Modernismo no Brasil

O modernismo no Brasil teve três fases: a primeira, nacionalista e antiacadêmica; a segunda, realista e regionalista; e a terceira, marcada pelo universalismo.

Capa do romance Macunaíma, publicado pela editora Vozes, uma das principais obras do modernismo no Brasil.
Capa do romance Macunaíma, publicado pela editora Vozes, uma das principais obras do modernismo no Brasil.[1]

O modernismo no Brasil é um estilo de época que esteve em vigor entre 1922 e 1978. A primeira fase (1922-1930) teve caráter inovador e nacionalista. A segunda fase (1930-1945) aliou inovação com tradição e apresentou realismo social. A poesia da terceira fase (1945-1978) teve rigor formal e crítica sociopolítica, além do experimentalismo concretista. Já a prosa pós-moderna da terceira fase é marcada pelo universalismo, metaficção e fluxo de consciência.

Alguns dos famosos autores do modernismo no Brasil foram: Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Ferreira Gullar, Clarice Lispector e João Guimarães Rosa.

Leia também: Parnasianismo no Brasil – características do grande rival literário dos modernistas brasileiros

Tópicos deste artigo

Resumo sobre modernismo no Brasil

  • O estilo de época modernismo vigorou no Brasil entre 1922 e 1978.
  • A primeira fase ou fase de destruição durou de 1922 a 1930.
  • A segunda fase ou fase de reconstrução perdurou de 1930 e 1945.
  • A terceira fase ou período pós-modernista ocorreu entre 1945 e 1978.
  • O modernismo no Brasil foi marcado por inovação e experimentalismo.
  • A arte modernista sofreu influência dos movimentos das vanguardas europeias.

Videoaula sobre modernismo no Brasil

O que foi o modernismo no Brasil?

O modernismo no Brasil foi um estilo de época iniciado, em 1922, com o advento da Semana de Arte Moderna. A literatura modernista no Brasil esteve em voga até 1978.

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Fases do modernismo no Brasil

  • Primeira fase ou fase de destruição: de 1922 a 1930
  • Segunda fase, fase de reconstrução ou geração de 1930: de 1930 a 1945
  • Terceira fase ou pós-modernismo: de 1945 a 1978

Veja também: Pré-modernismo – fase de transição entre o modernismo e o simbolismo

Características do modernismo no Brasil

FASES

CARACTERÍSTICAS

1

Fase de destruição

Inovação, antiacademicismo, nacionalismo, antirromantismo, experimentalismo, versos livres, ironia, fragmentação, regionalismo, linguagem coloquial.

2

Geração de 1930

Harmonia entre inovação e tradição; versos livres, regulares e brancos; crise existencial; temática contemporânea; crítica social; regionalismo; realismo; determinismo; prosa dinâmica; linguagem simples.

3

Pós-modernismo

Poesia com rigor formal e temática sociopolítica, poesia concreta de caráter verbivocovisual, fragmentação, monólogo interior, metaficção, caráter universal e filosófico, não convencionalismo.

Obras do modernismo no Brasil

FASE

OBRA

AUTOR

Primeira fase do modernismo no Brasil

Memórias sentimentais de João Miramar

(1924)

Oswald de Andrade

(1890-1954)

 

Macunaíma

(1928)

Mário de Andrade

(1893-1945)

Libertinagem

(1930)

Manuel Bandeira

(1886-1968)

Segunda fase do modernismo no Brasil

O quinze

(1930)

Rachel de Queiroz

(1910-2003)

Menino de engenho

(1932)

José Lins do Rego

(1901-1957)

Cacau

(1933)

Jorge Amado

(1912-2001)

São Bernardo

(1934)

Graciliano Ramos

(1892-1953)

Novos poemas

(1938)

Vinicius de Moraes

 (1913-1980)

O visionário

(1941)

Murilo Mendes

(1901-1975)

A rosa do povo

(1945)

Carlos Drummond de Andrade

(1902-1987)

O tempo e o vento

 (1949-1961)

Erico Verissimo

(1905-1975)

Poemas negros

(1947)

Jorge de Lima

(1893-1953)

Romanceiro da Inconfidência

(1953)

Cecília Meireles

(1901-1964)

Terceira fase do modernismo no Brasil

Morte e vida severina

(1955)

João Cabral de Melo Neto

(1920-1999)

Grande sertão: veredas

(1956)

João Guimarães Rosa

 (1908-1967)

O encontro marcado

(1956)

Fernando Sabino

(1923-2004)

Poema sujo

(1976)

Ferreira Gullar

(1930-2016)

A hora da estrela

(1977)

Clarice Lispector

(1920-1977)

Poesia pois é poesia

(1977)

Décio Pignatari

(1927-2012)

Viva vaia

(1979)

Augusto de Campos

(1931-)

Galáxias

(1984)

Haroldo de Campos

(1929-2003)

Arte modernista no Brasil

: Fotografia do quadro “Abaporu”, de Tarsila do Amaral, artista do modernismo brasileiro.
Abaporu é a principal obra da arte modernista no Brasil.

A arte modernista no Brasil passou a ficar em evidência a partir da Semana de Arte Moderna de 1922. É uma arte caracterizada pela inovação, pela experimentação e pelo antiacademicismo. Está fortemente vinculada aos movimentos das vanguardas europeias, de forma que apresenta traços cubistas, expressionistas, futuristas e surrealistas, mas também valoriza elementos nacionalistas e regionalistas.

