A Revolução Russa foi um evento ocorrido em 1917 que encerrou o poderio do czar Nicolau II, instalando na Rússia o primeiro governo socialista da história. Revolucionários como Leon Trotsky, Vladmir Lenin e Joseph Stalin lideraram o movimento armado que organizou trabalhadores e camponeses que sofriam com os efeitos da crise econômica e os desmandos do czar. O processo revolucionário colocou os bolcheviques no poder, retirou as tropas russas da Primeira Guerra Mundial e deu início à formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Revolução Russa
- 2 - Videoaula sobre a Revolução Russa
- 3 - Antecedentes históricos da Revolução Russa
- 4 - Como ocorreu a Revolução Russa
- 5 - Consequências da Revolução Russa
- 6 - Exercícios resolvidos sobre a Revolução Russa
Resumo sobre Revolução Russa
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A Revolução Russa foi um movimento armado que aconteceu em 1917, encerrando o poder dos czares na Rússia e dando início ao primeiro governo socialista da história.
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No começo do século XX, a Rússia vivia sob o domínio dos czares da família Romanov, que estava no poder já havia três séculos, governando de forma absolutista.
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Os czares não fizeram reformas no começo do século anterior, e a Rússia não avançou em tecnologia, o que gerou protestos de camponeses e burgueses.
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Os bolcheviques assumiram o poder em 1917 e deram início à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Videoaula sobre a Revolução Russa
Antecedentes históricos da Revolução Russa
No final do século XIX, a Rússia era governada por czares que pertenciam à dinastia Romanov, que estava no poder havia três séculos. Eram governantes que exerciam seu poder de forma autoritária e absolutista. Em vez de realizar reformas políticas e econômicas no império que buscassem modernizar o país, os czares mantiveram a estrutura social originária dos tempos absolutistas. Enquanto isso, a população russa vivia em péssimas condições por conta da crise econômica, que ocasionou desemprego e diminuição dos salários.
O czar Nicolau II iniciou um processo de industrialização na Rússia com o auxílio do capital estrangeiro. Porém, isso não agradou nem à burguesia, que não obteve lucros com isso, nem aos operários, que trabalhavam em péssimas condições e com baixas remunerações. Essa situação crítica fez com que a oposição ao governo russo aumentasse e as manifestações de trabalhadores se tornassem constantes na realidade do império czarista.
Intelectuais como Vladmir Lenin se inspiraram nas ideias de Karl Marx para organizar politicamente a movimentação dos trabalhadores. Para evitar a ampla divulgação de ideais revolucionários, o governo perseguiu os intelectuais, que, por sua vez, se exilaram na França.
Apesar da crise social, o império russo manteve sua expansão territorial, disputando com o Japão o domínio sobre o comércio no oceano Pacífico. Em 1904, os dois impérios entraram em conflito, e a Rússia foi derrotada. Esse revés ampliou a crise interna e amplificou as críticas ao czar. Os gastos militares contrastavam com a situação precária vivida por trabalhadores do campo e da cidade. Mesmo com o exílio dos intelectuais opositores, as manifestações contrárias ao czar continuaram a ocorrer na Rússia, com a participação da camada mais pobre da sociedade.
Os trabalhadores se uniram em torno do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR), que tinha inspiração marxista. Os membros do partido se desentenderam, e logo surgiram dois grupos de oposição ao governo czarista:
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Bolcheviques: eram a maioria dos integrantes do POSDR, liderada por Vladmir Lenin. Esse grupo defendia a união dos operários e camponeses à causa revolucionária sob a orientação de um comitê formado por intelectuais e outros líderes partidários.
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Mencheviques: eram a minoria dos integrantes do POSDR, liderada por Yuly Martov e Georgy Plekanov. Para esse grupo, a revolução deveria se desenvolver Rússia adentro por meio de fases, tratadas por Karl Marx. Era necessário, primeiramente, fazer uma reforma capitalista aprofundada para depois os trabalhadores liderarem a revolução rumo ao comunismo.
