Parnasianismo é um estilo de época surgido no contexto da Revolução Industrial e caracterizado pela objetividade e antirromantismo. Assim, a poesia parnasiana apresenta rigor formal e valorização da beleza. O escritor francês Leconte de Lisle, autor do livro Poemas antigos, publicado em 1852, é o principal autor do parnasianismo europeu.
No Brasil, o parnasianismo teve início com a publicação do livro Fanfarras, de Teófilo Dias, em 1882. No entanto, o principal poeta parnasiano brasileiro é Olavo Bilac. Já em Portugal, onde a poesia parnasiana dividiu espaço com a prosa realista, o principal poeta desse estilo é Cesário Verde.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre parnasianismo
- 2 - Videoaula sobre parnasianismo
- 3 - Características do parnasianismo
- 4 - Autores do parnasianismo
- 5 - Obras do parnasianismo
- 6 - Poemas do parnasianismo
- 7 - Parnasianismo no Brasil
- 8 - Parnasianismo em Portugal
- 9 - Contexto histórico do parnasianismo
- 10 - Exercícios resolvidos sobre parnasianismo
Resumo sobre parnasianismo
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O parnasianismo é um estilo de época que se opõe ao romantismo e apresenta uma poesia objetiva.
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Os principais autores do parnasianismo europeu são Leconte de Lisle e José María de Heredia.
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O parnasianismo no Brasil foi inaugurado em 1882, com o livro Fanfarras, de Teófilo Dias.
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A poesia parnasiana portuguesa está inserida no realismo-naturalismo, que vigorou de 1865 a 1900.
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O principal poeta parnasiano brasileiro é Olavo Bilac, autor do livro Poesias, de 1888.
Videoaula sobre parnasianismo
Características do parnasianismo
O parnasianismo é um estilo de época relacionado à poesia realista produzida no século XIX. Portanto, é antirromântico, pois é contrário ao sentimentalismo e também a qualquer elemento de caráter político. A alienação social na poesia parnasiana está associada à busca da beleza, tanto na forma quanto no conteúdo do poema.
E se essa poesia se recusa em falar dos problemas sociais da realidade, contrários ao que é belo, ela acaba se voltando para si mesma. Desse modo, ela é composta com rigor formal e objetividade. Além disso, recorre à metalinguagem em alguns casos e possui caráter descritivo.
É perceptível o afastamento do eu lírico, que não se mostra no texto e busca valorizar elementos antropocêntricos, comuns à Antiguidade. Assim, as referências greco-latinas são recorrentes na poesia parnasiana e também o uso do polissíndeto, ou seja, a repetição da conjunção “e”.
Autores do parnasianismo
Os principais autores parnasianos são:
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Leconte de Lisle (1818-1894) — francês.
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José María de Heredia (1842-1905) — cubano, naturalizado francês.
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Cesário Verde (1855-1886) — português.
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Olavo Bilac (1865-1918) — brasileiro.
Obras do parnasianismo
As principais obras parnasianas são os livros:
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Poemas antigos (1852), de Leconte de Lisle.
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Poesias (1888), de Olavo Bilac.
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Os troféus (1893), de José María de Heredia.
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O livro de Cesário Verde (1901), de Cesário Verde.
Poemas do parnasianismo
É do livro Poesias, de Olavo Bilac, o soneto “Guerreira”, composto em versos decassílabos. Nele, o eu lírico descreve, negativamente, uma mulher que não possui amor nem piedade. Ela tem o olhar de uma deusa, é altiva, ruiva e sarcástica. Segundo o eu lírico, só lhe faltam “a sangrenta espada” e um capacete de guerreira:
Guerreira
É a encarnação do mal. Pulsa-lhe o peito
Ermo de amor, deserto de piedade...
Tem o olhar de uma deusa e o altivo aspeito
Das cruentas guerreiras de outra idade.
O lábio ao ríctus do sarcasmo afeito
Crispa-se-lhe num riso de maldade,
Quando, talvez, as pompas, com despeito,
Recorda da perdida majestade.
E assim, com o seio ansioso, o porte erguido,
Corada a face, a ruiva cabeleira
Sobre as amplas espáduas derramada,
Faltam-lhe apenas a sangrenta espada
Inda rubra da guerra derradeira,
E o capacete de metal polido.|1|
Já o poema “De tarde”, também composto em versos decassílabos, da obra O livro de Cesário Verde, é narrativo e descritivo. O eu lírico fala de um “piquenique de burguesas”, em que acontece “uma coisa simplesmente bela”: um “ramalhete rubro de papoulas” é colhido pela interlocutora do eu lírico e depois sai da renda dos seios dela:
De tarde
Naquele piquenique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampamos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!|2|
Parnasianismo no Brasil
Em 1882, a publicação do livro Fanfarras, de Teófilo Dias (1854-1889), deu início ao parnasianismo no Brasil. A partir de então, a poesia parnasiana esteve em evidência no país até 1893, e seu grande representante é o poeta Olavo Bilac.
Além desses dois autores, o parnasianismo brasileiro conta também com:
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Alberto de Oliveira (1857-1937);
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Raimundo Correia (1859-1911);
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Vicente de Carvalho (1866-1924);
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Francisca Júlia (1871-1920).
Porém, a poesia parnasiana brasileira, caracterizada pelo seu rigor formal, muitas vezes rejeita a objetividade do estilo. Assim, o eu lírico mostra emoções, faz exclamações e se coloca na poesia, como é possível perceber nestas duas estrofes de Via-láctea, de Olavo Bilac:
Via-láctea
[...]
