O Barroco é um termo usado para representar todas as manifestações artísticas que ocorreram entre 1600 e início de 1700. Em razão do ano de seu surgimento, também ficou conhecido por Seiscentismo. Manifestou-se primeiramente nas artes plásticas, atingindo, posteriormente, a literatura, o teatro e a música. Nasceu na Itália, sendo difundido por toda a Europa, entretanto, no Brasil, seu início foi tardio, pois só chegou com os jesuítas, no final do século XVI, aproximadamente após 100 anos que já vigorava na Europa.
Os jesuítas objetivavam a catequização, por isso, toda sua obra literária era voltada para esse fim. O homem, que estava em crise entre os valores terrenos e os celestiais, entre a razão e a fé, entre o pecado e o perdão, precisava encontrar seu caminho. Era essa necessidade de salvação que impulsionava os jesuítas. O grande orador sacro do Barroco brasileiro foi o Padre Antônio Vieira, um de seus principais sermões foi o Sermão da Sexagésima.
O marco do Barroco brasileiro ocorreu em 1601, com a publicação da obra “Prosopopeia”, de Bento Teixeira. Embora considerada por alguns críticos de pouco valor estético, ela obteve o seu destaque por ter sido a primeira obra que escreveu sobre as questões brasileiras. Nela, o poeta elogiou os donatários da capitania de Pernambuco e contou sobre o naufrágio de um deles. Leia o poema:
I
Cantem Poetas o Poder Romano,
Sobmetendo Nações ao jugo duro;
O Mantuano pinte o Rei Troiano,
Descendo à confusão do Reino escuro;
Que eu canto um Albuquerque soberano,
Da Fé, da cara Pátria firme muro,
Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira,
Pode estancar a Lácia e Grega lira.
II
As Délficas irmãs chamar não quero,
que tal invocação é vão estudo;
Aquele chamo só, de quem espero
A vida que se espera em fim de tudo.
Ele fará meu Verso tão sincero,
Quanto fora sem ele tosco e rudo,
Que per rezão negar não deve o menos
Quem deu o mais a míseros terrenos.
Bento Teixeira teve sua importância para o Barroco brasileiro, no entanto, o grande nome dessa estética no Brasil foi Gregório de Matos, que embora não tenha tido nenhum de seus poemas publicados em vida, foi considerado síntese e ícone dessa estética literária. Suas obras constantemente apresentavam a dicotomia barroca (fé X razão, pecado X perdão, etc.), construída através das figuras de linguagem e das inversões. As antíteses (palavras opostas) e paradoxos (ideias contrárias), marcas da poética barroca, representavam bem os conflitos vivenciados na época (luta entre a espiritualidade da Idade Média e o antropocentrismo do Renascimento). Leia o poema:
A Jesus Cristo Nosso Senhor
Gregório de Matos Guerra
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Antes, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
Na escultura, o grande destaque foi o arquiteto mineiro Antônio Francisco de Lisboa, conhecido por Aleijadinho. Sua obra feita em madeira e pedra-sabão possui um forte caráter religioso.
Minas Gerais, nessa época, era uma das cidades mais influentes do Brasil, cidade rica, que vivia o século do ouro, possuindo uma agitada vida social e artística. Além de Aleijadinho, Manuel da Costa Ataíde, o mestre Ataíde, foi outro importante nome das artes barrocas, destacando–se na pintura.
O século XVIII marcou o fim do Barroco no Brasil, entretanto, as artes barrocas estão presentes em muitas cidades brasileiras, especialmente em Minas Gerais e na Bahia.
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