Envolver-se em... envolver-se com... Novamente estamos diante de uma circunstância linguística em que a regência verbal impera como fator determinante. Ela, por sua vez, além de integrar um dos importantes elementos gramaticais, representa também alvo de muitos questionamentos, dadas as suas peculiaridades.
Peculiaridades estas que nós, assíduos usuários do sistema linguístico, devemos estar sempre cientes, de modo a fazer uso da forma correta, toda vez que necessário for. Uma delas é termos consciência de que a regência verbal nada mais é do que a relação estabelecida entre o verbo e seus respectivos complementos, seja de forma direta, seja por intermédio de uma preposição –neste caso, o conhecimento da transitividade verbal é salutar. A outra é que, dependendo do contexto, o verbo obedece a regências distintas, como é o caso dos verbos transitivos indiretos, os quais requerem o uso da preposição (acompanhando o complemento), que pode variar.
Sendo assim, com base nesse último pressuposto, conheceremos agora as características inerentes ao verbo envolver. Dessa forma, constatemos alguns aspectos:
O verbo em questão, em se tratando do contexto em que estiver empregado, pode se classificar com transitivo direto, como por exemplo:
Tamanho era o frio, que rapidamente tivemos que envolvê-lo no cobertor.
Envolvi-a fortemente nos braços.
Constatamos que o pronome oblíquo “lo” representa o objeto direto, uma vez que representa alguém, podendo ser ele/ela/uma criança, etc., bem como o pronome oblíquo “a”, desenvolvendo a mesma função.
Quando na qualidade de transitivo indireto (alvo de nossa discussão), uma dúvida insiste em permanecer: envolver-se com ou envolver-se em? Vejamos, pois:
Fulano envolveu-se com escândalos. Ou seria envolveu-se em escândalos?
Neste caso, o sentido se refere a “ter envolvimento, participação”. Dessa forma, torna-se conveniente utilizarmos a preposição “em”. Assim sendo:
Fulano envolveu-se em escândalos.
Mas, afinal, quando devemos utilizar a preposição “com”?
Quando o complemento fizer referência a uma pessoa. Note o exemplo:
Ele envolveu-se com más companhias.
Como nossa língua é dinâmica, esse envolvimento pode também se referir a um relacionamento amoroso, como em:
Ela envolveu-se com o melhor amigo.