitária. Além disso, as comunas promovem a participação igualitária das mulheres em todos os aspectos da vida política e social, algo que é central tanto para o movimento curdo quanto para o anarquismo.

Outro aspecto importante do sistema em Rojava é sua abordagem ecológica e cooperativa da economia. Em vez de depender do capitalismo tradicional ou do controle estatal dos recursos, as comunidades curdas têm buscado desenvolver um sistema econômico baseado em cooperativas autogeridas que priorizam as necessidades das pessoas sobre o lucro.

Embora o contexto geopolítico complexo da região tenha imposto desafios significativos ao projeto curdo, Rojava continua sendo uma experiência viva de aplicação prática dos princípios anarquistas e libertários em uma sociedade contemporânea.

Embora nunca tenha existido países anarquistas, que tenham sido completamente governados por princípios anarquistas por longos períodos, houve experiências históricas significativas nas quais ideias anarquistas foram colocadas em prática. Uma delas ocorreu durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), quando grandes áreas da Catalunha foram organizadas segundo princípios anarco-sindicalistas, com fábricas geridas pelos trabalhadores e terras coletivizadas por camponeses.

Outra experiência anarquista foi tentada pelo revolucionário ucraniano Nestor Makhno. Durante a Guerra Civil Russa (1917-1921), especialmente no sul da Ucrânia, Makhno liderou o Exército Insurgente Revolucionário da Ucrânia, também conhecido como os “makhnovistas”, que lutou tanto contra as forças bolcheviques quanto contra os exércitos brancos monarquistas.

Makhno defendia uma sociedade baseada no anarquismo comunal, em que as terras seriam coletivizadas e geridas pelos próprios camponeses por meio de comunas livres.

Soldados do exército ucraniano liderado por Makhno segurando bandeira com ideais anarquistas.
Soldados do exército ucraniano liderado por Makhno segurando bandeira com ideais anarquistas.

A experiência makhnovista foi única porque tentou implementar um sistema libertário em meio ao caos da guerra civil. As áreas controladas pelos makhnovistas eram organizadas segundo princípios anarquistas: não havia um governo centralizado ou hierarquia formal; as decisões eram tomadas por meio de assembleias populares locais; e os recursos eram compartilhados entre as comunidades com base nas necessidades coletivas.

Makhno também defendia a autonomia completa das comunas camponesas em relação ao Estado soviético emergente. No entanto, a experiência makhnovista foi encerrada pelo Exército Vermelho, que esmagou o movimento em 1921, marcando o fim dessa tentativa revolucionária anarquista na Ucrânia.

Diferenças entre anarquismo e socialismo

A diferença fundamental entre anarquismo e socialismo reside na forma como cada ideologia lida com o Estado e a autoridade. O anarquismo defende a abolição completa do Estado e de todas as formas de autoridade hierárquica, propondo uma sociedade baseada na autogestão, na cooperação voluntária e na liberdade individual plena.

Para os anarquistas, qualquer forma de governo ou de poder centralizado é opressiva e deve ser eliminada para que as verdadeiras liberdade e igualdade possam florescer. O anarquismo defende que a organização social pode ser feita de maneira descentralizada, por meio de associações livres e voluntárias, sem a necessidade de um Estado que imponha regras ou controle à sociedade.

Por outro lado, o socialismo, especialmente em suas vertentes marxistas-leninistas, vê o Estado como um instrumento necessário para a transição de uma sociedade capitalista para uma sociedade comunista. Os socialistas defendem que o Estado deve ser controlado pela classe trabalhadora (governo do proletariado) durante um período de transição para garantir a abolição das classes sociais e a redistribuição dos meios de produção. Somente após essa fase, o Estado seria extinto, segundo a teoria marxista.

Portanto, enquanto os anarquistas rejeitam qualquer forma de autoridade estatal desde o início, os socialistas veem o Estado como um mal necessário temporário para alcançar seus objetivos.

Em resumo, a principal diferença entre essas duas correntes é que o anarquismo busca uma revolução imediata contra todas as formas de poder centralizado e hierárquico, enquanto o socialismo tradicionalmente aceita o uso do Estado como ferramenta para implementar mudanças sociais antes da sua eventual extinção.

Anarquismo e fascismo

Anarquia e fascismo são ideologias diametralmente opostas. Enquanto o fascismo promove um Estado forte e centralizado baseado na supremacia racial, nacionalista ou religiosa, o anarquismo rejeita todas as formas de autoridade coercitiva — incluindo nacionalismos excludentes — em favor da solidariedade internacional entre povos.

