O objetivo de todo produtor é criar um texto perfeito, não é verdade? Entretanto, para escrever bem, além de ser um leitor competente, é necessário considerar alguns fatores, tais como: simplicidade, originalidade etc. Além disso, o público alvo, a intencionalidade discursiva e a finalidade do texto também devem ser considerados no momento da produção, pois as qualidades textuais (clareza, coesão e coerência) estão relacionadas a essas escolhas. A seguir, estudaremos sobre a coerência textual, recurso que dá sentido ao texto.
A coerência textual atua no campo das ideias, enquanto a coesão trabalha com as palavras. Embora aparentemente estejam em campos opostos, a união entre elas torna o texto lógico. Entretanto, é possível que um texto não apresente nenhum conectivo e seja coerente, mas quando há conectivos, é preciso usá-los com atenção, já que o mau uso desses elementos pode deixar o texto incoerente (sem sentido). Acompanhe:
Estudou tanto, logo tirou nota ruim.
No exemplo, a conjunção coordenativa conclusiva logo está adequada à frase? O que foi dito era realmente o que o emissor queria? Aqui, é possível ver que a intenção era informar sua frustração por ter estudado, mas não ter conseguido boa nota. Entretanto, ao utilizar mal a conjunção, estabeleceu-se sentido contrário, ou seja, a mensagem transmitida foi que a nota ruim foi proveniente do fato de ter estudado muito. Isso é lógico? Faz sentido? Claro que não! Viram como é importante escolher bem o conectivo? Fique atento, pois a coesão pode interferir na coerência do texto.
A coerência também está relacionada ao gênero textual, mas em que aspectos? Entenda o seguinte, ao escolher um gênero textual, suas características devem ser levadas em consideração (finalidade, público, linguagem etc.), por isso, esses são pressupostos para julgarmos, por exemplo, se é coerente escrever uma notícia em linguagem conotativa (sentido figurado). Analisando nossos conhecimentos prévios acerca desse gênero (notícia), percebemos que a linguagem adequada a esse contexto é a denotativa (sentido real). Perceba, então, que não são somente as ideias que podem tornar um texto incoerente, mas aspectos externos como a adequação ao gênero proposto.
Outro aspecto a ser considerado quando o assunto é a coerência textual é a adequação linguística. Alguém que está explicando o conceito, por exemplo, de biodiversidade para uma criança não pode utilizar a mesma linguagem que utilizaria para falar para estudantes de biologia. Um advogado em um tribunal não utilizará a mesma forma de linguagem que usa para falar com um amigo no futebol. Isso tudo deve ser considerado no momento da produção, pois é possível que um texto esteja totalmente coeso, ou seja, com todos os conectivos, mas sem coerência, pois a linguagem não está adequada ao público.
A coerência também está relacionada aos conhecimentos prévios do leitor, por exemplo, o texto pode estar adequado quanto à linguagem, quanto ao gênero, as ideias podem estar harmônicas, mas se o produtor do texto traz alguma informação contrária à lógica conhecida pelo leitor, haverá incoerência. Imagine alguém escrevendo um texto sobre suas férias de verão no Nordeste e dizendo que lá nevou muito, por isso não pôde aproveitar as praias ou que, ao mergulhar nas piscinas naturais, viu um peixe que morreu afogado. Ora, todos sabem que não há neve no Nordeste e que os peixes foram criados para viver na água, logo, não morrem afogados. É importante, então, prestar atenção às afirmações para ver se são lógicas, para que o texto não se torne incoerente.
Em síntese, coerência textual relaciona-se à lógica, à não contradição, à adequação ao gênero e à linguagem. Além disso, para um texto ser coerente, deve haver harmonia entre as partes, logo, início, meio e fim precisam seguir uma sequência lógica para que o leitor consiga entender o sentido do texto.