Parlamentarismo

O parlamentarismo é um sistema de governo no qual o Poder Executivo é escolhido pelo Legislativo e lhe presta contas. Houve parlamentarismo no Brasil durante um breve período.

Países como Reino Unido e Alemanha adotam o parlamentarismo. O Palácio de  Westminster é a sede do Parlamento britânico.
Países como Reino Unido e Alemanha adotam o parlamentarismo. O Palácio de Westminster é a sede do Parlamento britânico.

O parlamentarismo é um sistema de governo no qual os membros do Executivo são escolhidos pelo Parlamento, estabelecendo uma relação íntima entre o Legislativo e o Executivo. Suas principais características incluem a responsabilidade do governo perante o Parlamento e a agilidade na tomada de decisões. O sistema visa promover a estabilidade política e estreitar a relação entre os poderes, com o primeiro-ministro liderando o governo e o chefe de Estado desempenhando um papel geralmente cerimonial.

Países como Reino Unido, Suécia, Alemanha, e outros, adotam o parlamentarismo, embora haja variações, como o semiparlamentarismo na França. O Brasil experimentou o parlamentarismo tanto no Segundo Império quanto brevemente na República, em 1961-1963, enquanto no mundo o sistema pode ser encontrado em diversos contextos. A principal diferença entre o parlamentarismo e o presidencialismo é a separação de poderes, com o primeiro unindo mais fortemente o Legislativo e o Executivo, ao passo que o segundo os separa.

Leia também: Como funcionam as eleições nos Estados Unidos?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre parlamentarismo

  • Parlamentarismo é um sistema de governo onde o Poder Executivo é exercido pelo Parlamento.
  • Suas principais características incluem a conexão íntima entre o Poder Executivo e o Legislativo, a responsabilidade do governo perante o Parlamento, e a agilidade na tomada de decisões.
  • Seus objetivos são: promover estabilidade política e estreitar a relação entre o Poder Executivo e o Legislativo.
  • Funciona com um primeiro-ministro, escolhido pelo Parlamento e que lidera o governo, e um chefe de Estado, geralmente cerimonial.
  • Países que adotam o parlamentarismo incluem o Reino Unido, Suécia, Alemanha e muitos outros.
  • O Brasil experimentou o parlamentarismo durante o Segundo Império e brevemente na república, em 1961-1963.
  • O parlamentarismo é adotado em todo o mundo, com variações como o sistema de partido único na China e o sistema de partido único na Coreia do Norte.
  • O semiparlamentarismo é um sistema em que o presidente coexiste com um primeiro-ministro, como na França.
  • A principal diferença entre o parlamentarismo e o presidencialismo é a separação de poderes; no parlamentarismo, o Executivo e o Legislativo estão mais interligados, enquanto, no presidencialismo, eles são separados.

O que é parlamentarismo?

O parlamentarismo é um sistema de governo em que o Poder Executivo é exercido por agentes públicos escolhidos pelo Parlamento e por parlamentares, e não por um chefe de Estado eleito separadamente, como ocorre no presidencialismo. Nesse sistema, o chefe de governo, muitas vezes chamado de primeiro-ministro, é normalmente um membro do Parlamento e emerge da maioria parlamentar ou da coalizão de partidos que conquistou o maior número de assentos nas eleições legislativas.

A principal característica do parlamentarismo é a ligação íntima entre o Poder Executivo e o Legislativo. O chefe de governo, em vez de ser eleito pelo voto direto da população, é escolhido pelo próprio Parlamento. Essa relação próxima entre o governo e o Parlamento permite uma maior flexibilidade na tomada de decisões, uma vez que o governo necessita do apoio do Parlamento para se manter no poder.

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Se o governo perder o apoio da maioria parlamentar, ele pode ser destituído por meio de moções de desconfiança ou de votos de censura, o que geralmente leva à formação de um novo governo ou à convocação de novas eleições legislativas.

Embora o parlamentarismo tenha suas variações em diferentes países, a sua essência reside na interdependência entre o governo e o Parlamento, com o primeiro-ministro desempenhando um papel central na administração do país e na implementação de políticas, sob a supervisão e o controle do Parlamento.

