Foco narrativo é a perspectiva daquele que narra uma história. Portanto, o relato pode ser feito do ponto de vista de um personagem ou do ponto de vista de alguém que não participa da narrativa. No primeiro caso, temos um narrador personagem; já no segundo, o narrador pode ser observador ou onisciente.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre foco narrativo
- 2 - Videoaula sobre tipos de narrador ou tipos de foco narrativo
- 3 - O que é foco narrativo?
- 4 - Tipos de foco narrativo
- 5 - Diferenças entre foco narrativo e narrador
Resumo sobre foco narrativo
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Foco narrativo é o ponto de vista daquele que conta uma história.
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O foco narrativo pode ser em primeira ou em terceira pessoa.
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O narrador personagem possui um ponto de vista em primeira pessoa.
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O observador e o onisciente possuem ponto de vista em terceira pessoa.
Videoaula sobre tipos de narrador ou tipos de foco narrativo
O que é foco narrativo?
O foco narrativo se refere ao ponto de vista daquele que narra uma história. Portanto, um relato pode apresentar distintas perspectivas. Assim, a história pode ser contada por um personagem, isto é, alguém que faz parte da ação narrada, mas também pode ser relatada por alguém que apenas observa os acontecimentos.
Tipos de foco narrativo
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Em primeira pessoa
Oferece o ponto de vista de um personagem da história, já que é ele que narra os fatos. Como participante da ação, ele tem uma visão parcial ou limitada dos acontecimentos. Um exemplo disso é O diário de Anne Frank|1|:
“Parece que já se passaram anos desde a manhã de domingo. Aconteceu tanta coisa, que é como se o mundo inteiro tivesse virado de cabeça para baixo. Mas, como você pode ver, Kitty, ainda estou viva, e, como diz papai, isso é o mais importante. Estou viva, sim, mas não pergunte onde nem como.”
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Em terceira pessoa
Traz o ponto de vista daquele que não participa da história. Por isso, ele tem um conhecimento mais amplo sobre os fatos e os personagens da narrativa. Assim, esse narrador pode ter apenas uma visão de observador dos acontecimentos ou apresentar uma perspectiva onisciente acerca da situação.
Neste trecho do conto Aqueles dois, de Caio Fernando Abreu, é possível perceber que a perspectiva do narrador está limitada à sua observação dos fatos:
“Mas quando saíram pela porta daquele prédio grande e antigo, parecido com uma clínica psiquiátrica ou uma penitenciária, vistos de cima pelos colegas todos nas janelas, a camisa branca de um e a azul do outro, estavam ainda mais altos e mais altivos. Demoraram alguns minutos na frente do edifício. Depois apanharam o mesmo táxi, Raul abrindo a porta para que Saul entrasse. Ai-ai! alguém gritou da janela. Mas eles não ouviram. O táxi já tinha dobrado a esquina.”
Perceba que dizer que “estavam mais altos e mais altivos” não está relacionado à onisciência, pois o narrador apenas mostra uma visão da perspectiva dos colegas. É como se ele, o narrador, se colocasse ali “nas janelas”, com os colegas dos protagonistas, e, a partir daí, expressasse uma opinião: “estavam ainda mais altos e mais altivos”.
No entanto, em seguida, esse narrador observador se transforma em onisciente:
“Pelas tardes poeirentas daquele resto de janeiro, quando o sol parecia a gema de um enorme ovo frito no azul sem nuvens do céu, ninguém mais conseguiu trabalhar em paz na repartição. Quase todos ali dentro tinham a nítida sensação de que seriam infelizes para sempre. E foram.”
A onisciência se mostra quando o narrador declara que “quase todos” tinham “a nítida sensação” de que seriam infelizes para sempre, e afirma: “E foram”. Portanto, se ele fosse apenas observador, não poderia saber da “sensação” nem do futuro daqueles personagens.
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Diferenças entre foco narrativo e narrador
Foco narrativo e narrador são dois elementos literários indissociáveis. Isso porque é o foco narrativo que determina o tipo de narrador de uma história. Desse modo, uma narrativa que traz o ponto de vista de um personagem é narrada, portanto, por um narrador personagem.
Já o relato do ponto de vista de um observador, não participante da história, é feito por um narrador observador, que não tem um conhecimento total dos fatos e personagens. Afinal, esse ponto de vista onisciente é uma característica do narrador onisciente ou onipresente, capaz de conhecer até os pensamentos mais íntimos dos personagens.
Por fim, o foco narrativo está associado à perspectiva de um ser real ou imaginário que relata um acontecimento. Esse ser é, então, considerado um narrador, ou uma voz narrativa, já que nem sempre ele pode ser identificado pelo leitor, que não deve confundir o narrador com aquele que o criou, ou seja, o autor de uma obra de ficção.
Nota
|1| Tradução de Alves Calado.