O modernismo foi um movimento artístico-literário que revolucionou as concepções artísticas, no começo do século XX, ao propor e materializar, a partir da Semana de Arte Moderna de 1922, um estilo inovador na forma, na linguagem e no conteúdo das obras produzidas no Brasil, contrapondo-se, principalmente, ao rigor estético parnasiano.
Apesar de influenciado pelas correntes artísticas europeias, o modernismo brasileiro soube expressar uma identidade própria ao retomar o nacionalismo como uma de suas bandeiras estéticas.
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo do modernismo
- 2 - Contexto histórico do modernismo
- 3 - Características do modernismo
- 4 - Principais autores do modernismo
- 5 - Modernismo no Brasil
- 6 - Exercícios resolvidos sobre Modernismo
Resumo do modernismo
→ Linguagem
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Sintética;
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Fragmentada;
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Predominância da linguagem coloquial;
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Sintaxe simples e concisa;
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Pontuação usada a serviço do sentido, mesmo contrariando a norma-padrão;
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Linguagem irônica e humorística.
→ Forma
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No poema, predominância de versos livres;
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Na prosa, predominância do gênero romance.
→ Conteúdo
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Temáticas nacionais;
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Temáticas ligadas ao cotidiano;
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Revisão crítica do passado histórico-cultural brasileiro.
Leia também: Surrealismo – uma das vanguardas europeias que influenciou o início do modernismo
Contexto histórico do modernismo
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No mundo
A nível mundial, o século XX foi marcado pela industrialização e pelo constante aperfeiçoamento das máquinas de combustão, além do aproveitamento da eletricidade nas indústrias, o que viria a dinamizar a produção. Como consequência do progresso industrial, o meio urbano expandiu-se na mesma medida em que cresceu o comércio, o transporte, a oferta de serviços.
No plano político, a Primeira Guerra Mundial iniciou-se em 1914 como uma disputa entre Inglaterra e Alemanha, mas acabou envolvendo o mundo todo, com consequências políticas e econômicas. O capitalismo e a política do liberalismo econômico, pautados no individualismo e na livre concorrência, sofreram crises impostas pela guerra. Nesse contexto, regimes totalitários começaram a organizar-se, como:
No âmbito artístico-cultural, o início do século XX foi marcado pela vigência, na Europa, da Belle Époque, de 1886 a 1914. Essa fase caracterizou-se pela pluralidade de tendências filosóficas, científicas, sociais e literárias, o que constituiu um campo propício para o nascimento, por meio de reuniões boêmias em cafés da França, das vanguardas europeias, a exemplo do futurismo, do cubismo, do expressionismo, do dadaísmo, do surrealismo, as quais influenciariam diretamente o surgimento do modernismo no Brasil.
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No Brasil
No Brasil, o surgimento do modernismo, em 1922, com a realização da Semana de Arte Moderna, coincidiu com a ocorrência de levantes político-militares, como o tenentismo. Esse movimento iniciou-se no Exército brasileiro, principalmente entre os tenentes paulistas, os quais se posicionaram contra a eleição de Artur Bernardes, representante da política do café com leite.
Em 1925, esses tenentes paulistas, juntando-se a outros revoltosos, formaram a Coluna Prestes, movimento que se deslocou pelo país a fim de instigar a população contra o governo federal administrado por Artur Bernardes.
Em 1930, no Rio Grande do Sul, teve início um movimento militar que se rebelou contra o governo por não aceitar a eleição de Júlio Prestes, o que resultou na Revolução de 1930. De 1930 a 1945, transcorreu a chamada Era Vargas, capitaneada por Getúlio Vargas.
Características do modernismo
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Temáticas voltadas ao nacionalismo, mas sem a idealização do romantismo.
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Valorização de temáticas ligadas ao cotidiano do homem urbano.
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Revisitação crítica do passado do país e da cultura.
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Predominância do humor, da ironia, da irreverência.
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Uso recorrente de versos livres nos poemas.
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Uso de uma linguagem coloquial, mais próxima da oralidade e do que seria a língua portuguesa brasileira.
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Linguagem fragmentada, predileção pela síntese, uso de flashes cinematográficos.
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Preferência por aspectos subjetivos em detrimento dos objetivos.