Em 1914, ao iniciar a Primeira Guerra Mundial, os russos lutaram ao lado da Tríplice Entente. Assim como no conflito contra os japoneses, as tropas da Rússia não conseguiram um bom desempenho no front da Grande Guerra. Os altos custos com a batalha e as mortes dos soldados fizeram que aumentasse a revolta popular contra o czar. Com a ascensão dos revolucionários ao poder, em 1917, as tropas russas saíram da guerra.
→ Revolução de 1905
A crise social na Rússia se agravou em 1904, logo após a guerra contra o Japão. A derrota para os japoneses aprofundou a situação caótica da economia russa e o empobrecimento da população. Por conta disso, aumentaram as manifestações de trabalhadores e militares contra o czar Nicolau II. A reação do líder russo foi a publicação do Manifesto de Outubro, o qual acabava com o absolutismo, iniciava um governo constitucional e convocava eleições para a Duma, Parlamento da Rússia.
Em São Petersburgo se formou um soviete, comitê responsável por organizar os trabalhadores politicamente que teve influência direta nas manifestações contra o czar. Em 22 de janeiro de 1905, trabalhadores organizaram uma manifestação na frente do Palácio de Inverno. Foi um evento pacífico em que desejava-se entregar uma petição a Nicolau II com reivindicações como a reforma agrária, liberdade religiosa e melhores condições de vida.
A guarda que fazia a segurança do palácio recebeu ordens para atacar os manifestantes caso se aproximassem. Como não houve recuo, a tropa abriu fogo contra a manifestação. Esse evento entrou para a história da Revolução Russa como o Domingo Sangrento.
A reação dos trabalhadores não tardou a acontecer. Por todo o território russo, camponeses e operários fizeram diversas manifestações condenando o Domingo Sangrento. Em São Petersburgo, foram criados inúmeros comitês para organizar greves de trabalhadores. Porém, as tropas czaristas se mobilizaram para atacar os revoltosos e garantir relativa estabilidade política para Nicolau II. Vladmir Lenin chamou a Revolução de 1905 de “ensaio geral” para a Revolução Russa iniciada em 1917.
Como ocorreu a Revolução Russa
A Revolução Russa atravessou duas fases ao longo do ano de 1917, com a liderança dos dois grupos políticos que faziam oposição ao governo do czar. Em fevereiro, Nicolau II abdicou do trono em razão das grandes manifestações contra o seu governo, passando a ser liderado pela burguesia liberal. Os bolcheviques retomaram as rédeas da revolução em outubro, quando confirmaram a força dos sovietes.
→ Revolução de Fevereiro
Em fevereiro de 1917, o czar Nicolau II abdicou do trono do Império Russo, encerrando um longo período de domínio da dinastia Romanov. As greves e manifestações compostas por militares e trabalhadores abalaram as estruturas do poder czarista. Formou-se assim o Governo Provisório, que foi a junção de dois grupos que faziam oposição ao czar: o soviete de Petrogrado, formado por trabalhadores e militares, e a burguesia liberal.
A união entre burgueses e trabalhadores não durou muito. O ponto principal da divergência era a permanência ou não das tropas russas na Primeira Guerra Mundial. Enquanto o comando burguês defendia a continuidade da Rússia nas trincheiras daquela guerra, os trabalhadores, liderados por Lenin, apoiavam a imediata retirada do exército russo. Prevaleceu a tese leninista, que dissolveu o Governo Provisório e encerrou a participação da Rússia na guerra.
O final da Revolução de Fevereiro foi marcado pelo predomínio dos bolcheviques na liderança do caminho revolucionário, que ganhou o lema elaborado por Lenin: “Todo o poder aos sovietes.”
→ Revolução de Outubro
Em outubro do mesmo ano, a Revolução Russa entrou na fase que é chamada tanto de Revolução de Outubro como de Revolução Bolchevique. Esse período foi marcado pela disputa de poder entre o Exército Vermelho, liderado por Trotsky, e o Exército Branco, composto por forças antirrevolucionárias. Os bolcheviques derrotaram os inimigos e adotaram, a partir de 1919, a Nova Política Econômica, que priorizava a intervenção do Estado na produção econômica.
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Consequências da Revolução Russa
Logo após o período revolucionário iniciado em 1917, a Rússia comandada pelos bolcheviques expandiu seus domínios e anexou outros países próximos às suas fronteiras, formando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Começava assim a primeira experiência de um governo socialista no mundo e também um sistema econômico que se apresentava como alternativa ao capitalismo, que, desde o final da Primeira Guerra Mundial, consolidava o seu predomínio na parte ocidental do globo.
A chegada dos trabalhadores ao poder com o êxito da Revolução Russa foi amplamente divulgada mundo afora. Na Europa, trabalhadores buscaram inspiração no que aconteceu na Rússia para realizar manifestações contra o governo vigente. A crise econômica provocada pela Quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, ampliou o número de desempregados. As greves aumentaram, o que provocou temor entre os empresários e industriais, que buscaram apoio nos fascistas e nazistas, que se organizavam como um exército para, com o uso da força, manter o controle sobre os manifestantes e garantir a ordem social.
No Brasil, em 1917, as indústrias foram beneficiadas pela substituição de importações, pois os produtos que eram importados começaram a ser fabricados em nosso país. Dessa forma, aumentou o número de operários que saíram do campo rumo às cidades em busca de melhores condições de vida e oportunidade de trabalho nas fábricas. A Revolução Russa influenciou esses trabalhadores urbanos a se manifestarem contra as péssimas condições de trabalho e de remuneração. O que aconteceu na Rússia serviu de exemplo para que os operários brasileiros organizassem a primeira greve realizada em São Paulo, em 1917.
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Exercícios resolvidos sobre a Revolução Russa
Questão 1
(Puccamp) A Revolução Socialista na Rússia, em 1917, foi um dos acontecimentos mais significativos do século XX, uma vez que colocou em xeque a ordem socioeconômica capitalista. Sobre o desencadeamento do processo revolucionário, é correto afirmar que:
a) os mencheviques tiveram um papel fundamental no processo revolucionário por defenderem a implantação da ditadura do proletariado.
b) os bolcheviques representavam a ala mais conservadora dos socialistas, sendo derrotados, pelos mencheviques, nas jornadas de outubro.
c) foi realimentado pela participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, o que desencadeou uma série de greves e revoltas populares em razão da crise de abastecimento de alimentos.
d) foi liderada por Stalin, a partir de outubro, que estabeleceu a tese da necessidade da revolução em um só país, em oposição a Trotsky, líder do Exército Vermelho.
e) o Partido Comunista conseguiu superar os conflitos que existiam no seu interior quando estabeleceu a Nova Política Econômica, que representava os interesses dos setores mais conservadores.
Resolução:
Letra C
A participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial está diretamente associada à Revolução Russa, por conta dos altos gastos investidos pelo czar no front de batalha e da morte dos russos durante o conflito, o que ocasionou uma série de protestos contra a permanência russa na guerra.
Questão 2
(Ufes) A Revolução Russa de 1917 derrubou o regime czarista e estabeleceu o socialismo no país.
Assinale a alternativa correta em relação às medidas adotadas pelo novo governo.
a) Com a abdicação do Czar, estabeleceu-se uma aliança política entre os líderes do regime czarista e os dirigentes do governo provisório.
b) Lenin, prisioneiro político exilado na Sibéria, ficou excluído do processo revolucionário.
c) O governo socialista colocou em prática, imediatamente, o projeto de reconstrução da economia, a Nova Política Econômica (NEP).
d) A fase inicial do processo caracterizou-se pela alteração nas leis dos direitos civis, pela anulação dos títulos de nobreza, pela separação entre Igreja e Estado, pela reforma agrária e pelo fim da propriedade privada.
e) No nível político, o governo revolucionário promulgou, no mesmo ano, uma nova constituição, que legitimou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Resolução:
Letra D
Os revolucionários tomaram o poder na Rússia em 1917 e romperam a aliança com os grupos alinhados ao czarismo, como a Igreja e os nobres, dando início à intervenção estatal na economia, bem como à tomada das propriedades pertencentes à nobreza.