Extrema-direita

A extrema-direita é um espectro da classificação ideológica da política. Seus representantes são ultraconservadores, tendo posições extremistas e autoritárias.

Representantes do grupo de extrema-direita e neonazista Golden Down, em manifestação na Grécia.
A extrema-direita se manifesta por meio de grupos e partidos políticos mundo afora.[1]

A extrema-direita é um espectro da classificação de ideologias políticas que se baseia na haste esquerda–centro–direita. A extrema-direita é uma posição ideológica ultraconservadora considerada a manifestação radical e extremada dos ideais da direita política.

É conhecida por suas posições extremistas, sendo, muitas vezes, racistas, autoritárias e que se opõem a algumas liberdades individuais. Na história, as manifestações mais simbólicas da extrema-direita foram o fascismo e o nazismo. No Brasil, uma manifestação conhecida da extrema-direita foi o integralismo.

Leia mais: Benjamin Netanyahu — político israelense e um dos nomes mais notórios da extrema-direita mundial

Tópicos deste artigo

Resumo sobre extrema-direita

  • A extrema-direita é um espectro dentro da classificação das ideologias políticas.

  • É conhecida por suas posições ultraconservadoras, autoritárias e opositoras de algumas liberdades individuais.

  • Seus valores são moralistas, defendendo a tradição de um passado mitificado.

  • Na história, os casos mais simbólicos da extrema-direita foram o fascismo e o nazismo.

  • No Brasil, um representante da extrema-direita foi o movimento integralista.

O que é a extrema-direita?

Em política, a extrema-direita é um espectro dentro da classificação orientada em esquerda e direita. Com base nesse espectro, a extrema-direita é a ala mais radical e extremista da direita, defendendo posições entendidas como ultraconservadoras, autoritárias e, frequentemente, defendendo um nacionalismo extremado.

Os movimentos de extrema-direita não são homogêneos, mas se adaptam ao contexto político, social e econômico que se estabeleceu. Sendo assim, os movimentos e partidos políticos de extrema-direita podem ter diferentes características, embora tenham também muitas semelhanças e aproximações.

A extrema-direita, enquanto fenômeno político, se consolidou nas primeiras décadas do século XX, com a ascensão do fascismo e nazismo na Europa. A derrocada do nazismo e do fascismo, após a Segunda Guerra Mundial, fez com que muitos dos grupos de extrema-direita se repaginassem, procurando se afastar publicamente dessas ideologias, ao mesmo tempo que dialogam em muitos pontos com elas.

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Principais ideias da extrema-direita

A extrema-direita é a manifestação extremista dos ideais de direita, portanto, é ultraconservadora. Em geral, a extrema-direita se pauta como defensora de valores tradicionais na família e na sociedade, embora sua ideia de tradição venha de uma mitificação da memória de um passado.

A extrema-direita defende, em geral, o nacionalismo extremado, que exalta os valores nacionais e despreza elementos estrangeiros. Por isso, os movimentos de extrema-direita manifestam posições xenofóbicas, uma vez que rejeitam estrangeiros e se opõem à imigração. Essa xenofobia, com grande frequência, baseia-se num racismo e supremacismo que defendem a falsa ideia da superioridade do homem branco.

Do ponto de vista político, a extrema-direita defende a centralização do poder na figura de uma liderança e se opõe às instituições democráticas ou então tenta usá-las unicamente para se sustentar no poder. Por isso, os movimentos de extrema-direita são conhecidos por corroer as democracias para implantar governos autoritários e autocráticos.

A propensão da extrema-direita ao autoritarismo faz com que esse espectro político valorize a hierarquia e a disciplina. Por isso, há uma valorização da força militar em ideologias políticas da extrema-direita.

Do ponto de vista dos costumes, a extrema-direita costuma defender o conservadorismo e o moralismo, opondo-se a algumas liberdades existentes, sobretudo na sociedade ocidental, como a liberdade religiosa, os direitos da população LGBTQIA+, o direito das mulheres ao aborto, a liberdade de expressão, entre outros.

No que se refere à liberdade de expressão, muitos movimentos de extrema-direita defendem a liberdade de expressão irrestrita, uma vez que essa daria espaço para que seus ideais extremistas sejam propagados sem responsabilização legal. No entanto, uma vez no poder, a extrema-direita silencia opositores e censura seus críticos. Além disso, movimentos de extrema-direita têm utilizado a internet globalmente para difundir notícias falsas e manipular o cenário político do local onde estão inseridos.

Do ponto de vista econômico, a extrema-direita naturaliza a desigualdade social e promove ações que atentam contra os direitos dos trabalhadores, ao mesmo tempo que defende medidas populistas como forma de agradar à população. Em geral, as medidas econômicas da extrema-direita são elitistas.

Regimes de extrema-direita

Mussolini e Hitler, líderes da extrema-direita, em passeio de carro na Alemanha, rodeados por uma multidão.
Mussolini e Hitler, líderes dos movimentos de extrema-direita fascismo e nazismo respectivamente.[2]

Ao longo da história, os movimentos de extrema-direita mais famosos que existiram foram o fascismo, que governou a Itália de 1922 a 1945, e o nazismo, que governou a Alemanha de 1933 a 1945. Os líderes de cada um foram Benito Mussolini e Adolf Hitler respectivamente.

