A poesia, assim como a maioria das artes, visa ao belo, ao prazer estético. O artista, levando em conta toda sua habilidade, consegue despertar no leitor a emoção, o sentimentalismo, que somente um texto dessa categoria alcança.
Para tanto, o artista utiliza-se de distintos recursos, ora formais, ora estilísticos, como é o caso das figuras de linguagem. Falando naqueles recursos considerados formais, retratados pelo ritmo, pelas rimas e pela métrica, nosso intento é fazer com que você, caro (a) usuário (a), estabeleça um pouco mais de familiaridade com as características que norteiam um deles, as rimas, as quais adquirem classificações variadas, a depender da escolha das próprias palavras. Assim, vejamos:
Rimas pobres
Tal categoria assim se manifesta em virtude da escolha das palavras pertencentes à mesma categoria gramatical. Contudo, vale dizer que ao citarmos um exemplo, como o abaixo representado, não significa que o autor mereça ser jugado desta ou daquela forma. Importante é saber que tudo se trata, como já expresso, da escolha, nada mais. Constatemos, pois, um caso representativo:
Soneto de separação
[...]
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
[...]
Vinícius de Moraes
Há de se constatar que os vocábulos “vento/pressentimento” e “chama/drama” pertencem à mesma categoria – representada pelos substantivos.
Rimas ricas
São assim consideradas pelo fato de a habilidade do artista resultar na escolha de palavras pertencentes a categorias gramaticais diferentes, como é o caso do poeta parnasiano Olavo Bilac, mestre na arte de versejar:
Dormes
[..]
São meus versos! Palpita a minha vida
Neles, falenas que a saudade eleva
De meu seio, e que vão, rompendo a treva,
Encher teus sonhos, pomba adormecida!
[...]
Infere-se tratar de um manejo especial com as palavras, no qual se obtém a combinação de um substantivo = vida, com um adjetivo = adormecida; bem como um verbo = eleva, com um substantivo = treva.
Rimas raras ou preciosas
Assim se classificam em virtude da escolha de palavras cuja combinação não se mostra assim tão recorrente, haja vista que se constituem de terminações incomuns, difíceis de serem encontradas.
Como exemplo de tal modalidade, citamos alguns fragmentos extraídos do poema Argila, de Raul de Leoni:
[...]
É tanta a glória que nos encaminha
Em nosso amor de seleção, profundo,
Que (ouço ao longe o oráculo de Elêusis)
Se um dia eu fosse teu e fosses minha,
O nosso amor conceberia um mundo
E do teu ventre nasceriam deuses...
Os vocábulos “Elêusis/deuses” se apresentam semelhantes em se tratando de termos sonoros. Ainda que haja uma diferença entre as letras “i” (Elêusis) e “e” (deuses), o som entre ambas se mostra idêntico.
Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada ao assunto: