A assonância é uma figura de linguagem em que há expressão por meio de sons vocálicos, o que pode gerar diferentes efeitos no texto. A assonância não deve ser confundida com a aliteração, figura marcada pela repetição de sons consonantais.
Leia também: Eufemismo – figura de linguagem que visa a suavizar determinada mensagem
Tópicos deste artigo
- 1 - O que é assonância?
- 2 - Exemplos de assonância
- 3 - Diferença entre assonância e aliteração
- 4 - Exercícios resolvidos
O que é assonância?
A assonância é uma figura de linguagem que trabalha a repetição de sons vocálicos (isto é, a repetição dos sons das vogais). Por isso, também é classificada como uma figura de som (também chamada de figura sonora ou figura de harmonia), que é o tipo de figura de linguagem atrelado à sonoridade para criar efeitos de sentido.
Os efeitos criados pela assonância estão ligados ao uso e à repetição das vogais. Assim, vogais mais abertas, como A, É ou Ó, podem passar um tipo de efeito, enquanto vogais mais fechadas, como E, I, O ou U, passam outro. Note que a acentuação nas vogais também influencia esses efeitos de sentido, já que isso se relaciona com as articulações feitas pelo sistema fonológico para reproduzir os sons. O mesmo também vale para vogais nasalizadas, como à e Õ. Sendo assim, quais interpretações podem ser feitas por meio das repetições desses sons? Veja nos exemplos.
Exemplos de assonância
Quando se relaciona o contexto e a musicalidade, a assonância pode criar diversos efeitos no enunciado. A predominância de vogais mais abertas pode passar a sensação de abertura, alegria, expansão, entre outras ideias mais enérgicas.
“Abra suas asas
Solte suas feras
Caia na gandaia
Entre nessa festa”
(Nelson Motta / Rubens Queiroz)
“Há por tudo a alegria e o rumor de um noivado /
Em torno a cada ninho anda bailando uma asa /
E, como sobre um leito um alvo cortinado, /
Alva, a luz do luar cai sobre a tua casa”
(Olavo Bilac)
A predominância de vogais mais fechadas, por outro lado, pode passar a sensação de fechamento, tristeza, retraimento, entre outras ideias de placidez ou mistério.
“Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.”
(Cecília Meireles)
Diferença entre assonância e aliteração
Enquanto a assonância explora o som vocálico para criar efeitos no discurso, a aliteração é a figura que trabalha com os sons consonantais, ou seja, os sons das consoantes, para gerar novos efeitos. A aliteração também é muito utilizada na linguagem poética e para gerar musicalidade ou efeitos de sentido. Veja:
“O tapa estalou tanto quanto um prato espatifado.”
No exemplo, a repetição das consoantes T e P ajuda a reforçar o som do estalo do tapa que foi dado. Note que, nesse caso, há também repetição da vogal A, sendo um típico caso em que aliteração e assonância são usadas em conjunto para gerar efeitos no enunciado. Para saber mais sobre essa outra figura sonora, leia o texto: Aliteração.
Exercícios resolvidos
Questão 1 - (FIP) Observe a sequência de frases abaixo e responda a seguir.
(1) E no dia lindo vi que vinhas vindo, minha vida. (Guilherme de Almeida)
(2) Conhecer as manhas e as manhãs. (Almir Sater e Renato Teixeira)
(3) E as cantilenas de serenos sons amenos fogem fluidas. (Eugênio de Castro)
Nas frases apresentadas em (1), (2) e (3), temos, respectivamente, as seguintes figuras de estilo que exploram a sonoridade das palavras:
A) assonância, paranomásia e aliteração.
B) onomatopeia, assonância e paranomásia.
C) aliteração, onomatopeia e assonância.
D) paranomásia, assonância e aliteração.
E) assonância, onomatopeia e paranomásia.
Resolução
Alternativa A. No primeiro enunciado, há assonância pela repetição da vogal I. No segundo, há paranomásia pelo emprego das palavras “manhas” e “manhãs”. No terceiro, há aliteração pela repetição das consoantes N, S e F.
Questão 2 - (Fundep)
desconjugações
informo
informas
eles, infames
digo
dizes
eles, ditadores
milito
militas
eles, militares
torço
torces
eles, torturadores
mendigo
mendigas
eles, mentirosos
golfo
golfas
eles, golpistas
ladro
ladras
eles, ladrões
bandeio
bandeias
eles, bandidos
trabalho
trabalhas
eles, trapaceiros
hipoteco
hipotecas
eles, hipócritas
trago
trazes
eles, traidores
raciocino
raciocinas
eles, racistas
homogeneízo
homogeneízas
eles, homofóbicos
fascino
fascinas
eles, fascistas
Aldo Votto. Disponível em: <http://avozpublicadapoesia.blogspot.com/2018/02/desconjugacoes.html>. Acesso em: 10 mar. 2019.
O poema “desconjugações” utiliza, como recurso expressivo no interior dos versos, ora a repetição de sons consonantais, como em “digo, / dizes, / [...] ditadores”, ora a repetição de sons vocálicos, como em “informo, / informas, / [...] infames”.
Esses recursos expressivos denominam-se, respectivamente,
A) aliteração e assonância.
B) anacoluto e aliteração.
C) anáfora e polissíndeto.
D) assonância e metáfora.
Resolução
Alternativa A. A repetição de sons consonantais chama-se aliteração, enquanto a repetição de sons vocálicos é chamada de assonância.