Descarte correto de pilhas e baterias na Rio +20

As pilhas devem receber um descarte diferente do lixo comum, visando sua reciclagem
As pilhas devem receber um descarte diferente do lixo comum, visando sua reciclagem

Na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, um dos temas debatidos é a gestão dos resíduos sólidos. A Organização do evento publicou em seu site oficial as estratégias que serão tomadas para diminuir ou compensar os impactos ambientais causados por esse evento.

Entre as medidas tomadas está a correta sinalização do descarte do lixo, com um sistema de coleta seletiva baseado em quatro fluxos básicos: recicláveis, não recicláveis, orgânicos, pilhas e baterias de celulares.

A preocupação com uma coleta separada para as pilhas e baterias não é sem importância, apesar de parecerem inofensivas, o descarte incorreto delas pode acarretar sérios problemas ambientais. Veja por que:

  • Problema ambiental das pilhas e baterias:

Na última década, o uso de aparelhos eletrônicos se proliferou de forma intensa e, em consequência, atualmente existe um mercado muito grande de pilhas e baterias dos mais diversos modelos, tamanhos e tipos. O Brasil produz cerca de 800 milhões de pilhas por ano, segundo dados da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica). Estima-se que cada brasileiro consuma menos de 5 pilhas comuns por ano.

Outro agravante é que o tempo de vida útil desses equipamentos é muito pequeno. Nos países desenvolvidos, essa vida útil caiu de seis para apenas dois anos entre 1997 e 2005. Por exemplo, a cada ano, 1,5 bilhão de celulares são substituídos; então, imagine quantas baterias de celulares são descartadas anualmente.

O período de vida útil dos celulares é muito pequeno

O resultado de tudo isso é que por desinformação, por descuido ou por falta de políticas públicas de gestão desse tipo de resíduos, os consumidores descartam as pilhas e as baterias (bem como os aparelhos eletrônicos) no lixo comum.

O problema do descarte desses materiais é que muitas pilhas utilizam metais pesados, que são aqueles considerados tóxicos, corrosivos e reativos, agredindo demasiadamente o ambiente, tais como mercúrio, chumbo, cádmio e níquel.

Nos lixões ou nos aterros sanitários as pilhas e baterias se oxidam em resultado da exposição ao sol e à chuva. Com isso, o invólucro é rompido e os metais pesados se misturam ao chorume do lixo. A chuva leva esse líquido e os metais pesados penetram no solo, atingem o lençol freático, riachos e córregos. As plantas e produtos agrícolas são contaminados pelo solo ou pela sua irrigação. Com isso, os animais e as pessoas podem ingerir alimentos contaminados.

Bateriase pilhas em um centro de reciclagem em Fairfax, EUA – 2009.*
Bateriase pilhas em um centro de reciclagem em Fairfax, EUA – 2009.*

Os organismos vivos não conseguem eliminar esses metais pesados depois que são absorvidos, eles são cumulativos, ficando depositados em alguma parte do corpo e provocam uma série de complicações. Os efeitos à saúde causados por alguns desses metais são alistados abaixo:

Efeitos dos metais pesados sobre a saúde

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  • Como fazer o descarte correto:

Levando em conta o risco que o descarte inadequado de pilhas e baterias traz ao meio ambiente e ao ser humano, vários países têm se preocupado com essa questão. No Brasil o descarte e o gerenciamento ambientalmente adequado de pilhas e baterias usadas são disciplinados pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA.

Uma das legislações vigentes impõe a redução dos níveis de materiais tóxicos presentes nas pilhas e baterias. De acordo com a resolução do Conama, as pilhas que atendem aos limites estabelecidos por lei podem ser jogadas no lixo comum e levadas a aterros sanitários devidamente licenciados. Além disso, os fabricantes e importadores devem identificar os produtos, com registro na embalagem e os seguintes ícones que mostram que o produto pode ser descartado no lixo doméstico:

Se esse ícone aparecer na embalagem da pilha, ela pode ser jogada no lixo

Já no caso de pilhas que não possuem esse tipo de ícone e que possuem um símbolo de cesto de lixo cortado por um X, não devem ser lançadas no lixo comum, mas sim devolvidas ao vendedor, representante ou fabricante, para o descarte apropriado.

Infelizmente, porém, nem todas as pilhas seguem esse padrão, principalmente aquelas que chegam ao país por meio de contrabando. Ainda assim, mesmo que estejam de acordo com a legislação, são milhares de pilhas descartadas, que, juntas, somam uma quantidade considerável de substâncias tóxicas.

As baterias não podem ser jogadas no lixo doméstico

  • Reciclagem das pilhas e baterias no Brasil:

A reciclagem de pilhas no Brasil é feita somente por uma empresa (Suzaquim), que recicla 6 milhões de pilhas e baterias por ano (menos de 1% do total comercializado). O processo de reciclagem, resumidamente, passa pelas seguintes etapas:

1.      Seleção e separação de tipos de pilhas e baterias semelhantes que são enviados ao processo de reciclagem adequando;

2.      Separação da carcaça de plástico que é enviada para ser reciclada por outras empresas;

3.      Separação dos metais, como o aço, do pó químico, por meio da moagem. O aço é mandado para outras empresas de reciclagem;

4.      O pó químico passa por reações de precipitação em um reator químico;

5.      Filtragem e prensagem para separar líquidos e sólidos;

6.      Calcinação dos sólidos, isto é, decomposição de substância sem oxidação em um forno de calcinação ou calcinador;

7.      Nova moagem dos sólidos calcinados;

8.      São obtidos como produtos sais e óxidos metálicos usados em tintas, cerâmicas etc.;

9.      Os resíduos gerados nesse processo são tratados para não agredirem a natureza.

Além disso, no Brasil, algumas empresas de baterias de celulares recolhem esse material, enviando-os para empresas de reciclagem fora do Brasil, como a Umicore.


Créditos da imagem: Huguette RoeShutterstock.com

Por: Jennifer Rocha Vargas Fogaça

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