Revolução Gloriosa é como é conhecida a sucessão de acontecimentos que levou à deposição de Jaime II do trono inglês, para que Guilherme de Orange e Maria Stuart se tornassem reis da Inglaterra, em 1688. A Revolução Gloriosa muitas vezes é incluída junto com a Revolução Puritana em um grande processo nomeado como Revolução Inglesa.
Essa troca dos reis do trono inglês foi parte de um esforço da burguesia inglesa para consolidar uma monarquia constitucional que atendesse aos seus interesses.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Revolução Puritana
- 2 - Restauração monárquica
- 3 - Revolução Gloriosa
- 4 - Importância da Revolução Gloriosa
Revolução Puritana
A Revolução Gloriosa é a continuidade de um processo que se estendeu durante grande parte do século XVII, na Inglaterra. Primeiramente, aconteceu no país a Revolução Puritana, também conhecida como Guerra Civil Inglesa, que foi marcada pela deposição e decapitação de Carlos I, rei que fazia parte da dinastia Stuart.
A Revolução Puritana foi consequência do choque de interesses entre o rei inglês, interessado em manter a Inglaterra como uma monarquia absolutista, e o Parlamento, interessado em transformar o país em uma monarquia constitucional de caráter liberal para atender aos seus interesses e ao da burguesia em ascensão.
Com a Revolução Puritana, a casa de Stuart foi derrotada, Carlos I foi decapitado em 1649, um governo republicano foi instaurado no país e logo substituído por uma ditadura liderada por Oliver Cromwell. Com a morte de Cromwell, em 1658, a dinastia Stuart foi restaurada na Inglaterra, e novos atritos entre os reis e o Parlamento tiveram início.
Restauração monárquica
Oliver Cromwell governou ditatorialmente a Inglaterra entre 1653 e 1658 e então faleceu por motivos incertos. Seu filho, Richard Cromwell, assumiu o cargo do pai, mas durou pouco no poder. Em 1660, o Parlamento inglês optou por fazer a restauração monárquica do país. Com isso, a dinastia Stuart foi restaurada no poder da Inglaterra, dessa vez com Carlos II sendo coroado rei do país.
A coroação de Carlos II e a restauração da dinastia Stuart só aconteceram porque Carlos II aceitou governar com poderes reduzidos – um indicativo que demonstrava o poder do Parlamento. Isso, também, evidenciava que o Parlamento inglês não aceitaria uma monarquia absolutista no país. A restauração da dinastia Stuart, na Inglaterra, retomou os atritos que existiam entre os reis e o Parlamento, antes da Revolução Puritana.
Jaime II foi rei da Inglaterra entre 1685 e 1688, sendo destituído do trono pela Revolução Gloriosa.*
Carlos II governou a Inglaterra até 1685, sendo então sucedido por seu irmão, Jaime II. Foi durante o reinado de Jaime II que os atritos do rei com o Parlamento aumentaram de maneira consistente. Os grandes atritos de Jaime II com o Parlamento inglês ocorreram pelas seguintes razões:
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Intenções do rei de fortalecer o Catolicismo na Inglaterra;
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Intenções do rei de fortalecer seu poder dentro de um sistema absolutista.
Os dois motivos eram causas de atrito, primeiro porque o Parlamento inglês era, em geral, protestante e isso tornava a relação entre as partes bastante conflituosa. Para agravar, Jaime II começou a tomar uma série de medidas para reforçar o catolicismo no país, como procurar isentar os católicos de determinados impostos e promover tentativas de distribuir cargos importantes no governo para católicos.
Além disso, as decisões tomadas por Jaime II eram feitas à revelia, isto é, sem que passassem pela aprovação dos parlamentares ingleses. Isso demonstrava uma intenção do rei de governar como um monarca do período absolutista, o que também desagradava aos parlamentares ingleses que tinham a intenção de que os poderes reais estivessem sujeitos aos interesses do Parlamento.
Revolução Gloriosa
Com a Revolução Gloriosa, Guilherme de Orange e sua esposa tornaram-se reis da Inglaterra.
As ações de Jaime II desagradavam profundamente aos parlamentares ingleses. O estopim, que levou o Parlamento inglês a conspirar contra o rei, foi quando a esposa do rei engravidou e deu à luz um filho de Jaime II. O nascimento de Jaime Eduardo foi visto pelos parlamentares ingleses como um grande risco ao país, pois criava o risco da consolidação de uma dinastia católica na Inglaterra.
Importante lembrar que os parlamentares ingleses eram protestantes, e o rei inglês era católico, por isso o nascimento do herdeiro tornava a possibilidade de uma dinastia católica na Inglaterra.
Com isso, os dois partidos do Parlamento inglês (Whig e Tory) uniram-se em uma conspiração e convidaram Maria Stuart, filha de Jaime II, e seu marido, Guilherme de Orange, a participarem dela. Ambos eram protestantes e, por isso, contavam com o apoio dos parlamentares ingleses.
As tropas de Guilherme de Orange desembarcaram na Inglaterra, em 1688, e forçaram Jaime II e sua esposa, Maria de Módena, a fugirem para a França. Com isso, o Parlamento inglês proclamou que Guilherme de Orange e Maria Stuart seriam coroados reis da Inglaterra, em uma transição de poder que aconteceu de maneira pacífica e sem derramamento de sangue. Esse acontecimento na Inglaterra recebeu o nome de Revolução Gloriosa.
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Importância da Revolução Gloriosa
Primeiramente, a coroação de Maria e Guilherme ao trono inglês consolidou o poder do Parlamento, reforçando a transformação da Inglaterra em uma monarquia constitucional de caráter liberal. Ambos, ao assumirem o trono, tiveram de se comprometer com o Bill of Rights (Declaração dos Direitos, em português).
O Bill of Rights decretava, por exemplo, que:
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Aumento de impostos só aconteceria mediante aprovação do Parlamento;
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Os reis não poderiam mais expropriar propriedades privadas;
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Coibir a liberdade de expressão tornava-se proibido;
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Os reis não poderiam realizar alterações no comércio do país;
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O Parlamento tinha direito de decidir sobre a sucessão do trono inglês.
Além disso, a Revolução Gloriosa é importante para a história inglesa, pois consolidou as bases políticas que permitiram o acontecimento da Revolução Industrial, no século seguinte. Por meio da Revolução Gloriosa, os interesses da burguesia foram atendidos, permitindo-lhe acumular capital e investir no desenvolvimento científico, o que impactou diretamente no desenvolvimento das máquinas. Tudo isso, a longo prazo, levou a Inglaterra a se tornar a maior potência comercial do mundo até o século XIX.
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*Créditos da imagem: Sergey Goryachev e Shutterstock