Ao falar em Guerra do Pacífico, referimo-nos aos conflitos que ocorreram na Ásia e no Oceano Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial. Grande parte das batalhas desse cenário foi travada por japoneses e americanos, mas houve também a participação de tropas australianas, inglesas, francesas, chinesas etc. A guerra acabou com a vitória americana sobre o Japão em setembro de 1945.
Antecedentes
Na medida em que o Japão desenvolveu-se economicamente a partir da Restauração Meiji, fortaleceu-se o nacionalismo, bem como as ideias que defendiam uma postura imperialista na relação com as nações vizinhas. As primeiras ações imperialistas do Japão foram em relação à China. Já no começo do século XX, o Japão manifestou suas intenções de ocupar a Manchúria (região que fica no extremo nordeste da China), o que deu origem à Guerra russo-japonesa (1904-1905).
Além disso, as crescentes exigências do Japão por territórios chineses desencadearam a insatisfação americana durante a década de 1910. Nesse contexto, os Estados Unidos vetaram uma série de reivindicações japonesas, o que deu início à rivalidade japonesa com os EUA. À medida que o nacionalismo ganhou força no Japão, foram surgindo personalidades que defendiam uma guerra contra os Estados Unidos para defender os interesses japoneses na Ásia.
Entre essas personalidades, é possível citar o linguista Sh?mei ?kawa, uma figura influente da extrema-direita japonesa durante as décadas de 1920 e 1930, e o general aposentado Kojiro Sato, que chegou a escrever o livro “Se o Japão e América Lutarem”. Segundo Edward Behr,
Ele [Sato] defendia ataques-relâmpago de “forças especiais” japonesas a centros estratégicos americanos, numa blitzkrieg (guerra-relâmpago) que aterrorizaria os EUA, levando o país a uma atitude submissa e mais compreensiva em relação ao Japão. […] Ele também apelava veementemente ao ministro da Educação japonês para que instituísse o treinamento obrigatório nas escolas do país e por uma militarização generalizada da sociedade japonesa. Se seus conselhos fossem seguidos, o Japão poderia vencer “pois quanto à mentalidade, os japoneses são muito superiores aos americanos”|1|.
Esse clima de militarização, nacionalismo e imperialismo levou o Japão a invadir a China em 1933, o que deflagrou a Segunda Guerra Sino-japonesa em 1937. O Japão também atacou a base naval americana de Pearl Harbor no Havaí, em 7 de dezembro de 1941, e isso deu início ao conflito entre as duas nações.
Pouco antes do ataque a Pearl Harbor, o Japão havia oficializado sua adesão ao Eixo após assinar um acordo com a Alemanha e a Itália em 1940. Esse acordo ficou conhecido como Pacto Tripartite e contou com a adesão da Hungria e Romênia, posteriormente. Durante a Segunda Guerra Mundial, as forças do Eixo lutaram contra os Aliados, que contavam com Inglaterra, França, União Soviética e Estados Unidos como principais forças.
A Guerra
Estátua celebrando a vitória americana na batalha de Iwo Jiwa
O ataque japonês à base naval americana em Pearl Harbor, no Havaí, resultou em mais de 2.000 mortes e na destruição de parte da frota, entretanto, esteve longe de desmobilizar a Marinha americana para a guerra, pois, ela rapidamente se recuperou.
Apesar disso, a fase inicial do conflito na Ásia evidenciou que o Japão estava mais bem preparado para o conflito após anos de preparação para a guerra e, assim, esse país conseguiu conquistar vários territórios na Ásia, derrotando exércitos britânicos e americanos, conforme afirma o historiador Max Hastings:
Tendo devastado os encouraçados da frota americana no Pacífico, os japoneses satisfaziam agora sua antiga ambição de capturar o protetorado das Filipinas juntamente com as vastas reservais naturais das Índias Orientais Holandesas – atual Indonésia – e as britânicas Hong Kong, Malásia e Birmânia|2|.
Apesar das vitórias iniciais, a capacidade japonesa de manter as conquistas ou de sustentar uma guerra longa contra os Estados Unidos era duvidosa. A economia americana possuía recursos para a guerra muito maiores que os da economia japonesa. Além disso, o conflito travado na China drenava a economia do Japão desde 1937.
Virada americana e derrota japonesa
As vitórias e conquistas realizadas pelos japoneses no começo de 1942 logo começaram a dar espaço para as derrotas mediante o avanço da Marinha americana. A Península de Bataan, nas Filipinas, havia sido conquistada a duras penas pelo exército japonês. A derrota na Batalha de Midway, nas Ilhas Salomão, em 1942, destruiu parte dos navios de uma maneira que a marinha japonesa não conseguiu recuperar-se.
Outra demonstração do enfraquecimento japonês foi a Batalha de Guadalcanal, também nas Ilhas Salomão, que ocorreu entre 1942 e 1943. Nessa batalha, a frota japonesa foi obrigada a recuar após ter quase 30 mil baixas contra apenas 3.100 dos americanos|3|. A partir de Guadalcanal, a marinha e o exército americano foram conquistando ilha por ilha que estava sob o controle japonês no Oceano Pacífico.
A resistência japonesa em cada ilha era enorme, principalmente pelo fato de que os soldados japoneses haviam sido doutrinados a lutar até a morte. Assim, os cenários reduzidos das batalhas nas pequenas ilhas do Pacífico potencializaram o poder da resistência japonesa, apesar de a inferioridade militar ter ficado evidente a partir de 1943.
Novas derrotas foram acontecendo nas Ilhas Marianas, Filipinas, Iwo Jiwa e Okinawa. Em 1945, o Japão estava completamente cercado e falido pela guerra. Os Aliados passaram a planejar a estratégia de invasão do Japão, o que acabou não acontecendo, pois, os Estados Unidos optaram por utilizar suas bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki e forçaram o Japão a se render em setembro de 1945. O Japão, ocupado, passou a ser administrado por um governo temporário americano, que colocou o general MacArthur como chefe da transição do Japão no pós-guerra.
|1| BEHR, Edward. Hiroíto – por trás da lenda. São Paulo: Globo, 1991, p.78.
|2| HASTINGS, Max. O mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p.215.
|3| Idem, p. 280.
Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada ao assunto: