Entendemos que o texto narrativo se caracteriza pelo relato de um determinado acontecimento. Assim, para que a história (o enredo) seja dotada de sentido, ela conta com a participação de alguns elementos imprescindíveis à sua desenvoltura, razão pela qual o artigo em questão tem por finalidade evidenciar de forma detalhada as características inerentes a tais elementos. Dessa forma, atentemo-nos aos pressupostos que seguem:
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Personagens
Semelhantemente a outros elementos, concebem-se como fundamentais ao enredo. Caracterizam-se como peças fundamentais que, de acordo com a habilidade do emissor, vão se tornando cada vez mais familiares aos nossos olhos, à medida que participamos ativamente da história.
As personagens, por sua vez, não precisam ser adornadas ao extremo nem desajustadas ao ponto de “fugir do convencional”. Basta apenas que sejam bem construídas, obedecendo aos padrões de coerência.
Dessa forma, há aquelas personagens que revelam sua participação na história de forma mais contundente – também conhecidas como protagonistas, heróis ou personagens principais. Como também existem as que se opõem a elas – denominadas de antagonistas, que nem por isso ficam em segundo plano mediante o transcorrer dos fatos. Juntamente com elas há outras – concebidas como secundárias, as quais colaboram para a sustentação da trama.
Tempo
Revela sua fundamental importância, pois retrata a duração em que se dá a ação. Podendo este ser cronológico, ou seja, demarcado pelos dias, meses, anos, séculos, horas, minutos, segundos. E o psicológico – relativo à duração interior dos acontecimentos – vivenciado pelas lembranças e pelos sentimentos das personagens. Por isso, nele percebemos que muitas vezes há a fusão do presente, passado e futuro.
Espaço
Assim como ocorre no tempo, há o espaço físico – o qual revela o ambiente onde se movem as personagens, podendo ser ao ar livre, numa choupana, numa bela praia, enfim, entre tantos outros lugares. Existem determinadas narrativas, como, por exemplo, os romances regionalistas, os quais são amplamente determinados pelas características do local onde os fatos se desenrolam. Quanto ao espaço psicológico, este é revelado pela experiência subjetiva dos participantes.
Narrador
Age como uma espécie de intermediário entre a história contada e o receptor, podendo atuar de distintas formas, entre as quais destacamos:
→ Narrador-personagem
Nesta modalidade ele participa de alguma forma do enredo, pois, ao mesmo tempo em que conta, demonstra também sua cota de envolvimento com a trama, geralmente narrada em 1ª pessoa.
→ Narrador-observador
Neste caso, a narrativa revela-se em 3ª pessoa, visto que o narrador apenas observa do lado “de fora” e, de forma imparcial, repassa ao leitor o que realmente acontece, limitando-se a revelar somente o que vê, nada mais que isso.
→ Narrador-onisciente
Este, além de saber tudo sobre o enredo, ainda sabe até o que os personagens pensam, revelando ao leitor os pensamentos e os sentimentos mais íntimos destes. Chega, às vezes, a revelar até o que as personagens nem sabem, fundindo-se no que chamamos de discurso indireto livre – o qual é narrado em 3ª pessoa e a voz do narrador muitas vezes se confunde com o pensamento dos participantes.
Um importante detalhe ao qual devemos nos atentar reside no fato de que nunca podemos confundir autor com narrador. O autor revela-se como uma pessoa de carne e osso, como é o caso de Machado de Assis, Eça de Queiroz, Clarice Lispector, como também pode ser qualquer outra pessoa, não apenas representante da arte literária em si.
O narrador é quem se revela como uma personagem de total autonomia para dar rumo aos fatos que deseja relatar, pois o enredo somente se materializa porque ele existe.
Discurso
Relaciona-se à própria mensagem que nos é transmitida, sendo que esta pode se materializar de formas diversas, expressas por:
→ Discurso direto
Nele, a fala das personagens é revelada na íntegra, ou seja, tal e qual acontecem. Para tanto, o diálogo, além de ser expresso com base nos sinais de pontuação adequados, conta com a participação dos chamados verbos de elocução, na maioria das vezes revelados por: dizer, afirmar, interrogar, retrucar, gritar, negar, entre outros.
→ Discurso indireto
Agora, ao invés de haver a participação direta, o narrador é quem se encarrega de retratá-la, por intermédio de suas próprias palavras.
→ Discurso indireto livre
Ocorre quando o narrador insere de forma discreta os sentimentos das personagens ou até mesmo a fala das personagens à sua – chegando ao ponto de não haver distinção entre ambas.
Aproveite para conferir as nossas videoaulas relacionadas ao assunto: