O uso da vírgula se encontra entre os campeões, em se tratando dos muitos questionamentos acerca dos fatos que norteiam a língua. Dessa forma, somente compreenderemos o porquê dos muitos pressupostos, mais precisamente das muitas regras, quando levarmos em consideração alguns aspectos, tidos como essenciais. Um deles reside no fato de que o uso da vírgula, no que diz respeito à linguagem escrita, não se encontra condicionado àquelas pausas demarcadas pela oralidade. Tal fato se deve à condição de que ela (a fala) está isenta de quaisquer traços de convencionalismo, enquanto que o mesmo não ocorre na escrita.
Dado todo esse aspecto convencional, não temos outra escolha senão aceitar e sobretudo se familiarizar mediante o que postulam os fatos gramaticais. Por essa razão iniciemos desde agora, conhecendo um pouco mais sobre a presença ou não da vírgula no período composto por coordenação. Seguem evidenciadas abaixo algumas elucidações:
* Tendo em vista que o período em questão se constitui pelas orações coordenadas sindéticas (as que possuem conjunção) e pelas assindéticas (as que não a possuem), a vírgula sempre está presente nessas últimas (assindéticas). Vejamos o exemplo:
Parou, olhou, seguiu adiante.
Temos um período composto formado por três orações, embora destituídas de nenhum conectivo (conjunção).
* Com exceção das coordenadas sindéticas aditivas, as demais são todas demarcadas pelo uso da vírgula. Constatemos, pois:
- Precisou faltar à aula, porém justificou sua ausência. (oração coordenada sindética adversativa)
- Ou decide o que fazer com tudo isso, ou doarei para uma instituição de caridade. (oração coordenada sindética alternativa)
- Está chovendo bastante, logo dirija com cuidado. (oração coordenada sindética conclusiva)
- Não iremos ao cinema, pois não consegui sair mais cedo. (oração coordenada sindética explicativa)
Como antes afirmado, a vírgula não se encontra presente somente nas coordenadas aditivas, salvo em duas exceções, expressas a seguir:
* No caso de as orações serem constituídas por sujeitos distintos. Observe:
Marcos é o filho mais velho, e Paulo, o mais novo.
* Em casos nos quais se manifestam a intenção de enfatizar a mensagem por meio da repetição do conetivo “e” – fato que representa um recurso estilístico denominado de polissíndeto. Analisemos:
[...]
Vão chegando as burguesinhas pobres,
Eas criadas das burguesinhas ricas,
E mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza. (grifos nossos)
[...]
Fragmento extraído do poema “Balõezinhos”, de Manuel Bandeira.
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