Apesar dos efeitos nocivos da radioatividade, ela possui amplas aplicações benéficas na medicina. Atualmente, mais de uma centena de isótopos radioativos são usados nas mais diversas áreas da medicina, chegando ao ponto de inaugurar uma nova área de trabalho e pesquisa, denominada de Medicina Nuclear.
Alguns termos já se tornaram comuns em nosso vocabulário, tais como: radiologia, raios X, radioterapia, quimioterapia, ressonância magnética, ultrassonografia, tomografia computadorizada, e assim por diante.
Veja algumas das principais aplicações da radioatividade na medicina:
- Raios X:
O uso mais corriqueiro da radioatividade na medicina é no caso dos raios X. Eles foram descobertos em 1895 e o fato de que com eles era possível ver os ossos e os dentes trouxe comoção geral. A medicina debruçou-se de imediato sobre as possibilidades de tal descoberta. Hoje eles são usados para tirar radiografias e diagnosticar fraturas ou lesões nos ossos.
A exposição excessiva a esses raios pode causar sérios danos à saúde. Assim, os profissionais que realizam esse tipo de exame devem usar um avental de chumbo, manterem-se afastados do equipamento no momento do disparo e realizar exames periódicos para verificar o nível de radiação recebida. Além disso, mulheres grávidas não devem realizar radiografia do abdome ou da bacia. Mulheres em idade fértil devem fazer o exame quando estiverem menstruadas, do contrário, precisam proteger os órgãos sexuais com um avental de chumbo.
As outras pessoas não precisam se preocupar em realizar esse tipo de exame.
- Radiofármacos e radiotraçadores:
Os radiofármacos são moléculas ligadas a elementos radioativos (radioisótopos ou radionuclídeos) que são usados no diagnóstico e tratamento de seres vivos. Os radioisótopos artificiais usados nos radiofármacos são utilizados em quantidades de traços, sendo chamados de radiotraçadores ou traçadores radioativos.
Eles são usados para realizar um mapeamento dos órgãos, pois eles possuem a capacidade de se transportar pelo corpo e se concentrar em determinados tecidos. Assim, eles podem ser usados para duas finalidades: diagnosticar patologias e disfunções do organismo e na terapia de doenças, particularmente no tratamento de tumores radiossensíveis.
- Diagnósticos:
No diagnóstico de patologias, o paciente recebe uma dose de determinado radiofármaco e visto que os radiotraçadores emitem radiações, elas são detectadas por meio de um equipamento chamado câmara gama ou câmara de cintilação, que converte a radiação em uma imagem cintilográfica ou em plano único, que representa o órgão ou sistema avaliado.
Mas, as câmaras de cintilação podem estar associadas a tomógrafos que produzem imagens que possibilitam estudar o órgão em toda a sua profundidade. Essas imagens são denominadas SPECT (sigla do inglês “Single Photon Emission Computer Tomography”, ou seja, Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único). Há também o PET (sigla do inglês, pósitron emission tomography, isto é, Tomografia por Emissão de Pósitron) que permite a obtenção de imagens do processo bioquímico do tecido ou órgão in vivo, ou seja, por meio do metabolismo celular é possível distinguir lesões benignas de malignas.
Um exemplo de elemento radiotraçador é o tecnécio-99, utilizado no diagnóstico de diversas doenças, principalmente as relacionadas com o músculo cardíaco. Ele emite radicações gama que são detectadas pelo contador de cintilação. Sua vantagem é ter uma meia-vida curta (6,02 horas); assim, a emissão gama ocorre por um pequeno espaço de tempo, sem que haja danos significativos ao paciente.
No entanto, ele não é um exame de rotina e possui um preço muito elevado, sendo feito somente quando a gravidade da doença justifica a exposição à radiação. A seguir, temos a imagem de cinco geradores de tecnécio que são feitos sob encomenda.
- Tratamentos:
O radioisótopo iodo-131 é usado tanto na avaliação, quanto na terapia do câncer de tireoide. Ele se acumula nesse órgão e emite radiações gama que destroem as células cancerígenas que estão mais fragilizadas que as células saudáveis.
O samário-153 é usado no tratamento de câncer ósseo, emitindo radiação beta e gama, além de atuar como analgésico, diminuindo a dor causada pela disseminação do câncer.
O gálio-67 é útil na detecção de regiões que estão acometidas por tumores e existem ainda muitos outros radioisótopos que são usados.
Para cada enfermidade ou avaliação médica, a escolha do radioisótopo, da quantidade aplicada e da forma como é utilizada deve ter, como critério, a relação risco-benefício.