A Restauração Meiji, que aconteceu em 1868, foi o processo de restauração do poder monárquico japonês e resultou na queda do xogunato e na retomada do poder pelo Imperador após mais de 250 anos de domínio do xogunato Tokugawa e de quase mil anos de existência do poder dos xoguns.
O xogunato era uma forma de governo existente no Japão em que o poder era exercido pelo líder militar supremo do país, chamado de xogum. Como consequência da restauração monárquica, o Japão passou por um grande processo de abertura econômica e modernização ao final do século XIX e início do século XX.
Durante dois séculos, o Japão procurou isolar-se de qualquer tipo de influência e contato com o mundo além das suas fronteiras. Nesse período, houve o fechamento dos portos japoneses para embarcações estrangeiras. À medida que o capitalismo avançava e os interesses estrangeiros sobre o Japão aumentavam, tornou-se impossível para o xogunato manter a política de fechamento dos portos. Assim, o Japão aceitou realizar a abertura dos portos em 1854 após pressão dos Estados Unidos.
A elite econômica japonesa considerava os estrangeiros como “bárbaros”, sendo contrários à abertura dos portos realizada em 1854. A insatisfação dessas elites gerou a tentativa de restauração do poder monárquico de forma a garantir a manutenção do estilo de vida japonês. Entretanto, com a restauração do poder monárquico, foi realizada uma série de medidas que aprofundaram as mudanças que estavam em curso no Japão.
Durante o processo de transformação, os cargos administrativos no Japão foram entregues a pessoas especializadas nos assuntos que eram responsáveis. Essas pessoas buscaram o desenvolvimento da economia japonesa de forma a transformá-la em uma potência econômica tal qual alguns países europeus.
As transformações realizadas durante o reinado do Imperador Meiji – o primeiro Imperador após a derrubada do xogunato – vieram acompanhadas de insatisfações daqueles que não viam com bons olhos o que estava sendo implantando: “entre 1868 e 1878, a primeira década Meiji, verificaram-se, pelo menos, 190 revoltas” |1|.
Algumas das mudanças realizadas foram:
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O fim do privilégio dos daimio (senhores donos de terras) com abolição do direito destes de tributar os camponeses nos feudos, chamados de han;
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Fim das distinções de classes extremamente rígidas do Xogunato;
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Integração linguística, com o objetivo de extinguir as diferenças dialetais existentes no idioma japonês;
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Criação de prefeituras (ken), substituindo os antigos feudos (han);
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Implantação do Xintoísmo de Estado, ou seja, do culto ao Imperador como se ele fosse um deus;
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Reformulação total do ensino e imposição da obrigatoriedade do ensino;
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Modernização da economia e da estrutura de governo a partir de modelos de sucesso, principalmente europeus.
As mudanças implementadas geraram grande transformação na economia e sociedade japonesa, acabando com privilégios antigos e modernizando o Japão. Em poucos anos, a economia japonesa registrou grande crescimento, e o Japão transformou-se em uma potência local no continente asiático.
Após a reformulação do ensino e a implantação do culto à imagem do Imperador, surgiu no Japão um forte sentimento nacionalista que levou o país a aspirações imperialistas. Essas aspirações resultaram na aliança do Japão com a Alemanha nazista e a Itália fascista durante o século XX no contexto da Segunda Guerra Mundial.
|1| BENEDICT, Ruth. O crisântemo e a espada: padrões da cultura japonesa. São Paulo: Perspectiva, 2014, p.71.
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