E logo, o olhar tornando compungido,
Atrás volve, saudosa do carinho,
Do calor da primeira habitação.
Assim por largo tempo andei perdido:
— Ah! que alegria ver de novo o ninho,
Ver-te, e beijar-te a pequenina mão!|3|
Parnasianismo em Portugal
Em Portugal, a poesia parnasiana está inserida no realismo-naturalismo português, que teve início em 1865 e término em 1900. Isso quer dizer que não houve uma divisão de caráter teórico entre a prosa e a poesia realistas de Portugal. Assim, os principais poetas realistas ou parnasianos portugueses são:
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João Penha (1838-1919);
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Gonçalves Crespo (1846-1883);
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Cesário Verde (1855-1886);
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António Feijó (1859-1917).
Contexto histórico do parnasianismo
O parnasianismo surgiu na Europa, no contexto da Revolução Industrial, em um século marcado por inovações tecnológicas como o barco a vapor, a locomotiva a vapor e o telégrafo. Porém, como consequência do crescimento econômico obtido pelo uso de máquinas na produção, houve um aumento da desigualdade social nas cidades.
Com a presença de máquinas no campo, muitos camponeses foram obrigados a migrar para os centros urbanos em busca de emprego nas fábricas, evento que recebe o nome de êxodo rural. O aumento da população nessas cidades acabou gerando miséria, doenças, crimes e prostituição. Os problemas sociais estavam evidentes e passaram a tematizar obras de escritores realistas.
Os poetas parnasianos, conscientes da impossibilidade de manutenção da estética romântica, pautada na idealização e fuga da realidade, passaram a produzir uma poesia racional e objetiva, condizente com a época. No entanto, os parnasianos deixaram de lado os aspectos desagradáveis da realidade em prol da beleza e da harmonia.
Saiba mais: Concretismo — um movimento artístico caracterizado pela objetividade e universalidade
Exercícios resolvidos sobre parnasianismo
Questão 1
Leia o soneto “Musa impassível II”, de Francisca Júlia:
Ó Musa, cujo olhar de pedra, que não chora,
Gela o sorriso ao lábio e as lágrimas estanca!
Dá-me que eu vá contigo, em liberdade franca,
Por esse grande espaço onde o Impassível mora.
Leva-me longe, ó Musa impassível e branca!
Longe, acima do mundo, imensidade em fora,
Onde, chamas lançando ao cortejo da aurora,
O áureo plaustro do sol nas nuvens solavanca.
Transporta-me, de vez, numa ascensão ardente,
À deliciosa paz dos Olímpicos-Lares,
Onde os deuses pagãos vivem eternamente,
E onde, num longo olhar, eu possa ver contigo
Passarem, através das brumas seculares,
Os Poetas e os Heróis do grande mundo antigo.
FRANCISCA JÚLIA. Poesias. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1961.
No poema, são características da poesia parnasiana, EXCETO:
A) rigor formal.
B) alienação social.
C) descritivismo.
D) referências greco-latinas.
E) afastamento do eu lírico.
Resolução:
Alternativa E
O soneto de Francisca Júlia apresenta rigor formal (metrificação e rimas), alienação social (evita temática sociopolítica), descritivismo (descreve a musa e os espaços) e referências greco-latinas (musa, olímpicos-lares, poetas e heróis do mundo antigo). Porém, não ocorre afastamento do eu lírico, pois ele se mostra no poema: “Dá-me que eu vá contigo”, “Leva-me longe”, “Transporta-me”, “eu possa ver contigo”.
Questão 2
Analise o poema “Pátria”, de Olavo Bilac:
Pátria, latejo em ti, no teu lenho, por onde
Círculo! e sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!
E, em seiva, ao teu clamor a minha voz responde,
E subo do teu cerne ao céu de galho em galho!
Dos teus líquens, dos teus cipós, da tua fronde,
Do ninho que gorjeia em teu doce agasalho,
Do fruto a amadurar que em teu seio se esconde,
De ti, — rebento em luz e em cânticos me espalho!
Vivo, choro em teu pranto; e, em teus dias felizes,
No alto, como uma flor, em ti, pompeio e exulto!
E eu, morto, — sendo tu cheia de cicatrizes,
Tu golpeada e insultada, — eu tremerei sepulto.
E os meus ossos no chão, como as tuas raízes,
Se estorcerão de dor, sofrendo o golpe e o insulto!
BILAC, Olavo. Tarde. In: ______. Antologia: poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002.
O polissíndeto, figura de linguagem comum em poemas parnasianos, pode ser apontado neste verso:
A) “Pátria, latejo em ti, no teu lenho, por onde”
B) “Círculo! e sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!”
C) “Dos teus líquens, dos teus cipós, da tua fronde,”
D) “Do ninho que gorjeia em teu doce agasalho,”
E) “Do fruto a amadurar que em teu seio se esconde,”
Resolução:
Alternativa B
O polissíndeto, isto é, a repetição da conjunção “e”, pode ser apontado neste verso: “Círculo! e sou perfume, e sombra, e sol, e orvalho!”.
Notas
|1| BILAC, Olavo. Poesias: edição definitiva. 2. ed. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1902.
|2| VERDE, Cesário. Obra completa de Cesário Verde. 4. ed. Organizada, prefaciada e anotada por Joel Serrão. Lisboa: Livros Horizonte, 1983.
|3| BILAC, Olavo. Poesias: edição definitiva. 2. ed. Rio de Janeiro: H. Garnier, 1902.