Narrar, desde os mais remotos tempos, sempre representou uma atividade comunicativa inerente ao ser humano, haja vista que, vez ou outra, situamo-nos realizando esse tipo de modalidade, seja por meio da linguagem oral, seja por meio da escrita. Dessa forma, quando se fala em “narração”, logo se tem uma ideia de que uma diversidade de elementos coparticipa dessa atividade de interação, tais como: narrador, personagens, tempo, espaço, enredo, e como não fazermos menção ao discurso? Ele, por sua vez, representa, materializa a forma da qual o narrador faz uso para nos repassar a história em questão, podendo se manifestar de três formas distintas: de forma direta, indireta, ou ainda sob a modalidade a qual denominamos de discurso indireto livre.
Para sermos mais específicos, partindo de exemplos práticos, cotidianos, podemos tomar como ponto de partida o fato de uma pessoa ser entrevistada, ao vivo. As falas, portanto, serão transmitidas ao interlocutor tais quais elas se manifestam, sem quaisquer interferências de outra pessoa. Contudo, imagine-se assistindo a uma partida de futebol, por exemplo. Obviamente que tudo ali retratado será transmitido sob a voz de outra pessoa, a do narrador. Dessa forma, afirmamos que ele se coloca na condição de porta-voz e nos repassa acerca de todos os acontecimentos ali presenciados. Daí chegarmos à conclusão de que, partindo do primeiro exemplo, tem-se o discurso direto, bem como tomando como ponto de partida o segundo deles, o discurso indireto.
Assim, para que tudo fique muito bem esclarecido, analisemos alguns casos, os quais tão bem ilustram o que queremos dizer:
A professora disse aos alunos:
- Vocês fizeram a pesquisa?
Os alunos, apreensivos, disseram:
- Nossa professora, desculpe-nos, mas não encontramos nenhuma referência bibliográfica que tratasse do assunto sugerido.
A professora respondeu:
- Tudo bem, veremos um assunto mais acessível posteriormente.
Constatamos que o discurso se deu sob a forma direta, haja vista que as falas foram manifestadas da forma como se deram. Outro aspecto, que também emerge nessa questão, diz respeito aos sinais de pontuação, sobretudo o travessão para introduzi-las, bem como outro elemento, manifestado pelos chamados “verbos de elocução”, os quais introduzem as falas dos personagens.
Passemos adiante, analisando outro exemplo:
A professora indagou aos alunos se eles tinham feito a pesquisa que ela solicitara. Eles, por sua vez, responderam que não haviam encontrado nenhuma referência bibliográfica que versasse sobre o assunto em questão, foi quando ela respondeu que posteriormente escolheria outro, mais acessível.
Inferimos se tratar de um discurso indireto, haja vista que a ideia é a mesma anteriormente retratada, contudo, repassada ao interlocutor por intermédio de outra pessoa, o narrador, no caso.
Prosseguindo, temos:
Tudo bem, veremos um assunto mais acessível posteriormente. Essa foi a fala da professora ao ver que os alunos não haviam feito a pesquisa.
Notadamente constatamos que houve a fusão dos dois discursos: tanto do direto, referindo-se à fala da personagem, quanto do narrador. Dessa forma, afirmamos se tratar do discurso indireto livre.