Os principais artistas modernistas do Brasil foram:

  • Tarsila do Amaral (1886-1973);
  • Heitor Villa-Lobos (1887-1959);
  • Anita Malfatti (1889-1964);
  • Victor Brecheret (1894-1955);
  • Vicente do Rego Monteiro (1899-1970);
  • Ismael Nery (1900-1934);
  • Zina Aita (1900-1967);
  • Candido Portinari (1903-1962).

As principais obras da arte modernista no Brasil são:

  • O homem amarelo (1917), de Anita Malfatti;
  • Cabeça de Cristo (1920), de Victor Brecheret;
  • A sombra (1922), de Zina Aita.
  • Atirador de arco (1925), de Vicente do Rego Monteiro;
  • Abaporu (1928), de Tarsila do Amaral;
  • Bachianas brasileiras (1930-1945), de Heitor Villa-Lobos;
  • Andrógino (s. d.), de Ismael Nery;
  • Os retirantes (1944), de Candido Portinari.

Origem e história do modernismo no Brasil

Cartaz da Semana de Arte Moderna de 1922. O modernismo brasileiro teve origem nesse evento.
Cartaz da Semana de Arte Moderna de 1922. O modernismo brasileiro teve origem nesse evento.

O modernismo no Brasil surgiu no final da República Velha, em 1922, com a Semana de Arte Moderna. Esse evento ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, nas noites de 13, 15 e 17 de fevereiro. Apresentou as novas tendências da arte brasileira, influenciada pelos movimentos das vanguardas europeias. De caráter inovador e antiacadêmico, a Semana de 22 contou com artistas como:

  • Heitor Villa-Lobos (1887-1959) — música;
  • Anita Malfatti (1889-1964) — pintura;
  • Oswald de Andrade (1890-1954) — literatura;
  • Mário de Andrade (1893-1945) — literatura;
  • Victor Brecheret (1894-1955) — escultura.

No entanto, o evento só foi valorizado pela crítica artística e literária décadas depois, quando o modernismo já era um estilo de época consolidado no país.

Saiba mais: Geração de 1945 – como viveu a última geração do modernismo brasileiro

Exercícios resolvidos sobre modernismo no Brasil

Questão 1 (Enem)

— O senhor pensa que eu tenho alguma fábrica de dinheiro? (O diretor diz essas coisas a ele, mas olha para todos como quem quer dar uma explicação a todos. Todas as caras sorriem.) Quando seu filho esteve doente, eu o ajudei como pude. Não me peça mais nada. Não me encarregue de pagar as suas contas: já tenho as minhas, e é o que me basta... (Risos.)

O diretor tem o rosto escanhoado, a camisa limpa. A palavra possui um tom educado, de pessoa que convive com gente inteligente, causeuse. O rosto do Dr. Rist resplandece, vermelho e glabro. Um que outro tem os olhos no chão, a atitude discreta.

Naziazeno espera que ele lhe dê as costas, vá reatar a palestra interrompida, aquelas observações sobre a questão social, comunismo e integralismo.

MACHADO, D. Os ratos. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.

A ficção modernista explorou tipos humanos em situação de conflito social. No fragmento do romancista gaúcho, esse conflito revela a

A) sujeição moral amplificada pela pobreza.

B) crise econômica em expansão nas cidades.

C) falta de diálogo entre patrões e empregados.

D) perspicácia marcada pela formação intelectual.

E) tensão política gerada pelas ideologias vigentes.

Resolução:

Alternativa A

No trecho da narrativa, fica evidente a sujeição de Naziazeno em relação ao diretor, o Dr. Rist. A sujeição moral é amplificada pela pobreza do protagonista, o qual está pedindo ajuda financeira ao diretor e, por isso, é humilhado.

Questão 2 (Enem)

O farrista

Quando o almirante Cabral
Pôs as patas no Brasil
O anjo da guarda dos índios
Estava passeando em Paris.
Quando ele voltou de viagem
O holandês já está aqui.
O anjo respira alegre:
“Não faz mal, isto é boa gente,
Vou arejar outra vez.”
O anjo transpôs a barra,
Diz adeus a Pernambuco,
Faz barulho, vuco-vuco,
Tal e qual o zepelim
Mas deu um vento no anjo,
Ele perdeu a memória.
E não voltou nunca mais.

MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.

A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do modernismo, cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que

A) configura um ideal de nacionalidade pela integração regional.

B) remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta.

C) repercute as manifestações do sincretismo religioso.

D) descreve a gênese da formação do povo brasileiro.

E) promove inovações no repertório linguístico.

Resolução:

Alternativa B

O poema trata da temática do colonialismo ao mencionar Cabral e “os índios”. No entanto, apresenta a visão antitradicional modernista, marcada pelo viés iconoclasta, ou seja, contrário a costumes, símbolos e tradições. Isso fica evidente quando o eu lírico diz que Cabral tem “patas”, de forma a desmitificar esse personagem histórico.

Créditos das imagens

[1] Editora Vozes (reprodução)

[2] Wikimedia Commons

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.

AJZENBERG, Elza. A Semana de Arte Moderna de 1922. Revista Cultura e Extensão, São Paulo, v. 7, p. 25-29, 2012.

NASCIMENTO, Evando. A Semana de Arte Moderna de 1922 e o Modernismo brasileiro: atualização cultural e “primitivismo” artístico. Gragoatá, Niterói, n. 39, p. 376-391, jul./ dez. 2015.

Por: Warley Souza

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