Principais características do parlamentarismo

O parlamentarismo é marcado por algumas características distintivas. A primeira delas é a conexão íntima entre o Poder executivo e o Legislativo, em que o chefe de governo (geralmente um primeiro-ministro) emerge do Parlamento, conferindo-lhe maior legitimidade.

Além disso, o governo pode ser destituído pelo Parlamento por meio de moções de desconfiança ou de voto de censura. Outra característica é a agilidade na tomada de decisões, pois não há a separação de poderes típica do presidencialismo.

Veja também: Três Poderes — como funcionam essas três instâncias no Brasil

Qual é o objetivo do parlamentarismo?

O sistema parlamentarista visa promover a estabilidade política, uma vez que a destituição do governo ocorre de forma mais rápida e menos traumática do que em um sistema presidencialista. Além disso, busca estreitar a relação entre o Poder Executivo e o Legislativo, facilitando a aprovação de leis e políticas e garantindo a governabilidade.

Como funciona o parlamentarismo

No parlamentarismo, o chefe de Estado é geralmente um monarca ou presidente com poderes de representação diplomática, enquanto o chefe de governo é o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro é selecionado pelos parlamentares com base no partido majoritário ou na coalizão que detém a maioria no Parlamento. Ele é responsável pela administração do governo e pela implementação de políticas. Caso perca o apoio parlamentar, o primeiro-ministro pode ser destituído, o que leva à formação de um novo governo.

Dessa maneira, obtém-se o equilíbrio democrático entre os votos da população e a formação do governo: a população, ao votar, estabelece a maioria do Parlamento, que, de acordo com seus preceitos políticos e ideológicos, forma um governo da mesma linha, garantindo apoio e governabilidade.

O que é moção de desconfiança no parlamentarismo?

Uma moção de desconfiança é um mecanismo no sistema parlamentarista que permite ao Parlamento expressar sua falta de confiança no governo e, potencialmente, levá-lo à sua queda. Quando o Parlamento aprova uma moção de desconfiança, isso sinaliza que a maioria dos parlamentares não apoia mais o governo, e o primeiro-ministro e seu gabinete podem ser obrigados a renunciar.

A moção de desconfiança funciona da seguinte forma:

  • Proposição da moção: geralmente, um membro do Parlamento, frequentemente um líder da oposição, apresenta uma moção de desconfiança durante uma sessão parlamentar. A moção deve ser clara e específica, indicando que o Parlamento não tem mais confiança no governo.
  • Debate parlamentar: a moção é debatida no Parlamento, dando a oportunidade aos membros de expressarem suas opiniões sobre a situação do governo. Esse debate é uma parte importante do processo democrático, pois permite que os representantes eleitos expressem a vontade do povo.
  • Votação: após o debate, o Parlamento realiza uma votação para decidir se a moção de desconfiança será aprovada. Se a maioria dos parlamentares votar a favor da moção, isso significa que o governo perdeu a confiança do Parlamento.
  • Consequências: se a moção de desconfiança for aprovada, o governo liderado pelo primeiro-ministro é obrigado a renunciar. Dependendo das leis e da Constituição do país, isso pode resultar em uma série de ações, como a formação de um novo governo, a convocação de eleições antecipadas ou a nomeação de um novo primeiro-ministro.

É importante ressaltar que o processo de moção de desconfiança varia de um país para outro, e as regras e as consequências podem ser diferentes em cada sistema parlamentar. Em alguns países, uma moção de desconfiança pode ser apresentada a qualquer momento, enquanto em outros podem existir regras que regem quando e como ela pode ser proposta.

Em alguns sistemas parlamentaristas, a moção de desconfiança é usada como um mecanismo de controle sobre o governo, mantendo-o responsável perante o Parlamento e, por extensão, perante o povo.

