A textualidade é a união de uma série de elementos capazes de garantir que uma determinada produção escrita seja reconhecida como um texto. Quando elaboramos um texto, levamos em consideração dois aspectos fundamentais: a sua construção interna e as significações dela extraídas e os critérios extralinguísticos que envolvem, por exemplo, a receptividade de uma produção pela sua audiência.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre textualidade
- 2 - O que é textualidade?
- 3 - Fatores de textualidade
- 4 - Elementos da textualidade
- 5 - Diferença entre texto e textualidade
- 6 - Diferença entre textualidade e discursividade
Resumo sobre textualidade
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A textualidade é um conjunto de elementos que caracterizam um texto enquanto unidade.
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Os fatores de textualidade são dois: semânticos (linguísticos) e pragmáticos (extralinguísticos).
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Os fatores semânticos possuem dois elementos: a coesão e a coerência. Ambos são responsáveis por estabelecer os aspectos estruturais e lógico-semânticos no processo de textualidade.
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Os fatores pragmáticos correspondem aos elementos externos à estrutura da língua, sendo eles a intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade.
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O texto é o produto do processo de textualidade.
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A discursividade difere da textualidade por se tratar do processo de construção de um discurso que envolve um contexto sócio-histórico e um sistema de crenças e valores que influenciam na produção textual.
O que é textualidade?
A textualidade é entendida como um conjunto de características que definem o que é de fato um texto, diferindo-o de um conjunto desconexo de palavras e frases. Ela tem como objetivo garantir a compreensão do texto. Nesse sentido, fatores básicos ajudam a definir um texto.
Há os fatores semânticos, isto é, aqueles voltados para própria organização estrutural (coesão e coerência). Além disso, há os fatores extratextuais, que envolvem as condições de produção de um texto (intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade). A ausência deles pode acarretar em uma produção escrita que não forma um todo coeso. Vejamos o exemplo a seguir.
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Exemplo:
Desilusão. Telefone toca diz alô. Depois um minuto volto a trabalhar. Duas vezes me disseram não. |
A sentença acima é de difícil compreensão justamente por apresentar palavras e frases soltas, de modo que não ocorre qualquer amarração formando um todo coeso. Além disso, a ausência de informações extratextuais reforçam a nossa incapacidade de entendimento acerca do que se passa. O problema pode ser corrigido se fizermos as seguintes alterações:
Eu estava desiludido. De repente, o telefone toca e me volta a esperança. Eu digo “alô”. Ninguém me responde. Minutos depois, volto a trabalhar. Foi a segunda vez que me disseram não no mesmo dia. Desilusão. |
Com as devidas alterações, é possível compreendermos que a breve narrativa acima trata de uma personagem desiludida por esperar um contato que nunca vem. Ao ser enganada pela segunda vez, retoma a sua vida de desilusão.
Repare que o termo desilusão ao final da sentença faz sentido após toda a contextualização explicitada anteriormente. Desse modo, diferentemente do exemplo anterior, o segundo trecho pode ser caracterizado como um texto, pois se faz entender apresentando os principais elementos que evidenciam a textualidade.
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Fatores de textualidade
Os fatores de textualidade são essencialmente dois.
→ Fatores semânticos
Os fatores semânticos estão ligados à construção da estrutura interna do texto. Em outras palavras, estamos falando dos elementos de coesão e coerência.
→ Fatores pragmáticos ou extratextuais
Os fatores pragmáticos ou extratextuais se referem, como o próprio nome indica, a elementos que estão localizados fora da língua, mas que influenciam a sua produção.
Elementos da textualidade
A textualidade apresenta dois grupos distintos de fatores (semântico e pragmático), e cada um deles possui um conjunto de elementos.
→ Fatores semânticos
▪ Coesão
A coesão é a materialização da coerência por meio de marcadores linguísticos chamados conectivos (pronomes, elipses, artigos, tempos verbais, conjunções etc).
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Exemplo sem coesão: Come. Bebe. Dorme.
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Exemplo com coesão: Ele come logo pela manhã e, ao entardecer, bebe até o fim do expediente. Logo, dorme cedo.
Os termos marcados identificam um sujeito ao interlocutor (ele) e, além disso, oferecem uma série de elementos (ao entardecer, logo) capazes de darem fluidez e amarração ao texto. Podemos dizer que os elementos utilizados são marcas de coesão.
▪ Coerência
A coerência trata das construções lógicas e cognitivas em um texto. Uma construção coerente possui uma série de ideias conexas e bem fundamentas. Para que isso ocorra, a coerência deve atuar em consonância com a coesão.
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Exemplo sem coerência: Chega ao trabalho. Sai de casa.
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Exemplo com coerência: Sai de casa e, rapidamente, chega ao trabalho.
A relação lógica estabelecida é, evidentemente, quanto à ordem: 1) sair de casa e 2) chegar ao trabalho. Uma inversão, conforme o primeiro exemplo, resulta em um problema de coerência.
→ Fatores pragmáticos
▪ Intencionalidade
A intencionalidade refere-se à capacidade, por meio dos conhecimentos prévios que o autor possui, de satisfazer a uma determinada audiência. A intencionalidade diz respeito ao protagonista do ato comunicativo (aquele que escreve/enuncia).
▪ Aceitabilidade
A aceitabilidade está direcionada à outra ponta do processo comunicativo, isto é, ao leitor/receptor e como ele reage ao texto que recebe. Ela interfere na compreensão do texto, haja vista que o sentido não se constrói somente pela intenção do autor.
▪ Situacionalidade
A situacionalidade é o fator relacionado ao contexto em que um determinado texto se insere, tanto por parte da produção (escrita) quanto de seu resultado (leitura). Ela compreende, principalmente, as escolhas lexicais e seus significados. Assim, a depender da escolha dos termos, eles podem produzir significados distintos.
▪ Informatividade
A informatividade está relacionada às informações obtidas por meio de um texto. Em outras palavras, um texto precisa partir de um lugar-comum do leitor e, no seu decorrer, ser capaz de oferecer informações novas.
▪ Intertextualidade
A intertextualidade é a consolidação de um intercâmbio entre textos. Dessa forma, um texto parte de outro para construir seus significados. Um texto sempre estabelece, portanto, uma relação de intertextualidade com outro. A diferença está na marcação explícita ou não da intertextualidade em uma produção escrita.
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Diferença entre texto e textualidade
A textualidade é um conjunto de fatores (semânticos e pragmáticos) capazes de caracterizar uma produção como um texto. Assim, um texto se constitui como o resultado de um processo de textualidade.
Em outras palavras, o texto é uma unidade de significação formulada por meio de um conjunto de elementos (coesão, coerência, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e intertextualidade) que garantem que não haja apenas um emaranhado de palavras e frases desconexas.
Diferença entre textualidade e discursividade
A textualidade e a discursividade funcionam ambas por meio de fatores extralinguísticos, isto é, pelo que se encontra fora da estrutura da língua. No entanto, a textualidade está atrelada aos processos de produção e recepção dos textos. Por outro lado, a discursividade remete ao processo de produção do discurso, e não do texto.
Um discurso é, dentro do campo dos estudos da linguagem, a junção de elementos linguísticos (textos) com ideologias (crenças e visões de mundo) perpassados pelas condições históricas de uma determinada época.