O assunto que ora nos propomos a discutir – desvios linguísticos na linguagem publicitária –, levanta o seguinte questionamento: em se tratando do referido contexto comunicativo, poderiam ser eles considerados realmente como desvios? Pensemos mais um pouco: todo e qualquer ato comunicativo traz em si um intuito, uma finalidade. A intenção do emissor é atingir aquilo que se espera de seu interlocutor.
Sendo assim, como na linguagem publicitária prevalece o caráter subjetivo da língua, no intuito de ilustrarmos o que estamos dizendo, vamos citar uma conhecida propaganda, expressa por:
“VEM PRA CAIXA VOCÊ TAMBÉM”
Constatamos que em se tratando do modo imperativo, o emissor deveria ter optado por “venha”, e não “vem”. Caso as regras gramaticais tivessem prevalecido, certamente que a harmonia melódica teria se desfeito. Simples! É só olharmos que “vem” rima com “também”. Assim, imaginemos:
Venha para Caixa você também.
Ou ainda:
Vem pra caixa tu também, bem ao gosto do linguajar gaúcho. Até que a rima seria mantida, mas só teria aceitabilidade naquela região.
Dessa forma, além de “desviar” para a informalidade, em especial utilizando “pra” em vez de “para”, a propaganda ainda preferiu trocar o “tu” por “você” – pronome considerado como segunda pessoa indireta.
Não somente no contexto publicitário tal manifestação tende a se revelar, mas também nas letras musicais e na linguagem literária como um todo – dada a presença da licença poética, concebida ao artista.