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Pontuação utilizada de forma mais livre, de modo a garantir a fluidez narrativa e poética.
Veja também: Murilo Rubião – consolidou o realismo mágico no modernismo brasileiro
Principais autores do modernismo
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Mário de Andrade (1893-1945)
Mário de Andrade, intelectual plural, é considerado o “papa do modernismo”. Sua estreia literária aconteceu, em 1917, com a publicação do livro Há uma gota de sangue em cada poema, obra em que o autor expressa os impactos subjetivos da Primeira Guerra Mundial. Escreveu em vários gêneros, sendo suas principais obras:
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Pauliceia desvairada (1922)
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Amar, verbo intransitivo (1927)
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Macunaíma: o herói sem nenhum caráter (1928)
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Contos novos (1947)
Veja um trecho inicial do romance Macunaíma:
Capítulo I
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:
— Ai! Que preguiça! ...
e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem.
(Macunaíma, o herói sem nenhum caráter)
Nesse trecho, observa-se marcas primordiais do modernismo e do estilo de Mário de Andrade, como a presença de aspectos da cultura identitária brasileira, expressos na temática indígena. Esse elemento indígena, porém, já explorado pelo romantismo, aparece na estética modernista revestido de criticidade: o herói da narrativa, Macunaíma, por exemplo, é despido de qualquer idealização, sendo, ao contrário, representado pela ênfase de seus atributos anti-heroicos, como a preguiça e a ausência de beleza.
Eu sou trezentos...
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cinquenta,
As sensações renascem de si mesmas sem repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pirineus! ôh caiçaras!
Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro!
Abraço no meu leito as melhores palavras,
E os suspiros que dou são violinos alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a furto
Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos!
Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cinquenta,
Mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
(Poesias completas)
Além de escrever textos em prosa e poemas em que o tom crítico e irônico, além dos aspectos típicos da cultura brasileira, manifestam-se para constituir a estética modernista, Mário de Andrade também compôs poemas com teor lírico, como se nota em “Eu sou trezentos...”.
Nesse poema, publicado originalmente em Poesias (1941), o sujeito poético expressa um sentimento de empatia ao reconhecer que sua subjetividade e sua identidade são constituídas com base na relação com outros “eus”, posicionamento que se confronta com a visão romântica, segundo a qual o eu lírico centra-se somente em suas emoções, como se fosse o centro de seu próprio universo.
Acesse também: Mário de Sá-Carneiro – um expoente do modernismo português
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Oswald de Andrade (1890-1954)
Um dos mais atuantes escritores do modernismo brasileiro, Oswald de Andrade foi o idealizador do Manifesto antropofágico (1928), um dos mais importantes manifestos desse movimento artístico-literário. Seu espírito polêmico, irônico e humorístico permeia toda sua obra. Foi casado com Tarsila do Amaral e com Patrícia Galvão (Pagu). Suas obras mais importantes são:
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Memórias sentimentais de João Miramar (1924)
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Pau-brasil (1925)
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Serafim Ponte Grande (1933)
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O rei da vela (1937)
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
(Poesias reunidas)
Medo da senhora
A escrava pegou a filhinha nascida
Nas costas
E se atirou no Paraíba
Para que a criança não fosse judiada
(Poesias reunidas)
Nesses dois poemas, observam-se duas características marcantes na obra de Oswald de Andrade: a linguagem próxima à oralidade e o humor, muitas vezes, ácido. No primeiro poema, que exemplifica a primeira característica, o que é, pela gramática normativa, tido como desvio, vício de linguagem, é, na verdade, a língua brasileira autêntica, verdadeiramente nacional, pois é a língua daqueles que fazem, de fato, os “telhados” desta nação.
No segundo poema, o tom anedótico, provocado pela situação absurda de uma mulher escravizada ter que jogar sua filha recém-nascida no rio, provocando-lhe a morte prematura, para que ela escape da violência imposta pelos brancos, expõe as raízes de um país marcado pelos horrores da escravidão.
