Colocação das palavras na Língua Portuguesa

Apresenta-se como vasta a colocação das palavras na Língua Portuguesa, relacionada, obviamente, a critérios específicos
Apresenta-se como vasta a colocação das palavras na Língua Portuguesa, relacionada, obviamente, a critérios específicos

Um dos fatores da textualidade, isto é, o princípio regido pela clareza, precisão e objetividade das ideias abordadas numa determinada situação comunicativa, diz respeito à ordem direta das palavras. Tal fato remete, portanto, à disposição das palavras, uma vez manifestada por:

SUJEITO + PREDICADO + COMPLEMENTO DO VERBO + ADJUNTO ADVERBIAL

Partindo desse princípio, temos:

O aluno recitou a poesia pausadamente
Sujeito Predicado Objeto direto Adjunto adverbial de modo

Contudo, a Língua Portuguesa nos disponibiliza uma série de recursos dos quais podemos fazer uso, no sentido de conferir um caráter mais enfático às mensagens que proferimos, sem que isso em nada altere a clareza do discurso. Dessa forma, subsidiando-nos no exemplo anterior, outras posições ocupariam os elementosconstituintes do enunciado, tais como:

Pausadamente, o aluno recitou a poesia.
O aluno, pausadamente, recitou a poesia.

Constatamos que o nexo semântico e o nexo sintático foram de todo preservados, apenas o que mudou foi a ordem das palavras no enunciado.

Cabe ressaltar, porém, que essa diversidade, mesmo estando ao nosso inteiro dispor, encontra-se relacionada, submetida a princípios pré-determinados. Nesse sentido, colocando-nos como bons usuários da língua, constatemos alguns deles, conscientizando-nos de que estão em função de determinantes específicos, entre eles:

# Harmonia e clareza;
# Clareza de significado;
# Expressividade ou efeitos de estilo.

Partindo do pressuposto de que as frases, orações e, consequentemente, os períodos são resultantes de uma combinação de sons que provém dos arranjos fonéticos que se materializam, primeiramente, por meio das sílabas e depois por meio das palavras que, vez por todas, acabam se incorporando ao nosso léxico, dependendo da forma como as dispomos na oração, obtemos um som agradável, harmonioso. Outras, nem tanto, fato que, indubitavelmente causa certo estranhamento aos nossos ouvidos. Vejamos um caso bem representativo:

Aborreci-te com minhas lamentações?

Constatamos de forma evidente que o uso da ênclise provocou, em termos sonoros, um aspecto desagradável, uma vez materializado por “aborrecite”.

Para desfazer esse “mal-entendido linguístico” basta fazermos uso da próclise, haja vista que em termos fonéticos a situação se inverterá:

Eu te aborreci com minhas lamentações.

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Outro aspecto, não menos importante, refere-se à clareza de significado, caso contrário a interlocução estará totalmente comprometida. Dessa forma, o sentido ambíguo das palavras representa fator preponderante nesse processo, pois se há ambiguidade, há duplo sentido.

Constatemos um caso ilustrativo:

Ele pegou o ônibus correndo.

Seria o ônibus que estava correndo ou seria a pessoa que estava por ele esperando? Então, retificando o enunciado em questão, no sentido de manter a clareza do enunciado, temos:

Correndo, ele pegou o ônibus.

Juntando-se a todos esses aspectos se encontra o fator expressividade que, por sua vez, mantém uma estreita relação com os efeitos estilísticos que o emissor deseja conferir ao discurso que profere. Uma das diferenças que atestamos quanto à opção por esta ou aquela forma refere-se à colocação do adjetivo antes do substantivo.

Verifiquemos, pois, um exemplo:

Paulo é um grande homem.
                      
                X

Paulo é um homem grande.
                      

No primeiro dos enunciados se torna nítido um aspecto mais impressivo e subjetivo, enquanto que no segundo constatamos uma carga mais objetiva no que se refere à qualificação (demarcada pelo adjetivo) ora atribuída ao substantivo.

Não menos importante se faz presente a colocação que se refere ao significado de algumas palavras, visto que dependendo da maneira como se apresentam dispostas, revelam sentidos distintos. Por isso, mais uma vez ressaltamos para o fato da importância de termos conhecimento dessa leva de peculiaridades. Eis os exemplos que seguem:

Alguma explicação ele dará acerca do fato ocorrido.
                          X
Explicação alguma ele dará acerca do fato ocorrido.

Inferimos que essa relação de contraste (sentido positivo X negativo) que, porventura, há entre as palavras, influencia de forma direta na solidez e na precisão dos argumentos firmados pelo emissor, tendo em vista que todo ato comunicativo cumpre uma finalidade específica, por ele (emissor) determinada.

Por: Vânia Maria do Nascimento Duarte