Os álcoois graxos são compostos bioquímicos de elevada massa molar. Eles são formados por monoálcoois primários de cadeia longa (com oito átomos de carbono ou mais), que pode ser saturada ou insaturada. Isso quer dizer que são álcoois que possuem somente um grupo hidroxila (OH) na cadeia carbônica, e ela está ligada a um carbono primário, ou seja, a um carbono que está ligado a apenas mais um átomo de carbono.
Eles são derivados de gorduras e óleos naturais (lípidios) vindos de plantas. Alguns também são produzidos em animais e em algas. Outro método de obtenção de álcoois graxos é chamado de Processo Alfol e é feito a partir do etileno proveniente do petróleo.
Veja um exemplo de álcool graxo, o oleílico, que possui 18 átomos de carbono na cadeia:
H3C ─ [CH2]7 ─ CH ═ CH ─ [CH2]7 ─ CH2 ─ OH
cadeia apolar extremidade polar
Os álcoois graxos que possuem mais de 16 átomos de carbono são denominados de álcoois graxos superiores.
Observe que, assim como no exemplo acima, todos os álcoois graxos possuem uma extremidade polar, que não se ioniza, o que significa que, em solução aquosa, não se dissociam para a formação de íons. Mas esse grupo OH é capaz de realizar ligações de hidrogênio com as moléculas de água que também são polares.
Por outro lado, a parte da cadeia carbônica que é apolar não interage com a água, mas é capaz de interagir com gorduras e óleos que também são apolares, realizando ligações do tipo dipolo induzido.
Em face dessas propriedades, os álcoois graxos funcionam como tensoativos (surfactantes) não iônicos, originando emulsões de óleo disperso na água. As emulsões são tipos de dispersões coloidais (coloides) que ocorrem entre dois líquidos que não se misturam. Por exemplo, a água e o óleo não se misturam, mas a adição de um tensoativo não iônico sob agitação pode fazer com que gotas de óleo de dimensões coloidais (as partículas dispersas possuem tamanho entre 1 nm e 1000nm) fiquem espalhadas na água, formando uma emulsão instável.
Nesse caso, os álcoois graxos funcionam como emulsificantes e são chamados de tensoativos porque diminuem a tensão superficial da água, facilitando a sua mistura com o óleo.
Desse modo, os álcoois graxos são usados como produtos intermediários para diferentes tipos de tensoativos em produtos de limpeza, na indústria técnica-química e de cosméticos, como solventes de graxas e ceras (que também são apolares), como veículos em pomadas farmacêuticas e como aditivos de óleos lubrificantes.
Os álcoois graxos são usados na produção de pomadas (emulsões) Título: Pomadas
Os principais derivados de álcoois graxos usados principalmente pela indústria de cosméticos e de produtos farmacêuticos como emulsificantes são os álcoois graxos etoxilados. Eles são obtidos por meio da reação de alcoxilação que ocorre entre álcoois graxos e óxido de eteno (sendo chamada também de etoxilação), com a presença de um catalisador alcalino, como as bases hidróxido de sódio e de potássio (NaOH e KOH). A molécula produzida possui uma parte hidrófoba, que é a cadeia carbônica do álcool ou do alquilfenol, e uma parte hidrófila, que é o éter poliglicólico.