Países que adotam o parlamentarismo

Edifício do Parlamento alemão.
Edifício do Parlamento alemão. Na Alemanha, o poder é compartilhado entre o governo federal e os estados ou províncias.[1]

Vários países ao redor do mundo adotam o sistema parlamentarista, incluindo nações como:

  • Reino Unido;
  • Canadá;
  • Austrália;
  • Suécia;
  • Noruega;
  • Dinamarca;
  • Alemanha;
  • França;
  • Itália;
  • Japão;
  • Índia;
  • Países Baixos;
  • Bélgica;
  • Espanha;
  • Portugal;
  • Grécia;
  • Áustria;
  • Finlândia;
  • Nova Zelândia;
  • Irlanda;
  • Suíça (semiparlamentarismo).

Parlamentarismo no Brasil

→ Parlamentarismo no Segundo Império (1847-1889)

No Brasil, o parlamentarismo foi adotado durante o Segundo Império, sob o reinado de Dom Pedro II. Nesse período, os poderes Executivo e Moderador estavam nas mãos do imperador, que tinha a prerrogativa de nomear e destituir ministros, daí o sistema ser classificado como “parlamentarismo às avessas”, em oposição ao modelo inglês. Esses ministros eram, na prática, os chefes de governo, semelhantes aos primeiros-ministros de sistemas parlamentaristas europeus.

Eles eram responsáveis por administrar o país e implementar políticas, mas sua permanência no cargo dependia da confiança do imperador e do apoio do Parlamento. Quando o imperador perdia a confiança em seu gabinete, ele poderia destituí-lo, o que, muitas vezes, resultava na formação de um novo governo. Saiba mais sobre o parlamentarismo no império clicando aqui.

Charge sobre o “parlamentarismo às avessas”, com o imperador controlando os poderes.
A charge critica o “parlamentarismo às avessas”, adotado no Brasil durante o Segundo Império.

→ Parlamentarismo na república (1961-1963)

O sistema parlamentarista foi adotado no Brasil durante a república, entre 1961 e 1963, após a renúncia de Jânio Quadros à presidência e a subsequente ascensão de João Goulart, o vice-presidente, ao cargo de presidente. Devido à instabilidade política e às tensões sociais da época, João Goulart aceitou uma emenda constitucional que instituiu o sistema parlamentarista em 1961.

Com essa mudança, o Brasil passou a ter um presidente, que tinha um papel principalmente cerimonial, e um primeiro-ministro, que liderava o governo efetivamente. Os primeiros primeiros-ministros durante essa experiência parlamentarista foram Tancredo Neves e Brochado da Rocha. Eles eram responsáveis pela administração do governo e pela implementação de políticas, mas sua permanência no cargo dependia da confiança do Congresso.

O período de parlamentarismo viu a aprovação de reformas econômicas e sociais significativas. O sistema parlamentarista, entretanto, não se mostrou completamente bem-sucedido no Brasil. Apesar de algumas conquistas nas áreas econômica e social, houve resistência e controvérsia em relação a esse sistema por parte de setores da sociedade e políticos.

Em 1963, um plebiscito foi realizado para decidir se o Brasil deveria manter o parlamentarismo ou retornar ao presidencialismo. A maioria da população votou pelo retorno ao presidencialismo, o que levou ao fim do parlamentarismo em janeiro de 1963. João Goulart permaneceu como presidente, mas seu governo enfrentou desafios crescentes, o que culminou no Golpe Militar de 1964 e na instalação de uma ditadura militar no Brasil que durou até meados dos anos 1980.

Tipos de parlamentarismo no mundo

Mapa dos tipos de parlamentarismo nos países do globo, em 2021.
Apesar da mesma essência, o parlamentarismo funciona de diferentes maneiras nos países do globo (dados de 2021).[2]

Embora o parlamentarismo tenha raízes europeias, ele tem sido adotado em diferentes continentes. A sua adaptação e o seu funcionamento variam conforme as necessidades políticas e sociais de cada nação, mas a essência de uma relação próxima entre o Poder Executivo e o Legislativo é comum.

Dentre os vários tipos de parlamentarismo existentes mundo afora, pode-se destacar:

  • Parlamentarismo puro: o Poder Executivo é exercido exclusivamente pelo Parlamento, e não há um chefe de Estado eleito separadamente. O primeiro-ministro é escolhido pelo Parlamento e lidera o governo. Exemplos de países com parlamentarismo puro incluem o Reino Unido, Suécia e Dinamarca.
  • Parlamentarismo monárquico: em algumas nações, como a Noruega e a Dinamarca, o Parlamento coexiste com uma monarquia constitucional. O monarca desempenha um papel cerimonial, enquanto o primeiro-ministro é o chefe de governo real.
  • Parlamentarismo federal: em países com sistemas federais, como a Alemanha, o poder é compartilhado entre o governo federal e os estados ou províncias. O sistema parlamentarista federal permite que os estados tenham muita autonomia em questões locais.
  • Parlamentarismo semipresidencial: alguns países combinam elementos do parlamentarismo e do presidencialismo. O presidente é eleito separadamente e desempenha um papel cerimonial, enquanto o primeiro-ministro exerce o Poder Executivo. Um exemplo é a França.
  • Semiparlamentarismo: países como Portugal e Israel têm sistemas de semiparlamentarismo, em que o presidente tem funções limitadas, mas o governo é liderado por um primeiro-ministro, escolhido pelo Parlamento.
  • Parlamentarismo de partido único: em nações com sistemas de partido único, como a China, o partido dominante controla o Parlamento e nomeia o primeiro-ministro. O pluralismo político é limitado ou inexistente.
  • Parlamentarismo de coalizão: em muitos países, como a Itália, os governos são formados por coalizões de vários partidos, já que nenhum partido individual conquista a maioria parlamentar. A estabilidade do governo depende da coesão da coalizão.
  • Parlamentarismo em nações em desenvolvimento: em algumas nações em desenvolvimento, o parlamentarismo pode ser instável devido à fragilidade das instituições políticas. Exemplos incluem países africanos como Gana e Quênia.

O que é semiparlamentarismo?

Em alguns países, como a França, existe o chamado semiparlamentarismo, em que o presidente e o primeiro-ministro compartilham responsabilidades executivas. Essa forma de governo busca combinar elementos do presidencialismo e do parlamentarismo, mas pode levar a conflitos de poder.

Saiba mais: Estado, nação e governo — três conceitos distintos

Diferenças entre parlamentarismo e presidencialismo

A principal diferença entre o parlamentarismo e o presidencialismo reside na separação de poderes. Enquanto o parlamentarismo tem uma relação direta entre o Executivo e o Legislativo, o presidencialismo mantém essas funções independentes, com o chefe de Estado (presidente) e o chefe de governo (presidente ou primeiro-ministro) sendo eleitos separadamente.

O presidencialismo frequentemente resulta em governos mais estáveis, enquanto o parlamentarismo é mais ágil na tomada de decisões. Cada sistema tem suas vantagens e desvantagens, adequando-se a diferentes contextos políticos e culturais.

Exercícios resolvidos sobre parlamentarismo

1. Em que período da história do Brasil o parlamentarismo foi adotado, estabelecendo um sistema em que o Poder Executivo estava nas mãos do imperador e o primeiro-ministro emergia do Parlamento?

a) Brasil República

b) Segundo Império

c) Brasil Colônia

d) Governo Vargas

e) Era Vargas

Resposta: b)

O parlamentarismo no Brasil foi adotado durante o Segundo Império, sob o reinado de Dom Pedro II. Nesse período, o Poder Executivo estava nas mãos do imperador, e o primeiro-ministro emergia do Parlamento.

2. Qual é a principal diferença entre o parlamentarismo e o presidencialismo?

a) O sistema de partido único.

b) A eleição direta do chefe de governo.

c) A presença de um monarca como chefe de Estado.

d) A ausência de um Parlamento.

e) A responsabilidade do governo perante o Judiciário.

Resposta: b)

A principal diferença entre o parlamentarismo e o presidencialismo reside na forma como o chefe de governo é escolhido. No parlamentarismo, o chefe de governo (geralmente o primeiro-ministro) é escolhido pelo Parlamento, enquanto, no presidencialismo, o chefe de governo (presidente) é eleito diretamente pelo povo.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Wikimedia Commons

Fontes

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2021.

CUNHA, Paulo Ferreira da. Presidencialismo e Parlamentarismo. São Paulo: Fórum, 2015.

Por: Tiago Soares Campos

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