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Manuel Bandeira (1886-1968)
Pernambucano, Bandeira mudou-se muito jovem para o Rio de Janeiro, onde fez seus estudos secundários. Em São Paulo, iniciou o curso de Arquitetura, mas não o concluiu, em razão de uma crise de tuberculose, doença que marcaria para sempre sua vida e sua literatura. Embora não tenha ido à Semana de Arte Moderna, em 1922, enviou o famoso e polêmico poema “Os sapos”, que foi lido por Ronald de Carvalho. Suas principais obras poéticas são:
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A cinza das horas (1917)
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Libertinagem (1930)
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Belo, belo (1948)
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Estrela da vida inteira (1968)
Leia os poemas a seguir para conhecer um pouco do estilo de Manuel Bandeira:
Porquinho-da-índia
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.
(Libertinagem)
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Belo, belo)
No primeiro poema, “Porquinho-da-índia”, as características modernistas manifestam-se na simplicidade da linguagem, muito próxima da oralidade, e na cena pitoresca evocada pela memória do eu lírico: a lembrança do bicho de estimação, alçado à condição metafórica de “namorada”.
No segundo poema, o teor crítico social expresso pela indignação do eu lírico, ante a desumanidade a que é exposto um homem que depende de restos para alimentar-se, é outro traço do modernismo brasileiro. Outro traço marcante da poesia de Manuel Bandeira, dentro do modernismo, é a exploração subjetiva por meio do eu poético, ou seja, a predominância de poemas na primeira pessoa, muitas vezes em tom memorialístico centrado em fatos de sua própria vida.
Veja também: Estrela da vida inteira: cinco poemas de Manuel Bandeira
Modernismo no Brasil
O modernismo brasileiro iniciou-se em 1922, com a realização da Semana de Arte Moderna, que ocorreu entre 13 e 18 de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo. Ao longo desse evento, ocorreu, no saguão do teatro, exposição de artes plásticas com obras de artistas como Anita Malfatti e Di Cavalcanti. Além disso, realizaram-se saraus, conferências, leituras de poemas, apresentações musicais e de dança.
A Semana de Arte Moderna representou a confluência de várias tendências de renovação empenhadas em combater a arte tradicional. Além disso, conseguiu chamar a atenção dos meios artísticos de todo país e, ao mesmo tempo, aproximar artistas com ideias modernistas que até então se encontravam dispersos.
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Primeira fase (de 1922 a 1930)
Essa fase caracterizou-se pelas tentativas de consolidação do movimento e pela divulgação de obras com ideais modernistas. Os escritores de maior destaque foram:
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Mário de Andrade
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Oswald de Andrade
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Manuel Bandeira
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Alcântara Machado
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Menotti del Picchia
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Guilherme Almeida
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Ronaldo de Carvalho
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Raul Bopp
A principal característica dessa fase foi a difusão da ideia de que o passado histórico brasileiro e as tradições culturais fundadoras do país precisavam ser revisitados com criticidade, de modo a que a nação pudesse eliminar o complexo de inferioridade constituído por muitos anos de submissão colonial. Defendia-se, portanto, um nacionalismo crítico, capaz de ressaltar os aspectos positivos da brasilidade, mas também de apontar as contradições.
É desse período, por exemplo, a criação do movimento antropofagia, de 1928, composto por Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Raul Bopp, o qual propunha que se devorasse a cultura estrangeira, por meio do aproveitamento de suas inovações artísticas, porém sem a perda da identidade cultural nacional.
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Segunda fase (de 1930 a 1945)
A segunda fase do modernismo foi marcada pela predominância da produção de romances tidos como regionalistas. Destacaram-se os seguintes escritores:
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Érico Veríssimo
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Jorge Amado
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José Lins do Rego
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Graciliano Ramos
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Raquel de Queiroz
As narrativas desses autores focaram na crítica e na denúncia social, tendo como plano de fundo os espaços geográficos interioranos e os conflitos político-sociais próprios da década de 1930. Além dos aspectos sociais e geográficos, esses autores enfatizaram a caracterização dos aspectos psicológicos dos personagens, o que contribuiu para que o romance da década de 1930 tivesse uma dimensão universal, uma vez que, apesar de os enredos passarem-se em regiões típicas do Brasil, seus personagens vivem dramas psicológicos plausíveis de acontecerem a qualquer ser humano.
