Gabriel García Márquez

Gabriel García Márquez foi um escritor colombiano cujas obras apresentam características da literatura fantástica. Seu romance mais famoso é o livro Cem anos de solidão.

Fotografia de Gabriel García Márquez, escritor colombiano que escreveu “O amor nos tempos do cólera” e “Cem anos de solidão”.
Gabriel García Márquez foi um escritor colombiano.[1]

Gabriel García Márquez foi um famoso autor colombiano. Ele nasceu em Aracataca, no dia 6 de março de 1927. Em seus primeiros anos de vida, foi criado pelos avós maternos, sendo seu avô uma grande influência. Mais tarde, iniciou a Faculdade de Direito, que não concluiu, e acabou fazendo carreira no jornalismo.

O romancista, que faleceu em 17 de abril de 2014, no México, foi autor de narrativas filiadas ao realismo mágico, fantástico ou maravilhoso. Portanto, suas obras exploram elementos extraordinários ou sobrenaturais, que destoam do realismo cotidiano. Seu livro mais conhecido é o romance Cem anos de solidão.

Leia também: Murilo Rubião — outro autor cujas obras estão associadas ao realismo mágico ou fantástico

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Gabriel García Márquez

  • Gabriel García Márquez foi um famoso escritor colombiano.

  • Nasceu em 1927 e faleceu em 2014.

  • Além de romancista e contista, foi valorizado como jornalista.

  • Suas obras literárias apresentam elementos típicos da literatura fantástica.

  • Em 1982, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura.

  • Seu livro mais famoso é o romance Cem anos de solidão.

Biografia de Gabriel García Márquez

Gabriel García Márquez nasceu em 6 de março de 1927, na cidade de Aracataca, na Colômbia. Tinha um ou dois anos de idade quando seus pais foram para a cidade de Riohacha e deixaram o pequeno Gabriel ser criado por seus avós maternos. Assim, o escritor teve grande influência de seu avô, Nicolás, ex-combatente da guerra civil.

Seu batizado ocorreu em julho de 1930, na Paróquia de San José de Aracataca. Quatro anos depois, ingressou no Colégio Montessori. Por essa época, o menino se apaixonou pelo desenho e copiava as tirinhas que encontrava nos jornais que o avô gostava de ler. O autor só aprendeu a ler em 1935, por intermédio de sua professora Rosa Helena.

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Nesse mesmo ano, passou a morar com os pais, que estavam de volta a Aracataca. Logo se apaixonou pela leitura, e uma das primeiras e inesquecíveis obras lidas foi As mil e uma noites. Por causa das mudanças constantes, desde que iniciou os estudos, Gabriel García Márquez perdeu o ano escolar mais de uma vez.

Seu avô Nicolás, forte figura paterna para o menino, faleceu em 1937. Em 1938, o romancista se mudou para Barranquilla, onde o pai abriu uma farmácia. Por causa dos negócios, o pai era ausente. Como era o primogênito, Gabriel García Márquez acabou sendo o principal apoio para a mãe durante as situações difíceis.

Em 1939, ingressou no Colégio Cartagena das Índias. Os negócios do pai não iam bem, e o escritor conseguiu seu primeiro emprego como pintor de cartazes. Em 1941, passou a estudar no Colégio San José. Contudo, por problemas de saúde, precisou deixar a escola, e viajou para Sucre, onde a família estava residindo.

No ano seguinte, voltou a Barranquilla, onde vivia na casa de um tio-avô, e retomou os estudos no San José. Por essa época, já estava envolvido com a escrita, a poesia e teve seu primeiro relacionamento amoroso. No ano de 1943, conheceu Bogotá e conseguiu uma bolsa de estudos para estudar em um liceu só para homens, em Zipaquirá.

Em 1944, foi um dos fundadores do periódico Gazeta Literária. De férias, ao visitar os pais, os quais viviam agora em Magangué, conheceu sua futura esposa, Mercedes Barcha (1932-2020). García Márquez vivia em uma pensão de estudantes quando começou a Faculdade de Direito na Universidade Nacional da Colômbia, em Bogotá, no ano de 1947.

