Aposto

O aposto é um termo acessório da oração que exerce várias funções, como explicar, especificar, comparar, entre outras.

Imagem indicando quais são os tipos de aposto.
O aposto é um termo acessório da oração. (Créditos: Gabriel Franco | PrePara Enem)

O aposto é um termo acessório da oração. Ele está relacionado a um substantivo, pronome ou verbo da oração. De acordo com sua função, ele pode ser explicativo, enumerativo, recapitulativo/resumidor, comparativo, distributivo, circunstancial, de especificação ou da oração.

Leia também: Adjunto adnominal — detalhes sobre outro termo acessório da oração

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o aposto

  • O aposto é um termo acessório da oração.

  • É uma palavra ou expressão que aparece junto a substantivos, pronomes ou verbos.

  • Ele pode ser classificado como:

    • explicativo;

    • enumerativo;

    • recapitulativo/resumidor;

    • comparativo;

    • distributivo;

    • circunstancial;

    • de especificação;

    • da oração.

  • Diferentemente do aposto, o vocativo é um termo independente e consiste em um chamamento ou invocação.

O que é o aposto?

Termo acessório da oração, o aposto é uma palavra ou expressão que acompanha o substantivo, o pronome, o verbo ou a própria oração. E tem por objetivo explicar, especificar, comparar, entre outras funções. Por exemplo, na frase abaixo, o aposto tem função comparativa:

O carro, arma letal, estava nas mãos de irresponsáveis motoristas.

Já o aposto do próximo enunciado apresenta caráter especificativo:

O rio Ganges é considerado sagrado pelos hindus.

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Classificações do aposto

Aposto explicativo

Chica da Silva, famosa personagem histórica, já foi tema de filme e telenovela.

O aposto “famosa personagem histórica” explica ou identifica quem é Chica da Silva.

Aposto enumerativo

Só quero te dar três coisas: amizade, carinho e respeito.

O aposto “amizade, carinho e respeito” enumera os elementos que compõem um termo da oração, ou seja, aponta o que são as “três coisas”.

Aposto recapitulativo ou resumidor

A praia, a montanha e a neve, todas fazem parte da minha história.

O aposto “todas” recapitula ou resume os elementos mencionados na oração, isto é, “a praia, a montanha e a neve”.

Aposto comparativo

O planeta, casa acolhedora, está sendo destruído.

O aposto “casa acolhedora” apresenta uma comparação implícita com outro elemento da oração, ou seja, o enunciado afirma que o “planeta” é como uma “casa acolhedora”.

Aposto distributivo

Comprei três camisas: uma para o Roberto e duas para o Diogo.

O aposto “uma para o Roberto e duas para o Diogo” indica a distribuição das “três camisas”.

Aposto circunstancial

Já velho, precisou rever seus preconceitos

O aposto “já velho” aponta uma circunstância (no caso, de tempo) associada à oração “precisou rever seus preconceitos”.

Importante: A doutora Márcia Teixeira Nogueira, no seu texto Indeterminações de fronteira da aposição: o chamado aposto circunstancial, escreve: “Segundo Epifânio da Silva Dias, tal aposto é empregado quando se pretende exprimir ‘tempo, hipótese, concessão, causa, comparação, ou debaixo de que respeito é considerada a pessoa ou cousa’. Gramáticos como Brandão e Bechara também identificam tais construções como apositivas, inclusive quando elas são antecedidas de preposição, conjunção ou advérbio. Por outro lado, outros estudiosos da língua portuguesa, como Kehdi, preferem analisar tal expressão como orações adverbiais com verbo elíptico, ou mesmo como adjuntos adverbiais. Alguns gramáticos, como Gama Kury, optam por analisar tais estruturas como predicativos circunstanciais de orações adverbiais com predicado nominal”.

Aposto de especificação

Houve uma onda de calor no dia 15 de novembro.

O aposto “15 de novembro” especifica um termo genérico, isto é, “dia”. Note que o aposto “15 de novembro” não é uma qualidade do substantivo “dia”. Por isso, não se confunde com o adjunto adnominal.

Aposto da oração

Pedro não sabe o que é mudança climática, evidência de sua ignorância.

O aposto “evidência de sua ignorância” é uma observação acerca do que foi afirmado na oração.

Outro exemplo de aposto da oração é:

Pedro nunca ouviu nada sobre a mudança climática, o que demonstra sua alienação.