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Terceira fase (1945 a 1960)
A terceira fase do modernismo brasileiro, iniciada em 1945 e por isso também conhecida como geração de 45, compreendeu a produção de importantes autores da literatura nacional. Na poesia, destacaram-se:
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Lêdo Ivo
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Paulo Mendes Campos
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Tiago de Melo
Na prosa, os nomes de destaque foram:
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Lygia Fagundes Telles
No teatro, brilharam:
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Nelson Rodrigues
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Ariano Suassuna
Em termos estéticos, a poesia dessa terceira fase destacou-se pelo afastamento das características que marcaram os poetas de 1922, como a ironia, o humor, a liberdade formal, dando espaço ao reestabelecimento da forma artística tida como bela, ou seja, “equilibrada e séria”.
Em relação à prosa, predominou-se a introspecção psicológica, marcas das obras de Lispector e de Telles, e a experimentação da linguagem, marca da obra de Guimarães Rosa. No teatro, os dramas cotidianos do homem urbano vêm à cena nas obras de Nelson Rodrigues, e os dramas do interior nordestino vêm ao palco pelos textos teatrais de Ariano Suassuna.
Veja também: Poesia marginal – movimento literário ocorrido entre 1970 e 1980
Exercícios resolvidos sobre Modernismo
Questão 1 – (Enem)
Oswald de Andrade: o culpado de tudo, 27 set. 2011 a 29 jan. 2012. São Paulo: Museu da Língua Portuguesa, 2012.
O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem
A) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.
B) forma clássica da construção poética brasileira.
C) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.
D) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética.
E) lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.
Resolução
Alternativa A. As anotações em torno dos versos constituem direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais, uma vez que as anotações do autor, em tom irônico, apontam a supremacia do Brasil sobre os europeus no futebol.
Questão 2 – (FGV – RJ) “Tupi or not tupi, that is the question”. A paráfrase, elaborada a partir da célebre frase de William Shakespeare, figurava no Manifesto Antropófago de 1928, escrito por Oswald de Andrade, um dos principais líderes do movimento modernista. A esse respeito é correto afirmar:
A) O modernismo brasileiro questionava o nacionalismo defendido pelas elites regionais como um dos aspectos do atraso cultural a ser superado.
B) Os principais líderes do movimento modernista brasileiro eram filhos de imigrantes originários da classe operária de São Paulo e do Rio de Janeiro.
C) A produção modernista brasileira evidenciava a assimilação de referências culturais estrangeiras e a sua articulação com as particularidades nacionais.
D) Os artistas e escritores modernistas, influenciados pelas notícias referentes à Revolução Bolchevique, fundaram o Partido Comunista do Brasil em 1922.
E) O modernismo brasileiro teve uma extraordinária aceitação no interior das Forças Armadas, que se tornaram um de seus centros de difusão cultural.
Resolução
Alternativa C. O modernismo ressignificou o nacionalismo ufanista, substituindo-o por um nacionalismo crítico.
Questão 3 – (Unifesp) Leia o trecho do poema “Os sapos”, de Manuel Bandeira.
O sapo-tanoeiro
[...]
Diz: — “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia
Mas há artes poéticas...”
(Estrela da vida inteira)
No trecho, o “sapo-tanoeiro” representa uma sátira aos
A) modernistas.
B) românticos.
C) naturalistas.
D) parnasianos.
E) árcades.
Resolução
Alternativa D. O “sapo-tanoeiro”, presente no poema, representa uma sátira aos parnasianos, os quais valorizavam o rigor formal e o preciosismo linguístico, características combatidas pelos modernistas.
Questão 4 – (Enem) O uso do pronome átomo no início das frases é destacado por um poeta e por um gramático nos textos abaixo.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e bom branco
da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(Seleção de textos)
“Iniciar a frase com pronome átomo só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na língua escrita quando se deseja reproduzir a fala dos personagens (…).”
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980.
Considerando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:
A) condenam essa regra gramatical.
B) acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.
C) criticam a presença de regras gramaticais.
D) afirmam que não há regras para o uso de pronomes.
E) relativizam essa regra gramatical.
Resolução
Alternativa E. Tanto o poema de Oswald de Andrade quanto a afirmação de Domingos Paschoal expressam a concepção de que as regras gramaticais podem ser relativizadas conforme os contextos comunicativos. O modernismo tinha como uma de suas bandeiras a valorização da linguagem coloquial.
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