No ano seguinte, transferiu-se para a Universidade de Cartagena; mas, em 1949, decidiu abandonar o curso de Direito e voltar para Barranquilla. Passou a trabalhar no jornal El Heraldo e, em 1951, deixou esse periódico para escrever para El Universal. Em 1952, trabalhou como vendedor ambulante de livros de medicina e de enciclopédias.

Em 1954, passou a trabalhar no El Espectador, um jornal de Bogotá. Nesse periódico, fez muito sucesso como jornalista. No ano seguinte, filiou-se ao Partido Comunista Colombiano. Viajou para a Europa como correspondente internacional do jornal El Espectador, em 1955. No entanto, por questões políticas, El Espectador foi fechado pelo governo militar em 1956.

Era início de janeiro, e o escritor se viu em Paris, na França, com pouquíssimo dinheiro. No final do ano, teve um romance com a atriz espanhola María Concepción Quintana. Para sobreviver na Europa, trabalhou como cantor de música mexicana no clube L’Escale. Em 1957, ainda estava na Europa, onde trabalhava como correspondente dos periódicos El Independiente, da Colômbia, e Momento, da Venezuela.

Nesse ano, esteve na Alemanha, União Soviética e Inglaterra. No final de 1957, mudou-se para a Venezuela a fim de trabalhar na revista Momento. Em 1958, voltou à Colômbia para se casar com Mercedes Barcha. Em seguida, retornou à Venezuela, em companhia da esposa.

Em 1961, mudou-se para os Estados Unidos para dirigir o escritório da agência de notícias Prensa Latina, em Nova Iorque. A essa altura, era conhecido não só como jornalista mas também por ter publicado o livro Ninguém escreve ao coronel. O sucesso como escritor chegou em 1967, quando publicou o romance Cem anos de solidão.

Nesse ano, passou a viver em Barcelona, na Espanha, apesar de, no período em que lá residiu, viajar para outros países. Ficou na Espanha até o ano de 1975, quando fixou residência no México. O escritor foi sempre atuante politicamente e criticava as ditaduras de direita que tomaram conta da América Latina.

Também viajou muitas vezes a Cuba e tinha amizade com o ditador Fidel Castro (1926-2016). Em 1982, teve sua consagração máxima ao ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Em 1988, sofreu um acidente de carro na Venezuela, mas sem grandes danos. No ano seguinte, voltou finalmente a viver na Colômbia.

Além de escrever seus livros, esteve sempre envolvido em assuntos relacionados à imprensa e participava de encontros e seminários. Até o fim da vida, esteve internacionalmente engajado em questões políticas e culturais. Reverenciado no mundo inteiro, faleceu em 17 de abril de 2014, no México.

Características das obras de Gabriel García Márquez

As obras do autor apresentam elementos do realismo fantástico, mágico ou maravilhoso, tais como:

  • deformação da realidade cotidiana;

  • acontecimentos e personagens insólitos;

  • caráter ilógico ou absurdo;

  • valorização do mistério.

Gabriel García Márquez fez parte do fenômeno literário conhecido como “boom latino-americano”, ocorrido nos anos 1960 e 1970, quando houve grande visibilidade da literatura latino-americana na Europa.

Veja também: Julio Cortázar — outro autor que fez parte do “boom latino-americano”

Principais obras de Gabriel García Márquez

  • A revoada (1955) — romance

  • Ninguém escreve ao coronel (1961) — novela

  • O veneno da madrugada (1962) — romance

  • Os funerais da mamãe grande (1962) — contos

  • Cem anos de solidão (1967) — romance

  • Relato de um náufrago (1970) — biografia

  • A incrível e triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada (1972) — contos

  • Olhos de cão azul (1972) — contos

  • O outono do patriarca (1975) — romance

  • Crônica de uma morte anunciada (1981) — romance

  • O amor nos tempos do cólera (1985) — romance

  • O general em seu labirinto (1989) — romance

  • Doze contos peregrinos (1992) — contos

  • Do amor e outros demônios (1994) — romance

  • Notícia de um sequestro (1996) — reportagem

  • Memória de minhas putas tristes (2004) — romance

Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez

Capa do livro “Cem anos de solidão”, de Gabriel García Márquez, publicado pela editora Record.
Capa do livro Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez, publicado pela editora Record.[2]

O romance Cem anos de solidão foi publicado, pela primeira vez, em 1967. Ele é a obra mais famosa do escritor Gabriel García Márquez. A história ocorre na cidade fictícia de Macondo. O foco da obra são as sete gerações dos solitários integrantes da família Buendía.

