“Gás lacrimogênio” é um termo genérico que deriva do latim lacrima, que significa “lágrima” e que é usado para designar vários tipos de compostos que provocam uma reação involuntária de lacrimejo nos olhos e forte irritação nas terminações nervosas da pele e nas vias respiratórias.
O principal composto usado como gás lacrimogênio é o chamado gás CS, sigla usada para se referir ao 2-clorobenzilideno malonitrila, cuja fórmula está representada abaixo:
O CS é um sólido branco que derrete a 96ºC e que, para ser usado, deve ser dissolvido em um solvente determinado e seguro, como uma solução de 5% em metilisobutil cetona. Ele não é solúvel na água, por isso ela não é usada. Além do tipo spray, o gás lacrimogênio é usado também na forma de granadas.
Outros compostos muito utilizados como gases lacrimogênios são os haletos orgânicos (compostos que possuem um átomo de halogênio (flúor, cloro, bromo ou iodo) ligado a uma cadeia carbônica); mais especificamente os haletos ácidos ou haletos de acila, que são compostos derivados dos haletos orgânicos que possuem o seguinte grupo funcional:
Em que: X = F, Cl, Br, I.
Um dos mais usados pela Polícia Militar é o a α-cloroacetofenona (também chamado de gás CN). Outros que também são usados são a cloropropanona e o cianeto de bromobenzila (BBC):
Exemplo de composto (α-cloroacetofenona) usado como gás lacrimogênio
Essas substâncias irritantes oculares começaram a ser estudadas e utilizadas durante a Primeira Guerra Mundial, sendo que a maior parte foi descoberta no início do século 20. O gás lacrimogênio é considerado uma arma química, embora não seja uma toxina perigosa e não seja considerado letal. O seu maior perigo é para pessoas que possuem problemas cardíacos e respiratórios, tais como a asma.
Atualmente, o gás lacrimogênio é muito utilizado por policiais para imobilizar criminosos ou para dispersar aglomerações em manifestações de rua.
Manifestantes cercados por gás lacrimogênio durante as manifestações em apoio a greve dos professores[2]
O efeito de lacrimejamento dos olhos ocorre porque todos esses compostos atuam no terminal nervoso da membrana mucosa do olho, que é uma área bastante sensível. Eles ligam-se a certas enzimas, interagindo com os seus sítios ativos e fazendo com que elas produzam grande quantidade de lágrimas para expulsar as moléculas invasoras.
No entanto, basta a pessoa se afastar do local onde o gás lacrimogênio foi atirado e ficar em uma área bem ventilada que a irritação ocular passa.
Alguns afirmam que o vinagre (solução de ácido acético) é capaz de combater os efeitos do gás lacrimogênio. No entanto, isso não é comprovado cientificamente, além do que o vinagre pode, pelo contrário, causar irritação na pele, nariz e boca da pessoa.
* Crédito das imagens: