Dada uma função f: A → B, em que f(a) = b, conhecemos como função inversa de f a função f -1:B → A, em que f(b) = a. Utilizamos as funções para modelar matematicamente diversas situações do nosso cotidiano, e, em algumas situações, torna-se necessário encontrar a função inversa.
Nem sempre uma função possui inversa, pois a função inversa só existe se a função for bijetora, ou seja, injetora e sobrejetora ao mesmo tempo. Dada uma função que admita inversa, para encontrá-la basta inverter o domínio e o contradomínio e manipular a lei de formação para que ela faça o inverso do que a função fazia. Por exemplo, se uma função pega valores do domínio e soma 5, a função inversa pegará os valores do contradomínio e subtrairá 5.
Veja também: Quais as diferenças entre função e equação?
Tópicos deste artigo
- 1 - Quando uma função admite inversa?
- 2 - Determinação da função inversa
- 3 - Lei de formação da função inversa
- 4 - Gráfico da função inversa
- 5 - Exercícios resolvidos
Quando uma função admite inversa?
Para encontrar uma função inversa, antes é importante saber as condições necessárias para que ela exista. Para encontrá-la, ela precisa ser bijetora. Uma função é chamada de bijetora quando ela é injetora e sobrejetora ao mesmo tempo.
A função é injetora se, dados quaisquer dois elementos distintos do domínio, as imagens desses elementos forem diferentes, ou seja, dados a1 e a2 elementos do domínio da função, se a1 ≠ a2, então, f(a1) ≠ f(a2).
A função é sobrejetora quando o conjunto imagem for igual ao contradomínio da função, isso quer dizer que, para todo elemento b do contradomínio, existirá o elemento a do domínio tal que f(a) = b.
Se a função for injetora e sobrejetora, ela é bijetora e, consequentemente, admite inversa.
Exemplos:
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Dada f: R → R, com a lei de formação f(x) = x+ 1, a função admite inversa, pois se x1 ≠ x2, então, f(x1) ≠ f(x2), e também, para todo valor no contradomínio, existe um correspondente no domínio, pois, para qualquer número real, existe um antecessor. Dessa forma, se n pertence ao contradomínio, sempre existirá o número n – 1, tal que f(n – 1) = n. Como a função é bijetora, é também inversível.
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A função f: R → R, com lei de formação f(x) = x², não é inversível, já que não é bijetora, pois, para f(x) e f(-x), o valor da função é o mesmo, por exemplo: f(-2) = f(2) = 4, logo, f não é injetora e, como consequência, não é inversível.
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Determinação da função inversa
De modo geral, dados dois conjuntos, A e B, consideramos a função f: A → B. Seja A = {a1, a2, a3, a4} e B = {b1, b2, b3, b4}, f: é uma função que pega os elementos an e leva ao seu correspondente bn, conforme o diagrama a seguir:
É possível perceber que a função f é bijetora, pois todos os elementos do contradomínio possuem um correspondente no domínio, e esse correspondente é único. A função inversa da função f será:
Lei de formação da função inversa
Dada uma função inversível, ou seja, que admite inversa, para encontrar a lei de formação da função inversa, basta trocar a variável x por y e isolar a variável y.
Exemplo 1:
Considere f: R → R, com lei de formação f(x) = 2x + 4, encontre a lei de formação de f -1.
Para encontrar a função inversa, sabemos que f(x) = y, ou seja, y = 2x + 1. Faremos a inversão das variáveis, trocaremos x por y e y por x, encontrando a equação a seguir:
x = 2y + 4
Invertendo a igualdade, temos que:
2y + 4 = x
Por fim, isolaremos a variável y.
Exemplo 2:
Seja a função f: R+ → R+, cuja lei de formação é f(x) = x², encontre a sua função inversa.
Note que, nesse caso, o domínio é os números reais positivos e o zero, e o contradomínio também. Quando restringimos a função f(x) = x² a esse domínio e contradomínio, ela é inversível.
Então, dada a equação y = x², vamos inverter as variáveis.
x = y²
y² = x
y = ±√x
Como sabemos, o domínio e o contradomínio são os números positivos e o zero, assim, a lei de formação da função será:
y = +√x
y = √x
Gráfico da função inversa
Quando representamos o gráfico de uma função e a sua função inversa no plano cartesiano, os gráficos sempre serão simétricos. Vejamos a representação das funções citadas com domínio e contradomínio nos reais positivos.
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Exercícios resolvidos
Questão 1 - Dada uma função f: A → B, em que é f(x) = x – 2, onde A {0, 1, 2, 3} e B = {-2, -1, 0, 1, 2}, é correto afirmar que:
A) A função é inversível, pois ela é bijetora.
B) A função é inversível, pois ela é injetora.
C) A função não é inversível, pois ela não é sobrejetora.
D) A função não é inversível, pois ela não é sobrejetora nem injetora.
E) A função não é inversível, pois ela é bijetora.
Resolução
Alternativa C
Primeiro vamos verificar se a função é sobrejetora para o intervalo determinado na questão.
Para que a função seja sobrejetora, todos os elementos de B precisam ter um correspondente em A, para isso, vamos calcular cada um de seus valores numéricos.
f(0) = 0 – 2 = -2
f(1) = 1 – 2 = -1
f(2) = 2 – 2 = 0
f(3) = 3 – 2 = 1
Analisando o conjunto B {-2, -1, 0, 1, 2}, note que existe um elemento no conjunto B que não possui imagem de nenhum elemento no conjunto A, o que faz com que a função não seja sobrejetora. Como ela não é sobrejetora, ela não é bijetora, logo, ela não é inversível.
Resta verificar se ela é injetora.
Analisando os valores encontrados para f(0), f(1), f(2), f(3), podemos perceber que a imagem é sempre diferente, então, a função é injetora.
Dessa forma, ela não é inversível por não ser sobrejetora.
Questão 2 - Seja f(x) uma função inversível, a função inversa de f(x) = 2x é:
A) y = logx2
B) y = log2x
C) y = x²
D) y = √x
E) y = -2x
Resolução
Alternativa B
y = 2x
Trocando x por y:
x = 2y
Agora aplicaremos log2 nos dois lados:
log2 x = log22y
log2 x = ylog22
log2 x = y · 1
log2 x = y
y = log2 x