Em se tratando da classe gramatical ora representada pelos verbos há de se afirmar que as dúvidas representam uma recorrência inquestionável. Dessa forma, será possível observar aqui a diferença demarcada entre a discordância gráfica e a irregularidade verbal. Para tanto, analise o que nos apresenta Celso Cunha e Lindley Cintra, em sua Gramática do Português Contemporâneo (1985):
* Alguns verbos referentes à primeira conjugação, cujos radicais terminam em “-ç”, “-c” e “-g”, mudam essas letras, respectivamente, para “-qu”, “-c”, e “-gu”, sempre que o “-e” lhes seguir. Veja alguns exemplos:
ficar – fiquei
justiçar – justicei
chegar – cheguei
* Os verbos referentes à segunda e à terceira conjugações, cujos radicais terminam em “-c”, “-g” e “-gu”, mudam tais letras para, respectivamente, “-ç”, “-j” e “-g”. Atente-se a alguns casos:
vencer – venço – vença
tanger – tanjo – tanja
erguer – ergo – erga
restringir – restrinjo – restrinja
extinguir – extingo – extinga
Como podemos perceber, tais exemplos representam apenas acomodações gráficas, as quais em nada se assemelham à irregularidade verbal, ora submetidas ao convencionalismo preconizado pelos postulados gramaticais, sobretudo aqueles que dizem respeito a questões ortográficas.
CUNHA, Celso. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.