Segundo pesquisa realizada pela Eurobarometer, apenas 2% dos brasileiros dominam o inglês. Um número baixo, se comparado à quantidade de estudantes matriculados em escolas de idiomas ou com acesso a plataformas de aprendizado on-line.
É preciso, ainda, levar em consideração o fato de a língua fazer parte da grade curricular dos estabelecimentos de ensino fundamental e médio no país. Os dados são um alerta para questionar a eficácia e a metodologia dessas instituições.
Se a língua está tão presente no cotidiano, por que não é possível aprendê-la com fluência? Um estudo realizado em 2010 pelo Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da UNESP de São José do Rio Preto mapeou onde estão os entraves da aprendizagem em escolas públicas.
A pesquisa constatou que entre os problemas estão a condução das aulas em português, o despreparo dos professores, a carência de material didático adequado e o foco do ensino na gramática, e não no uso do idioma, como o MEC orienta.
A questão não afeta apenas o ensino público brasileiro. Alunos também concluem cursos particulares sem se sentir seguros para se comunicar em inglês, seja com nativos, seja em situações cotidianas.
Para Bianca Way, diretora de Ensino do CCAA, instituição que há 55 anos desenvolve estudos para aprimorar constantemente a metodologia de ensino, os problemas para aprender efetivamente um idioma no sistema privado são semelhantes aos apresentados na pesquisa.
"Uma metodologia eficaz precisa proporcionar ao aluno a possibilidade de um aprendizado natural e gradativo”, comenta. Outro ponto destacado pela diretora é a consonância necessária entre a metodologia e o material didático. Para Bianca, é preciso que sejam desenvolvidos em conjunto para proporcionar ao aluno exposição e prática necessária à assimilação do idioma.
Cursos de inglês de curta duração
A ansiedade para aprender uma nova língua também pode levar o estudante a desperdiçar tempo sem conquistar o conhecimento desejado. Atualmente, a oferta por cursos de curta duração, com promessas de fluência rápida e garantida, enche o mercado.
"É preciso tomar cuidado. Para falar um idioma, o aluno precisar ser constantemente estimulado a aplicar o que aprende, falando e vivenciando o idioma desde a primeira aula e durante um tempo mínimo de assimilação”, alerta Bianca.
O Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (CEFR) é um parâmetro internacional utilizado para descrever habilidades linguísticas que precisam ser desenvolvidas para aprender um idioma. Além disso, o CEFR também estima o tempo necessário para atingir determinados objetivos. A orientação é que, para alcançar o nível básico, por exemplo, são necessárias cerca de 180 a 200 horas de dedicação, em um contexto favorável que desenvolva as quatro habilidades linguísticas: ouvir, falar, ler e escrever.
Alcançar resultados e fluência em inglês é possível para os brasileiros, mas, para que a porcentagem de falantes aumente, é preciso uma conscientização prévia sobre a importância de uma boa metodologia. "Se continuarmos ignorando passos importantes do sistema de aprendizado, permaneceremos no ranking de países que não dominam a língua inglesa", completa Bianca.