Dois importantes aspectos irão contribuir para o efetivo entendimento do assunto que ora se evidencia. Um deles reside no fato de que os pronomes se caracterizam como o termo que acompanha ou substitui o nome (no caso, o substantivo) relacionando-o às três pessoas do discurso.
Desta forma, os pronomes subdividem-se em: pronomes pessoais do caso reto, do caso oblíquo, pronomes de tratamento, demonstrativos, relativos, possessivos e indefinidos. Aqui, de forma específica, destacaremos somente os oblíquos, uma vez que estes representam os elementos primordiais do estudo ao qual nos propusemos a discutir. Portanto, são representados por:
O outro aspecto relaciona-se ao fato de que alguns pronomes, citados no exemplo anterior, funcionam como complementos verbais, ocupando, consequentemente, o lugar de objeto direto e indireto.
Em se tratando deles, vale ressaltar acerca de uma recorrente prática linguística que a eles se refere, cujos resultados implicam diretamente no desvio destas funções – motivo inspirador da temática em referência – “a troca inadequada”. Representando tal ocorrência, conferimos total destaque para os pronomes “o” e “a” pelo “lhe”, manifestada tanto por meio da oralidade quanto pela escrita – algo que reforça ainda mais a ideia do “desvio”. Desta feita, analisemos alguns casos representativos:
Os garotos não sabem o que lhes aguarda.
Apresentou-lhe ao novo diretor.
Neste momento não posso lhe ajudar.
Ao analisarmos a transitividade verbal, constatamos que todos os verbos em referência se classificam como transitivos diretos, assim analisados:
aguardar – quem aguarda, aguarda alguém ou aguarda algo.
apresentar – sempre apresentamos alguém a outra pessoa.
ajudar – quando ajudamos, ajudamos alguém a fazer algo.
Mediante tais pressupostos, resta-nos fazer uma indagação:
Por que o uso do lhe? Se ele representa apenas um objeto indireto? Desta, forma, infere-se que tais enunciados carecem de uma reformulação, expressa por:
Os garotos não sabem o que os aguarda.
Apresentou-o ao novo diretor.
Neste momento não posso ajudá-lo (a).
Incoerências constatadas, é chegado o momento de verificarmos acerca das circunstâncias nas quais o emprego do “lhe” se concebem como convenientes. Vejamos, portanto:
Entregou-lhe as encomendas. (entregou a quem?)
Fizeram-lhe uma inesquecível surpresa. (a surpresa foi feita a quem? )
Sem os devidos cuidados, este procedimento pode afetar-lhe as cordas vocais. (afetar as cordas vocais de quem?)
Com base nestes conceitos, é bem possível que a confusão de agora em diante esteja totalmente contornada.