Supremacia branca

A supremacia branca é um ideal que trabalha com a falsa ideia da superioridade do homem branco em relação a pessoas não brancas. Esse ideal racista procurou falsas teorias científicas para sustentar sua posição e, ao longo da história, manifestou-se em regimes como o apartheid, em grupos neonazistas e na Ku Klux Klan.

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O que é a supremacia branca?

Quando falamos de supremacia branca, referimo-nos a ideais de caráter racista que defendem a falsa ideia da superioridade natural do homem branco sobre homens não brancos. Os argumentos mais utilizados pelos supremacistas baseados em falsas teorias científicas, usadas por eles para validar o que defendem.

O termo “white power” significa “poder branco” e é um dos lemas de grupos supremacistas.[1]
O termo “white power” significa “poder branco” e é um dos lemas de grupos supremacistas.[1]

A crença de que o homem branco é naturalmente superior foi e ainda é utilizada como estrutura para manter sistemas e leis que perpetuam os privilégios da população branca. Sendo assim, sistemas como a colonização, a escravidão e o apartheid (que existiu na África do Sul) são exemplos de como essa pretensa ideia serviu de base para violentar os não brancos.

Com isso, percebemos que os ideais de supremacia branca podem atuar de duas maneiras: a já referida, que sustenta regimes e leis racistas, e esta outra, à qual o termo supremacia se associa mais diretamente: os grupos extremistas que defendem ideais como “poder branco” e que agem violentamente contra pessoas não brancas.

Esses grupos usam da violência para perseguir e amedrontar pessoas não brancas em contextos considerados democráticos. Assim, quando falamos de supremacia, referimo-nos a:

  • Sistemas de governo e leis que sustentam uma segregação racial que garante privilégios aos brancos;

  • Grupos extremistas que se baseiam na falsa da superioridade do homem branco e usam da violência para perseguir pessoas não brancas.

Os grupos extremistas que defendem o ideal da supremacia branca se utilizam de liberdades individuais, como a liberdade de expressão e reunião, para veicular seu discurso de ódio contra africanos, descendentes de africanos, muçulmanos, judeus, populações indígenas e qualquer outro grupo minoritário que não seja branco.

Como os supremacistas sustentam a ideia de que o homem branco é naturalmente superior, eles não enxergam a si próprios como racistas, pois, na lógica deles, não há racismo em falar que o homem branco é superior, pois isso seria um fato natural e não uma manifestação de preconceito.

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Essa hierarquização da humanidade em raças se consolidou por volta dos séculos XV e XVI, quando os europeus deram início aos seus projetos de colonização. Esses projetos passavam, obrigatoriamente, pela subjugação e exploração, por meio do trabalho escravo, de outros povos. A justificativa para isso se deu com a ideia de que o homem branco era superior.

Essa concepção da superioridade do homem branco também serviu de justificativa para o neocolonialismo, que se estabeleceu no século XIX por meio da concepção de que era papel do homem branco levar a civilização para povos “selvagens” e “atrasados”. O século XIX, ainda, ficou marcado por estudos científicos que tentavam comprovar a superioridade do homem branco como um fato da natureza.

Sabemos que essas tentativas científicas não possuem nenhum tipo de embasamento e só serviram de desculpa para a exploração de pessoas não brancas e a manutenção de privilégios para a população branca. Nações como os Estados Unidos e a África do Sul mantiveram leis que garantiam esses privilégios.

Atualmente os grupos extremistas que defendem os ideais da supremacia branca têm direta associação com grupos de orientação neonazista. Esses supremacistas são contra as políticas de afirmação social que procuram dar oportunidades para grupos historicamente marginalizados, como os negros, e, em locais como a América do Norte e a Europa, são abertamente contra a imigração.

Esse último ponto se deve ao fato de que os supremacistas associam a ideia de identidade nacional com “pureza racial”, portanto, eles entendem que, para pertencer a uma nação, você precisa ser originário de lá, e a noção de “povos originários” sempre remete à população branca. Assim, supremacistas europeus entendem que a Europa pertence exclusivamente aos europeus brancos.

A pureza racial é extremamente valorizada pelos racistas, pois, como vimos, os supremacistas brancos entendem a si mesmos como superiores. Assim, a miscigenação é tratada por eles como uma ideia absurda, e isso é propagado por meio de teorias conspiratórias, como a ideia do “genocídio branco”, que vê a miscigenação com uma tentativa de extinguir a população branca.

Acesse também: Racismo no Brasil – um problema que afeta o país desde sua formação

Exemplos na história

A Ku Klux Klan foi uma organização terrorista adepta dos ideais da supremacia branca.
A Ku Klux Klan foi uma organização terrorista adepta dos ideais da supremacia branca.

Vimos que os ideais da supremacia foram utilizados ao longo da história para sustentar a colonização e a escravidão. Foi mencionado também que regimes segregacionistas, como o apartheid, sustentaram-se com base na premissa supremacista. Um dos casos mais notórios da supremacia branca ocorreu nos Estados Unidos.

Esse país se construiu, em partes, por meio da exploração do trabalho de africanos escravizados. A escravização em si era uma instituição que se baseava nos ideais de supremacia branca, mas, depois da Guerra de Secessão e da abolição do trabalho escravizado nesse país, os ideais de supremacia passaram a se manifestar de outras maneiras.

As Leis Jim Crow são um dos grandes exemplos dessa mudança no contexto dos Estados Unidos. Elas surgiram na segunda metade do século XIX, na região sul dos Estados Unidos, e estabeleciam normas para a segregação racial, com a criação de espaços públicos diferenciados para negros e brancos. Essas leis se mantiveram em vigor até a década de 1960.

O clima de racismo nos Estados Unidos nesse período era tão grande que homens brancos decidiram criar uma organização terrorista, cujo papel era única e exclusivamente perseguir afro-americanos por meio de ameaças e do uso da violência, sendo muito comuns as execuções por enforcamento.

Essa organização terrorista é conhecida como Ku Klux Klan, popularmente chamada de Klan ou KKK. A Klan surgiu no Tennessee, no ano de 1865, e seus membros usavam uma roupa macabra, com o objetivo de esconder suas identidades. Estima-se que milhares de pessoas tenham sido mortas por ação da Klan, tanto século XIX quanto no século XX.

Atualmente, muitos grupos neonazistas fazem ação semelhante em locais como a América do Norte, a Europa e até mesmo o Brasil, onde células neonazistas — que propagam os ideais supremacistas — existem, principalmente em São Paulo e nos estados do Sul.

Créditos da imagem:

[1] Karolis Kavolelis e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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