Ambos os movimentos eram nacionalistas extremados, defendiam posições conservadores, opunham-se às liberdades individuais, exigiam obediência cega da população, valorizavam o militarismo e perseguiam os seus opositores. O nazismo tinha algumas particularidades relacionadas ao supremacismo e antissemitismo.

Outros regimes de extrema-direita que existiram na história foram os seguintes:

  • Partido Nacional: comandou a África do Sul de 1948 a 1994 e implantou o apartheid no país.

  • Franquismo: regime liderado por Francisco Franco, na Espanha, entre 1939 e 1975. Muitos historiadores consideram que o franquismo foi uma manifestação do fascismo na Espanha.

  • Salazarismo: regime liderado por António Salazar, em Portugal, entre 1932 e 1974.

  • Ditaduras militares latino-americanas: aconteceram entre as décadas de 1960 e 1980 e também são consideradas de extrema-direita. Entre elas, destacaram-se as da Argentina, do Chile, do Uruguai e do Brasil.

Leia mais: Fascismo — ideologia que se baseia no autoritarismo, na exaltação dos valores patrióticos e na expansão territorial

Extrema-direita no Brasil

Bandeira do movimento integralista brasileiro, de extrema-direita.[3]
Bandeira do movimento integralista brasileiro, de extrema-direita.[3]

Ao longo da história brasileira, tivemos diversos movimentos e partidos em nosso cenário político. Na década de 1930, por exemplo, o integralismo se inspirou no fascismo italiano para criar um movimento ultraconservador e nacionalista extremado em nosso país.

Além disso, a Ditadura Militar é entendida como um período em que a extrema-direita esteve no comando do país. Já na Nova República, alguns partidos políticos, a maioria de pequena expressão, assumiram ideologias entendidas como da extrema-direita. Um dos casos mais simbólicos da história recente do Brasil foi o de Enéas Carneiro, líder do Partido de Reedificação da Ordem Nacional (Prona).

Na política atual, muitos analistas enquadram o líder político Jair Messias Bolsonaro e o movimento político que ele encabeça como de extrema-direita. Além disso, alguns partidos políticos são considerados de extrema-direita ou têm filiados que se associam com esse espectro.

Entre esses partidos, estão:

  • Partido Liberal (PL);

  • Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB);

  • Partido Renovação Democrática (PRD).

Extrema-direita no mundo

No mundo, alguns movimentos políticos e governos são considerados de extrema-direita:

  • governo de Javier Milei, na Argentina;

  • governo de Nayib Bukele, em El Salvador;

  • governo de Viktor Orbán, na Hungria;

  • ala ligada a Donald Trump no Partido Republicano, nos Estados Unidos;

  • governo de Narendra Modi, na Índia;

  • governo de Vladimir Putin, na Rússia;

  • governo de Recep Tayyip Erdogan, na Turquia.

No caso dos partidos políticos, podem ser destacados:

  • Lei e Justiça, da Polônia;

  • Chega, de Portugal;

  • Vox, da Espanha;

  • Frente Nacional, da França;

  • AfD, da Alemanha

  • Liga Norte, da Itália.

Quais são as consequências da extrema-direita?

Os analistas políticos apontam que os movimentos e regimes de extrema-direita contribuem para uma escalada da violência, uma vez que se posicionam a favor do armamentismo e usam da força policial para reprimir a população insatisfeita. Muitos também apontam que regimes de extrema-direita adotam medidas xenofóbicas e racistas muitas vezes.

Além disso, fala-se que uma das grandes consequências da ascensão da extrema-direita é a corrosão do sistema democrático de maneira lenta e gradual. Essa corrosão aconteceu em locais como a Hungria, um dos governos que melhor simbolizam a extrema-direita atualmente. As políticas elitistas também podem ser um problema para os trabalhadores. Além disso, a liberdade de expressão dos indivíduos, muitas vezes, fica prejudicada em regimes de extrema-direita.

Leia mais: Liberdade de imprensa — direito constitucional que garante que os cidadãos tenham acesso à informação de relevância e livre

Origem e história da extrema-direita

Os movimentos de extrema-direita, em grande medida, remontam ao período de surgimento do fascismo e nazismo. Esses movimentos autoritários, definidos também como totalitários, são símbolos da extrema-direita, tendo uma ideologia ultraconservadora e uma retórica violenta.

Créditos das imagens

[1]Alexandros Michailidis/ Shutterstock

[2]Shutterstock

[3]Commons

Fontes

ECO, Umberto. O fascismo eterno. Rio de Janeiro: Record, 2020.

GONÇALVES, Leandro Pereira & NETO, Odilon Caldeira. O fascismo em camisas verdes: do integralismo ao neointegralismo. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2020.

LÖWY, Michael. Conservadorismo e extrema-direita na Europa e no Brasil. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0101-6628.044

SNYDER, Timothy. Sobre a tirania: vinte lições do século XX para o presente. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

Por: Daniel Neves Silva

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