Já fizemos abordagens distintas acerca do objeto direto. Dessa forma, em meio aos estudos que desenvolvemos sobre esse fato linguístico, internalizamos que ele recebe classificações um tanto quanto variadas, tais como pleonástico, interno, enfim, em todos os casos se fazem presentes algumas particularidades que o faz assim se classificar.
Por assim dizer, o intuito que direciona nosso estudo diz respeito a esse último (objeto direto interno), cuja característica principal se define pelo fato de ele se constituir por um substantivo cognato do verbo (possuir o mesmo radical) ou pertencer à mesma esfera semântica (relacionado ao significado) desse mesmo verbo. Nesse sentido, nada melhor que alguns casos representativos para nos esclarecer acerca de possíveis questionamentos, os quais poderão surgir ao longo dessa rica e proveitosa discussão. Observemos, portanto:
Eles viviam uma vida sossegada, até que tudo aconteceu.(substantivo cognato do verbo viver)
A princípio, uma primeira noção parece emergir, expressa pelo fato de estarmos tratando de uma construção pleonástica, redundante, ou seja, uma informação que traz consigo uma sobrecarga de informações, desnecessárias, acima de tudo. No entanto, a qualificação que se dá ao núcleo do objeto direto (‘vida sossegada’) faz com que as intenções de natureza estilística apareçam demarcadas de forma significativa. Somado a tais pressupostos, outro aspecto refere-se à condição do verbo viver, notadamente conceituado como intransitivo, ao adquirir o valor de transitivo direto.
Analisemos outra construção, a qual se apresenta sob o mesmo traço peculiar. Observe:
Dormimos um sono tranquilo.
Atestamos que o substantivo “sono” pertence à mesma esfera semântica do verbo dormir. Assim, chegamos à conclusão do porquê de se tratar, na verdade, não de um caso pleonástico, mas exatamente desse sobre o qual falamos (objeto direto interno).
Mencionando acerca do caráter estilístico, vale ressaltar que a ocorrência linguística em questão foi amplamente utilizada pelos grandes representantes de nossas letras, sobretudo na poesia.