Entre as muitas particularidades linguísticas proferidas pela gramática, há aquelas relacionadas aos sinais gráficos que, semelhantemente a tantas outras, desempenham funções específicas, tendo em vista as distintas circunstâncias que requerem a devida aplicabilidade.
E por ressaltar os sinais gráficos, o artigo em questão tem por finalidade discorrer acerca do hífen, uma vez caracterizado pelo fato de desempenhar múltiplas funções. Entre elas podemos destacar:
* Fazer a junção entre palavras compostas;
* Determinar a divisão silábica de vocábulos;
* Ligar algumas palavras precedidas de prefixos;
* Unir pronomes átonos a algumas formas verbais, como é o caso da ênclise e mesóclise, entre outras.
Contudo, há que se ressaltar alguns questionamentos em relação ao uso deste sinal, principalmente agora que, com o advento da nova reforma ortográfica, foi alvo de significativas mudanças, com as quais devemos estabelecer certa familiaridade. Dessa maneira, retrataremos de forma detalhada o que ainda permanece e o que passou a vigorar depois do evento já ressaltado. Assim, vejamos:
Ocorrências linguísticas manifestadas por este:
1) Utiliza-se o hífen quando o prefixo terminar em vogal e a segunda palavra começar com a mesma vogal:
Observações dignas de nota:
- Tal regra não se aplica aos prefixos “-co”, “-pro” e “-re”. Como podemos perceber por meio de alguns exemplos:
coobrigar – coordenar – reentrância – proinsulina...
- Nas palavras constituídas do prefixo “-pré”, no caso de este caracterizar-se como tônico:
pré-adolescente – pré-cozido – pré-natal – pré-pago...
- Entretanto, quando átono, o hífen deixa de existir, aglutinando-se ao segundo elemento:
preestabelecer – preexistência – preeminência...
- Algumas exceções, antes manifestadas, continuam a prevalecer. Assim como:
auto-observação – contra-almirante – contra-atacar...
2) O hífen encontra-se presente quando o segundo elemento é iniciado por “h”:
anti-higiênico – co-herdeiro – super-homem – extra-humano...
* Em palavras como “subumano” e “coabitar” o hífen aglutina-se ao prefixo.
3) No caso de o prefixo terminar por consoante e a segunda palavra começar pela mesma consoante, o hífen encontra-se demarcado. Perceba:
hiper-requintado – super-resistente – super-romântico...
4) Mediante o prefixo “-sub” expresso em palavras iniciadas por “r”, tal sinal gráfico deixa sua marca. Como nos exemplos que seguem:
sub-reitor – sub-região – sub-raça...
5) Mediante os prefixos aquém, além, bem, ex, pós, pró, recém, sem, vice e pré, podemos também identificar a presença do hífen. Dessa forma, vejamos:
além-mar – bem-humorado – aquém-mar – pós-cirúrgico – recém-casado – vice-diretor – pré-vestibular – sem-vergonha – ex-namorado...
6) Constatamos a presença do hífen diante de palavras constituídas do advérbio “mal”, expresso em palavras nas quais o segundo elemento inicia-se por vogal ou pela consoante “h”. Como é o caso de:
mal-educado – mal-humorado – mal-intencionado...
7) O hífen encontra-se presente mediante os prefixos “-circum” e “-pan”, quando retratados por palavras iniciadas por “m”, “n”, “h” e vogal. Como bem nos mostram alguns casos:
pan-americano – circum-navegação – circum-hospitalar...
8) Com os prefixos de origem tupi-guarani, representados por “-açu”, “-guaçu” e “-mirim”, o hífen encontra-se demarcado. Perceptível em:
cajá-mirim – amoré-guaçu – jacaré-açu...
9) Nos casos relacionados à ênclise e à mesóclise, podemos também encontrá-lo:
encontrá-la-emos – dar-lhe – levá-lo – propor-nos-emos...
Circunstâncias linguísticas nas quais não se constata o uso do hífen:
1) Depois de prefixos, não se emprega mais o hífen em palavras iniciadas com “s” ou “r”. Além de tal aspecto, estas consoantes também são duplicadas. Perceba o que ocorreu:
Observações relevantes:
* Algumas exceções, já existentes antes do novo acordo, continuarão inalteradas, como é o caso de:
minissaia – minissérie...
2) O hífen deixou de existir quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento inicia por vogal diferente. Note os pontos significativos:
3) Em palavras que perderam a noção de composição, não se constata mais o uso do hífen. Assim como nos apontam os exemplos retratados:
Mas atenção:
* O hífen permanece em palavras compostas que não possuem elemento de ligação, como também naquelas que designam espécies botânicas e zoológicas, expressas por:
bem-te-vi – couve-flor – erva-doce – segunda-feira...
3) Nas distintas locuções (representadas pelas substantivas, adjetivas, adverbiais, verbais, pronominais, prepositivas ou conjuncionais), não encontramos mais o uso do hífen. Como podemos constatar em:
Eis as exceções:
cor-de-rosa – lua-de-mel – água-de-colônia...
4) Não se utiliza mais o hífen quando o prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar por consoante diferente de “r” ou “s”. Perceptível em:
contracheque – autopeça – semicírculo – antinatural – semideus...
5) O hífen não deve ser utilizado quando o prefixo terminar com consoante e a segunda palavra iniciar por uma consoante diferente ou por uma vogal. Note alguns exemplos:
hiperacidez – interurbano – subemprego – superinteressante – hiperativo...
6) Mediante palavras constituídas do advérbio “mal”, nas quais o segundo elemento inicia por consoante, o hífen não é recomendável. Assim, vejamos:
maldormido – malmandado – malvestido – malsucedido...