Paremiologia

Você sabe o que é paremiologia? A palavra paremiologia vem do grego paromia, que significa provérbio, parábola.

A paremiologia é o estudo dos provérbios ou, como comumente conhecemos, ditados populares
A paremiologia é o estudo dos provérbios ou, como comumente conhecemos, ditados populares

Você sabe o que é paremiologia?

Achou o nome estranho? Pois saiba que a paremiologia não é algo complicado de se entender. Trata-se de uma ciência que se dedica ao estudo dos provérbios ou, como preferimos dizer aqui no Brasil, dos ditados populares. A verdade é que os provérbios são um prato cheio para os estudiosos da linguagem, que neles veem infinitas possibilidades de estudos, que envolvem a linguística, a psicologia, a semiótica e até mesmo a didática de ensino de idiomas.

No Brasil, os adágios (mais um sinônimo para a palavra provérbio) estão comumente associados ao folclore, podendo variar bastante de região para região. Um ditado popular muito conhecido no Sul do país pode ser uma verdadeira incógnita para alguém que mora no Nordeste, por exemplo. Contudo, existem aqueles que são conhecidos por todos, cujas origens nem sempre são desvendadas pelos estudiosos. Fato é que eles surgem e são disseminados, repetidos à exaustão pelos falantes da língua portuguesa.

Os provérbios não são exclusividade da língua portuguesa, tampouco do Brasil. No entanto, aqui os ditados populares são, digamos, mais divertidos, pois são caracterizados pelo bom humor com que analisam a vida. Veja alguns exemplos que são bem populares e encontrados em diferentes cantos do país:

Deus ajuda quem cedo madruga.

De cavalo dado, não se olha os dentes.

Cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça.

Gato escaldado tem medo de água fria.

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

Quem tem pressa come cru.

Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.

Certamente você já ouviu a maioria desses adágios, espécies de pequenos discursos que sintetizam de maneira engraçada reflexões sobre o comportamento humano. Eles são encontrados até mesmo na literatura (reproduzidos ou inventados), basta correr os olhos sobre as obras de escritores como Machado de Assis, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa. Confira alguns:

O dinheiro não traz felicidade — para quem não sabe o que fazer com ele. (Machado de Assis)

Lágrimas não são argumentos. (Machado de Assis)

Creia em si, mas não duvide sempre dos outros. (Machado de Assis)

Todo abismo é navegável a barquinhos de papel. (Guimarães Rosa)

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A bonança nada tem a ver com a tempestade. (Guimarães Rosa)

Cara feia não bota ninguém para adiante. (Graciliano Ramos)

Todo caminho dá na venda. (Graciliano Ramos)

Papagaio come milho, periquito leva a fama. (Graciliano Ramos)

Os adágios podem ser reproduzidos conforme conhecemos, inventados ou até mesmo subvertidos. Millôr Fernandes - desenhista, humorista, escritor e jornalista brasileiro - adorava brincar com os provérbios, invertendo-os e criando interessantes efeitos de humor. Confira alguns:

Mais vale quem Deus ajuda do que quem cedo madruga.

O dinheiro não dá felicidade. Mas paga tudo o que ela gasta.

Mais vale um pássaro voando do que dois na mão envenenados por monóxido de carbono.

Desenhista, humorista, escritor e jornalista, Millôr Fernandes era mestre na arte de modernizar ditados populares
Desenhista, humorista, escritor e jornalista, Millôr Fernandes era mestre na arte de modernizar ditados populares

Millôr também era mestre na arte de “modernizar” provérbios. Confira suas “máximas” e boa leitura!

Aquele que se deixa prender sentimentalmente por criatura inteiramente destituída de dotes físicos, de encanto, ou graça, acha-a extraordinariamente dotada desses mesmos dotes que outros não lhe veem. ( ou “Quem ama o feio, bonito lhe parece”).

De unidade de cereal em unidade de cereal a ave de crista carnuda e asas curtas e largas da família das galináceas abarrota a bolsa que existe nessa espécie por uma dilatação do esôfago e na qual os alimentos permanecem algum tempo antes de passarem à moela. (ou “De grão em grão a galinha enche o papo”).

A criatura canonizada que vive em nosso próprio lar não é capaz de produzir efeito extraordinário que vá contra as leis fundamentais da natureza. (ou “Santo de casa não faz milagre”).

Quando o Sol está abaixo do horizonte, a totalidade dos animais domésticos da família dos Felídeos são de cor mescla entre branco e preto. (ou “À noite todos os gatos são pardos”).

O traje característico que usa não identifica fundamentalmente a pessoa que por fanatismo, misticismo ou cálculo se isola da sociedade levando vida austera e desligada das coisas mundanas. (ou “O hábito não faz o monge”)

Por: Luana Castro Alves Perez

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