Nesse caso, o aposto “o” sintetiza ou traz em si a oração “Pedro nunca ouviu nada sobre a mudança climática”.

Qual é a posição do aposto na frase?

O aposto pode aparecer no início, no meio ou no fim de uma frase. Veja:

Luz preciosa, a razão leva à evolução humana.

Pier Paolo Pasolini, cineasta e escritor italiano, é autor do livro Teorema.

A escova, o perfume e o pente — tudo me lembra você.

Só quero isto: livros e filmes.

Normalmente, o aposto vem acompanhado de vírgula, dois-pontos ou travessão. Uma exceção é o aposto especificativo:

Pier Paolo Pasolini, cineasta e escritor italiano, é autor do livro Teorema.

Frases com aposto

Meu computador, uma janela para o mundo, é meu companheiro inseparável.

A praça da Bastilha fica em Paris.

Fassbinder, diretor de cinema alemão, é um gênio da sétima arte.

Este livro apresenta duas importantes características: bom preço e boa diagramação.

Sonhos, esperanças e amores, tudo em vão.

Pegue esses doces — os vermelhos para você, e os azuis para a sua irmã.

Jovem, não pensava nunca na morte.

São pessoas irresponsáveis, fato que me incomoda.

Dormi apenas duas horas, o que estragou o meu dia.

Quais as diferenças entre aposto e vocativo?

  • Aposto: é um termo acessório da oração e tem a tarefa de explicar, comparar, especificar, entre outras funções. Ele faz referência a um substantivo, pronome, verbo ou à própria oração. A frase, a seguir, é um exemplo de aposto explicativo relacionado ao substantivo “Marianne”:

Marianne, a professora de Literatura, ama Clarice Lispector.

  • Vocativo: é um termo independente, pois não depende de nenhum termo da oração para fazer sentido. E consiste em um chamamento, uma invocação:

Marianne, ainda não terminei de ler o romance que você me emprestou.

Observe que “Marianne” é a interlocutora do enunciador da frase. Esse enunciador, portanto, está falando com ela e não sobre ela. Assim, ele chama ou invoca sua interlocutora.

Como está evidente no exemplo anterior, o vocativo sempre vem acompanhado de vírgula, mas também pode ser seguido de exclamação:

Ainda não terminei de ler, professora, o romance que você me emprestou.

Marianne! Ainda não terminei de ler o romance que você me emprestou.

Para saber mais detalhes sobre a diferença entre aposto e vocativo, clique aqui.

Exercícios resolvidos sobre aposto

Questão 1

(Unimontes)

VIRAMOS ESCRAVOS DA TECNOLOGIA?
(Por Caroline Mariano e Nina Neres/ São Paulo; Lucas Rossi/ Estados Unidos)

Nas mudanças comportamentais e sociais que smartphones, softwares, tablets, aplicativos e redes sociais estão provocando, o trabalho tem um papel central. Talvez o escritório seja o lugar em que as marcas da tecnologia sejam as mais profundas — tanto as boas quanto as ruins. Uma pesquisa feita em 2012 pelas consultorias McKinsey e IDC aponta que, nos últimos quatro anos, ferramentas colaborativas aprimoraram a eficiência de processos corporativos. Das mais de 2.000 companhias consultadas pela pesquisa, 74% afirmam que o acesso ao conhecimento aumentou, 58% declaram ter reduzido custos de comunicação, 40% conseguiram um aumento na satisfação dos funcionários.

Mas a tecnologia criou novos problemas profissionais. Um deles, aparentemente simples de resolver, é a distração. Estamos disponíveis para receber mensagens e estímulos eletrônicos o tempo inteiro. Um estudo da Universidade da Califórnia, campus de Irvine, mostra que profissionais que trabalham em frente de um computador são interrompidos (ou interrompem-se espontaneamente) a cada três minutos. Toda vez que isso ocorre, leva-se até 23 minutos para retomar a tarefa. “Em uma semana, um profissional distraído perdeu muitas horas de trabalho”, diz o psiquiatra Frederico Porto, consultor da LHH/ DBM, empresa de recolocação de executivos, de Belo Horizonte. “Além disso, o desgaste mental de mudar de uma atividade para outra faz a pessoa ficar muito mais cansada”, diz Frederico.

