A Revolução Sandinista foi uma das experiências revolucionárias que permearam o continente americano depois da Segunda Guerra Mundial. Depois de seu processo de independência, a Nicarágua, assim como outras nações americanas, teve seu Estado controlado por elites intimamente ligadas ao interesse do capital internacional. A grande maioria da população assistiu um violento processo de empobrecimento da nação a favor de interesses das potências capitalistas, principalmente os Estados Unidos.
A desigualdade e dependência causaram uma situação de caos que culminou na crise deflagrada durante o governo de Jose Santos Zelaya (1853 – 1919). A partir de então, os Estado Unidos – no claro intuito de preservar seus interesses econômicos – resolveu intervir diretamente nas questões do estado nicaragüense. Os presidentes instalados no governo, vez ou outra, recorriam à ajuda militar dos EUA para abafar levantes de guerrilheiros contrários à situação submissa da nação.
Em 1926, durante o segundo governo de Adolfo Díaz, um grupo de revolucionários, liderados por José Maria Moncada Tapia e César Augusto Sandino, pressionou o governo para que fossem instituídas eleições livres no país. Acuado, o governo nicaragüense pediu apoio militar dos Estados Unidos para que o movimento fosse contido. Prometendo realizar eleições, o governo conseguiu a rendição de Moncada, enquanto isso, Sandino permaneceu em luta.
No ano de 1933, no governo de Juan Batista Sacasa, a ocupação norte-americana foi interrompida. Sandino, acenando trégua, resolveu dar fim à sua trajetória de lutas. O momento de reconciliação foi aproveitado pelo general Anastásio Somoza García, que ordenou o assassinato do lendário chefe revolucionário. A ação alinhada aos EUA lhe garantiu prestígio político suficiente para deixar o governo nicaragüense nas mãos de sua família durante um longo período.
Foi nesse contexto que surgiu um novo movimento revolucionário na Nicarágua: a Frente Sandinista de Libertação Nacional. Os sandinistas eram liderados por um grupo de intelectuais marxistas e contava com diferentes práticas de guerrilha. Ao longo dos anos 60 e 70, o grupo revolucionário procurava o apoio das populações trabalhadoras rurais e urbanas do país. O movimento começou a ganhar adeptos e fazer frente às forças governamentais.
Ao longo dos anos 70, os conflitos com as tropas e os guerrilheiros aumentaram significativamente. No ano de 1976, Carlos Fonseca – um dos principais líderes dos grupos aramados sandinistas – foi assassinado. O clima de tensão se intensificou dois anos mais tarde, quando o jornalista Pedro Joaquín Chamorro foi morto. O episódio instalou uma verdadeira guerra civil que reavivou o movimento sandinista.
Liderados por Éden Pastora, o Comandante Zero, os sandinistas conseguiram derrubar a ditadura da família Somoza, em julho de 1979. Chegando ao poder, os revolucionários dissolveram o Congresso, revogaram a Constituição e transformou o Exército Popular Sandinista em força militar. No âmbito econômico, os revolucionários nacionalizaram o parque industrial nicaragüense e as grandes extensões de terra foram desapropriadas.
O novo governo tratou de combater os problemas mais básicos da população ampliando os programas de saúde e as questões de analfabetismo. No campo externo, os sandinistas cortaram os laços com os Estados Unidos e se aproximaram dos países do bloco socialista. No ano de 1984, os revolucionários organizaram um processo eleitoral fortemente combatido pelos “contras”, grupo de remanescentes da antiga Guarda Nacional nicaragüense.
Depois das eleições, o líder sandinista Daniel Ortega foi eleito presidente. Entre 1985 e 1990, o país sofreu grandes problemas provenientes com os conflitos internos, o esvaziamento dos cofres públicos e altos índices inflacionários. O insucesso governamental dos sandinistas, em pouco tempo, organizou um movimento oposicionista centralizado pela União Nacional Opositora (UNO). Por meio das vias democráticas, durante as eleições de 1990, o governo retornou às mãos dos setores mais conservadores do país.