Além disso, enquanto o anarquismo deseja acabar com o atual sistema econômico, o fascismo busca reforçá-lo dentro de uma ordem política autoritária. O fascismo é um aliado da burguesia e defende a propriedade privada, o anarquismo rejeita as duas coisas.

Durante os anos 1930 na Europa (especialmente na Espanha), houve confrontos diretos entre movimentos fascistas emergentes (como os falangistas) e grupos anarco-sindicalistas. O mesmo aconteceu no Brasil durante a chamada Era Vargas (1930-1945).

Saiba mais: Como foi a formação da classe operária brasileira

Anarquismo no Brasil

O anarquismo no Brasil teve um desenvolvimento peculiar, marcado pela influência de imigrantes europeus e suas ideias libertárias, especialmente a partir do final do século XIX. O movimento anarquista brasileiro foi fortemente influenciado por correntes anarco-sindicalistas que se desenvolveram na Europa, principalmente na Espanha e na Itália.

Esses imigrantes trouxeram consigo uma forte tradição de luta operária e sindical, que encontrou terreno fértil em um país que começava a se industrializar e onde as condições de trabalho eram extremamente precárias para a classe trabalhadora.

Reunião do primeiro congresso realizado pela Confederação Operária Brasileira, em 1906, um marco do anarquismo no Brasil.
Reunião do primeiro congresso realizado pela Confederação Operária Brasileira, em 1906, um marco do anarquismo no Brasil.

Durante o início do século XX, o anarquismo se consolidou como uma força importante dentro do movimento operário brasileiro. As ideias anarquistas se difundiram principalmente nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde havia uma concentração maior de operários.

O movimento anarco-sindicalista defendeu a ação direta dos trabalhadores, sem intermediários, e a criação de sindicatos autônomos do Estado e dos patrões. Um marco importante foi a fundação da Confederação Operária Brasileira (COB) em 1906, que adotou o sindicalismo revolucionário como sua estratégia principal.

No entanto, o movimento anarquista brasileiro enfrentou forte repressão ao longo de sua história. A partir da década de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder e a implementação de políticas trabalhistas centralizadoras, o movimento anarquista sofreu um duro golpe. O Estado Novo (1937-1945) reprimiu severamente os sindicatos independentes e os movimentos sociais que não se alinhavam ao governo, incluindo os anarquistas.

Mesmo assim, o anarquismo continuou presente em atividades culturais e na resistência contra o autoritarismo durante as ditaduras que marcaram o Brasil no século XX. Saiba mais sobre o anarquismo no Brasil clicando aqui.

→ Videoaula sobre anarquismo no Brasil

Anarquismo no mundo

O anarquismo, enquanto movimento político e filosófico, tem suas raízes no século XIX, quando começou a se consolidar com o desenvolvimento do capitalismo industrial e as lutas operárias que surgiram em resposta às condições de exploração dos trabalhadores. O marco inicial do movimento anarquista moderno é frequentemente associado à figura de Pierre-Joseph Proudhon, que em 1840 publicou O que é a propriedade?, em que argumentou o seguinte:

Se eu tivesse que responder à seguinte pergunta: O que é a escravatura? e respondesse sem hesitar: É o assassínio, o meu pensamento ficaria perfeitamente expresso. Não precisarei de fazer um grande discurso para mostrar que o poder de privar o homem do pensamento, da vontade e da personalidade, é um poder de vida e morte e que fazer de um homem escravo equivale a assassiná-lo.

Por que, então, a essa outra pergunta: O que é a propriedade? não posso responder simplesmente: É o roubo, ficando com a certeza de que me entendem, embora esta segunda proposição não seja mais que a primeira, transformada?

Além de argumentar que a propriedade é roubo, Proudhon defendia o mutualismo, uma forma de organização econômica baseada na cooperação voluntária entre pequenos produtores.

Outro nome fundamental é Mikhail Bakunin, que se destacou na Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), também conhecida como Primeira Internacional. Bakunin foi um crítico ferrenho de Karl Marx e do socialismo revolucionário, considerado por ele autoritário, defendendo a abolição imediata do Estado e a revolução via ação direta das massas trabalhadoras.

No final do século XIX e início do século XX, o anarquismo se espalhou por várias partes do mundo, especialmente na Europa e nas Américas. Movimentos anarquistas ganharam força em países como Espanha, Itália, França e Argentina. Na Espanha, o anarquismo teve um impacto profundo durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), quando grandes áreas da Catalunha foram organizadas segundo princípios anarco-sindicalistas.

Na Rússia, apesar da Revolução de 1917 ter sido dominada pelos bolcheviques marxistas, houve tentativas de implementar comunas anarquistas na Ucrânia sob a liderança de Nestor Makhno.

A partir da segunda metade do século XX, o anarquismo passou por uma revitalização durante os movimentos contraculturais dos anos 1960 e 1970. As lutas pelos direitos civis nos Estados Unidos, os protestos estudantis de 1968 na Europa e os movimentos feministas encontraram no anarquismo uma fonte de inspiração para suas demandas por liberdade individual e coletiva. A crítica ao autoritarismo estatal também ressoou fortemente entre os jovens ativistas que rejeitavam tanto o capitalismo quanto as formas autoritárias de socialismo.

Nos anos mais recentes, o anarquismo tem ressurgido como uma força dentro dos movimentos antiglobalização e anticapitalistas. Um exemplo notável é o movimento zapatista no México (1994), que combina elementos de autonomia indígena com princípios libertários de autogestão comunitária.

Outro exemplo contemporâneo é a experiência das comunidades curdas no norte da Síria (Rojava), onde práticas inspiradas no confederalismo democrático — influenciado pelas teorias libertárias — têm sido implementadas em meio à Guerra Civil Síria.

Créditos das imagens

[1] Loredana Sangiuliano/ Shutterstock

[2] Dylanhatfield/ Shutterstock

[3] Hayk_Shalunts/ Shutterstock

Fontes

BAKUNIN, Mikhail. Deus e o Estado. São Paulo: Editora Imaginário, 2003.

PROUDHON, Pierre-Joseph. O que é a Propriedade? São Paulo: Martins Fontes, 2007.

KROPOTKIN, Piotr. Apoio Mútuo: Um Fator de Evolução. São Paulo: Editora Imaginário, 2000.

WALTER, Nicolas. Do Anarquismo. Lisboa: Edições do Apoio Mútuo, 1982.

Por: Rafael Pereira da Silva Mendes

Artigos relacionados

Anarquismo no Brasil

Como o anarquismo chegou ao Brasil.

Comunismo

Acesse este texto para saber mais detalhes sobre o comunismo. Entenda o que é, o que propõe, como surgiu e se já existiram nações comunistas na história.

Emiliano Zapata

Clique aqui e conheça a biografia de Emiliano Zapata, uma figura central na Revolução Mexicana.

Era Vargas

Clique no link e veja detalhes a respeito da Era Vargas, período de 15 anos no qual o Brasil foi governado por Getúlio Vargas.

Estado Novo

Entenda o que foi o Estado Novo e a sua importância para a compreensão da Era Vargas no contexto da República Brasileira.

Fascismo

Acesse e veja as principais características do fascismo. Entenda também como Benito Mussolini chegou ao poder na Itália e conheça a Ação Integralista Brasileira.

Fascismo na Itália

Entenda o que foi e como surgiu o fascismo na Itália, bem como suas consequências para o período.

Formas de governo

Entenda o que são formas de governo, como são classificadas e como funcionam. Conheça formas e sistemas de governo exercidos no Brasil e no mundo.

Industrialização do Brasil na República Oligárquica

Em paralelo à economia cafeeira, a industrialização na República Oligárquica alterou profundamente a sociedade brasileira, gerando as crises de 1920.

Karl Marx

Conheça um pouco sobre Karl Marx, um dos fundadores da Sociologia clássica, criador do socialismo científico e grande pensador crítico do capitalismo.

Movimento operário brasileiro na República Oligárquica

Saiba mais sobre o surgimento do movimento operário brasileiro durante a República Oligárquica.

Revolução Russa

Acesse o site e conheça mais sobre a Revolução Russa. Acompanhe os eventos que levaram os bolcheviques ao poder. Entenda as consequências dessa revolução.

Socialismo

Clique e acesse o texto para conhecer detalhes sobre o socialismo. Entenda o que é e quando surgiu. Conheça duas vertentes e o que foi o socialismo real.

Socialismo utópico

Clique no link e veja mais detalhes sobre o socialismo utópico. Entenda o que era, conheça seus pensadores e veja sua diferença com o socialismo científico.