A tecnologia também tem efeitos sérios sobre a ansiedade. De acordo com Kelly McGonigal, PhD em psicologia e professora da escola de negócios da Universidade Stanford, em São Francisco, o sistema de recompensa do cérebro, o mesmo que nos faz ingerir alimentos para não morrer de fome, se adaptou à era digital e hoje é carente também da informação. A consequência é sentir necessidade de consumir notícias como se sente vontade de jantar. Essa avidez por atualização se reflete no trabalho de algumas maneiras. Em primeiro lugar, ela causa um aumento da insegurança: os profissionais sentem-se na obrigação de estar disponíveis 24 horas por dia, já que o trabalho não fica mais restrito ao escritório. Além disso, as pessoas passam mais tempo observando os outros nas redes sociais e fazendo comparações. Com isso, elas deixam de se medir com o colega para se comparar, no limite, com todos os usuários do LinkedIn, o que pode ser

terrível para a autoestima. O mesmo hábito faz a pessoa conviver com a sensação de ter ficado para trás. A ansiedade digital levou a Associação de Psiquiatria Americana a incluir a partir deste ano a desordem de uso da internet no Manual de Transtornos Mentais, espécie de lista das doenças psiquiátricas existentes. “Trata-se de um vício, na linha das dependências comportamentais, como comprar ou jogar”, diz Cristiano Nabuco, coordenador do programa de dependência de internet do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
[...]

Adaptado da revista Você S/A. Março de 2013, p. 29-37.

Nas orações abaixo, de acordo com as características individualizantes, de explicação, de esclarecimento, resumitivas, especificadoras, de referência a um sentido global anterior, etc., alusivas ao aposto, pode-se afirmar que NÃO se constitui como aposto o termo sublinhado na alternativa

A) “Com isso, elas deixam de se medir com o colega para se comparar, no limite, com todos os usuários do LinkedIn, o que pode ser terrível para a autoestima.”

B) “Trata-se de um vício, na linha das dependências comportamentais, como comprar ou jogar [...].”

C) “[...] diz o psiquiatra Frederico Porto, consultor da LHH/ DBM, empresa de recolocação de executivos, de Belo Horizonte.”

D) “Uma pesquisa feita em 2012 pelas consultorias McKinsey e IDC aponta que [...] ferramentas colaborativas aprimoraram a eficiência de processos corporativos.”

Resolução:

Alternativa B.

Na questão, temos aposto da oração (alternativa A), aposto explicativo (alternativa C) e aposto de especificação (alternativa D). Já o trecho sublinhado “na linha das dependências comportamentais” (alternativa B) não é um aposto, mas apenas uma informação a mais, afinal essa expressão não está explicando o que é o vício, mas situando esse vício em uma modalidade de comportamento psicológico.

Questão 2

(Unimontes)

A posse das coisas
Danuza Leão

[…]
No quinto pacotinho, pensei que com eles podia comprar um carro. Mas aí vieram os outros, e me perdi. Me perdi e só via montes de folhas de papel pintado, cortados do mesmo tamanho; muito bonitinhos até, mas apenas um monte de papel. Perdi a noção de que aquilo era dinheiro e comecei a pensar. Então estava trocando meu apartamento com vista para o mar, onde fui tão feliz, por aqueles montinhos de papel? E o tempo que levei escolhendo a cor das paredes, os sonhos que sonhei, os momentos de amizade, amor, felicidade, tristeza, desespero, ódio, esperança, tudo isso acabou, trocado por papel colorido? E o que era o dinheiro, afinal, essa invenção diabólica, razão de brigas, deslealdades, traições, guerras, mortes?
[...]

Folha de São Paulo, 26-9-2010.

As expressões “essa invenção diabólica” e “razão de brigas” referem-se ao substantivo “dinheiro”, vêm obrigatoriamente entre vírgulas e têm a função sintática de

A) vocativos.

B) apostos.

C) adjuntos adnominais.

D) complementos nominais.

Resolução:

Alternativa B.

As expressões “essa invenção diabólica” e “razão de brigas” explicam o que é o dinheiro. São, portanto, apostos explicativos.

Fontes

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.

NOGUEIRA, Márcia Teixeira. Indeterminações de fronteira da aposição: o chamado aposto circunstancial. Disponível em: https://simelp.fflch.usp.br/sites/simelp.fflch.usp.br/files/inline-files/S701.pdf.

OLIVEIRA, Lilian Manes de. Três assuntos de sintaxe. Disponível em: http://www.filologia.org.br/viiicnlf/anais/caderno14-18.html.

SANTOS, Márcia Angélica dos. Aprenda análise sintática. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.   

Por: Warley Souza

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