Ao mostrar a trajetória dessa família, o narrador também mostra a fundação de Macondo, seu apogeu e sua decadência. Essa cidade fantástica, mágica ou maravilhosa é o reflexo da Colômbia e, por extensão, da América Latina. Assim, o extraordinário se mistura com elementos do cotidiano e da política.

Os integrantes da primeira geração da família são o casal de primos José Arcádio Buendía e Úrsula Iguarán, e tal parentesco parece ser a causa maior das tristezas dos Buendía. Os homens atormentados dessa família são marcados pela imaginação, impetuosidade, introspeção, inteligência e misticismo, e dividem espaço com mulheres fortes, como a controladora matriarca Úrsula Iguarán.

Nessa narrativa fantástica, o narrador apresenta também elementos históricos, culturais, sociais e políticos, além de temas como incesto e loucura.

A história começa assim:

Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo. Todos os anos, pelo mês de março, uma família de ciganos esfarrapados plantava a sua tenda perto da aldeia e, com um grande alvoroço de apitos e tambores, dava a conhecer os novos inventos. Primeiro trouxeram o ímã. Um cigano corpulento, de barba rude e mãos de pardal, que se apresentou com o nome de Melquíades, fez uma truculenta demonstração pública daquilo que ele mesmo chamava de a oitava maravilha dos sábios alquimistas da Macedônia.

Acesse também: Mia Couto — autor moçambicano cujas obras apresentam neologismos e realismo fantástico

Prêmios e homenagens a Gabriel García Márquez

Monumento em homenagem a Gabriel García Márquez.
Diversos monumentos homenageiam Gabriel García Márquez ao redor do mundo.[3]
  • Primeiro lugar no concurso da Associação de Escritores e Artistas (1955).
  • Prêmio ESSO de romance colombiano, para O veneno da madrugada (1961).

  • Doutor honoris causa pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque (1971).

  • Prêmio Rómulo Gallegos, por Cem Anos de solidão (1972).

  • Medalha da Legião de Honra Francesa (1981).

  • Condecoração Águia Asteca, no México (1982).

  • Prêmio Nobel de Literatura (1982).

  • Prêmio de quarenta anos do Círculo de Jornalistas de Bogotá (1985).

  • Membro honorário do Instituto Caro y Cuervo, em Bogotá (1993).

Frases de Gabriel García Márquez

A seguir, vamos ler algumas frases de Gabriel García Márquez retiradas de seu livro Cem anos de solidão:

  • “Não se morre quando se deve, mas quando se pode.”

  • “O segredo de uma boa velhice não é outra coisa senão um pacto honrado com a solidão.”

  • “O melhor amigo é o que acaba de morrer.”

  • “As coisas têm vida própria, tudo é questão de despertar a sua alma.”

  • “Um minuto de reconciliação tem mais mérito do que toda uma vida de amizade.”

Créditos de imagem

[1] Gorup de Besanez / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Editora Moderna (reprodução)

[3] Jdvillalobos (reprodução)

Fontes

BELONIA, Cinthia da Silva. O real maravilhoso em Gabriel García Márquez. Revista de Pesquisa Interdisciplinar, Cajazeiras, v. 3, n. 2, p. 2-11, 2018.

CENTRO GABO. Cronología. Disponível em: https://centrogabo.org/gabo/cronologia.

INSTITUTO CERVANTES. Gabriel García Márquez. Disponível em: https://www.cervantes.es/bibliotecas_documentacion_espanol/creadores/garcia_marquez_gabriel.htm.

MÁRQUEZ, Gabriel García. Cem anos de solidão. Tradução de Eliane Zagury. 65. ed. Rio de Janeiro: Record, 2008.

SILVA, Luis Cláudio Ferreira; LOURENÇO, Daiane da Silva. O gênero literário fantástico: considerações teóricas e leituras de obras estrangeiras e brasileiras. In: ENCONTRO DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA, 5., 2010, Campo Mourão. Anais [...]. Campo Mourão: FECILCAM/ NUPEM, 2010.

TODOROV, T. Introdução à literatura fantástica. Tradução de Maria Clara Correa Castello. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1992.

Por: Warley Souza

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