Pago ou pagado?

Pago ou pagado? Eis a questão! O assunto é muito mais complicado do que parece, pois envolve um assunto polêmico: a aplicabilidade do particípio irregular.

Pago ou pagado? As duas formas são admitidas, contudo, alguns cuidados devem ser considerados
Pago ou pagado? As duas formas são admitidas, contudo, alguns cuidados devem ser considerados

Leia as frases a seguir:

Ela tinha pagado a fatura do cartão de crédito

ou

Ela tinha pago a fatura do cartão de crédito?

No seu dia a dia, qual é a forma que você mais utiliza, pago ou pagado? Você já ficou em dúvida sobre como e quando usar cada uma das formas do verbo pagar no particípio? Saiba que você não está sozinho, essa é uma dúvida de português frequente entre os falantes! O importante é saber que, nessa história, não existe certo ou errado, interessante mesmo é observar a “guerra” entre os particípios regular e irregular. Quer entender um pouco mais sobre o assunto? Acompanhe a explicação que o Alunos Online traz agora para você!

O particípio, ao lado do infinitivo e do gerúndio, é uma das três formas nominais do verbo. As formas nominais recebem esse nome porque nelas os verbos podem assumir, além de seu valor verbal, o valor de substantivo, advérbio ou adjetivo. O particípio pode apresentar-se sob duas modalidades: o particípio regular e o particípio irregular. Quando for regular, apresentará duas possíveis terminações: -ado, na 1ª conjugação, e -ido, na 2ª e 3ª conjugações. Quando for irregular, não receberá as terminações -ado e -ido, os verbos serão empregados na voz passiva ao lado dos verbos auxiliares ser e estar.

O problema é que alguns verbos apresentam as duas formas, a regular e a irregular, e é aqui que começa a história do “pago e pagado”. Assim como os verbos pegar, gastar e ganhar, o verbo pagar admite o uso nas duas formas, ou seja, você pode dizer “ele havia pagado a conta” ou “ele havia pago a conta”, tudo feito de acordo com as normas da língua portuguesa, sem correr o risco de cometer um deslize gramatical na modalidade escrita. Acontece que, embora as duas formas sejam admitidas, alguns estudiosos condenam o emprego do verbo pagar no particípio irregular. Entenda o porquê!

Alguns gramáticos, sobretudo os tradicionalistas, abominam o uso do particípio irregular, pois acreditam que essa forma é “fruto de um vício de linguagem”, portanto, “não deveria ser admitida nem na fala (como se fosse possível proibir o falante de falar) e nem na escrita”. Há também quem pense exatamente o contrário, esses últimos defendem que apenas o particípio irregular seja empregado, já que o particípio regular teria caído em desuso, transformando-se em uma forma obsoleta. Outros, mais atentos às variações linguísticas e às mudanças naturais desse organismo vivo chamado língua portuguesa e também menos afeitos a posicionamentos radicais, preferem relativizar a questão ao admitir o uso das duas formas.

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Nós do Alunos Online somos parte desse último grupo, pois acreditamos que as duas formas, pago e pagado, são válidas. Não há por que rejeitar as formas clássicas (pagado, pegado, gastado e ganhado), assim como não há por que invalidar o novo, que é, sobretudo no Brasil (haja vista o puritanismo linguístico dos portugueses), uma realidade (pago, pego, gasto e ganho). Para ajudá-lo(a) a fazer parte do time do bom senso, veja algumas regrinhas que facilitarão o emprego dessa forma nominal para os verbos abundantes:

1. Prefira o particípio regular nos tempos compostos com os auxiliares ter e haver:

Ela tinha pagado a fatura do cartão de crédito.

Ele havia pegado a conta.

Ele havia gastado todo o dinheiro.

Ela tinha ganhado a competição.

2. A forma irregular pode ser usada com qualquer verbo auxiliar (ser, estar, ter e haver):

A conta do cartão de crédito foi paga.

O dinheiro já havia sido gasto.

Os documentos foram pegos para a inscrição.

Ela havia ganho a competição.

Atenção!

Muitas pessoas acreditam que os verbos trazer e chegar são abundantes, isto é, admitem o particípio regular e irregular. Lembre-se de que esses dois verbos admitem apenas o particípio regular, ou seja, as formas clássicas: “ele tinha trazido o carro para consertar” e “ela já havia chegado em casa”. Trago e pego, nem pensar! Bons estudos!

Por: Luana Castro Alves Perez

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