Os povos vikings, que habitaram a Escandinávia (atual Noruega, Dinamarca e Suécia) durante a chamada Era Viking (século VIII ao XI), sobreviviam dos saques, comércio e agricultura. Ficaram conhecidos também pela sua religião, que pertencia ao paganismo típico dos povos do norte europeu. Paganismo é o termo usado para definir uma religião não cristã.
Características
Diferentemente das religiões de outros povos, a religião dos vikings não possuía uma classe distinta de sacerdotes, ou seja, não existiam pessoas que dedicavam sua vida única e exclusivamente para assuntos relacionados com a religião. Assim, assumiam esse papel pessoas importantes na sociedade viking, que, em geral, eram os reis ou nobres. Dependendo da região, as pessoas responsáveis pelo ritos religiosos, sacrifícios e pela manutenção dos templos eram chamadas de “mantenedores de sacrifícios”, “atendentes de templo” ou “servidores dos deuses”|1|.
Parte importante da religiosidade viking eram os sacrifícios realizados, principalmente, nos grandes festivais. Em geral, utilizavam-se animais como cavalos e porcos para serem sacrificados. Também eram sacrificados humanos, o que acontecia com menos frequência. Em geral, os escravos eram escolhidos para serem sacrificados, pois, na sociedade viking, matar um escravo não era um crime|2|.
A magia também fazia parte da religião viking e podia estar vinculada aos rituais e festivais públicos, mas também era parte importante da vida privada de cada pessoa. O uso da magia estava relacionado com a intenção de uma pessoa de garantir algo dos deuses ou de procurar prejudicar alguém. A magia da religião viking correspondente ao período (século VIII ao XI) não tinha relação com a ideia de bruxaria, que se tornou comum na Europa cristã a partir do século XIII.
O conhecimento religioso e as histórias dos deuses nórdicos eram passados de maneira oral por meio de narração de histórias por aqueles que eram responsáveis pelos ritos religiosos e também pelos escaldos (poetas). Apesar disso, os principais elementos dos mitos da religião viking foram registrados em um livro chamado de Edda em Prosa, que foi construído por um historiador e poeta islandês do século XII chamado de Snorri Sturluson. Existe também a Edda Poética, de autor desconhecido, que possui vários poemas que narram histórias sobre a criação, os deuses e o fim do universo.
Deuses da Mitologia Nórdica
Quadro que retrata a cavalgada das Valquírias *
Os mitos da religião nórdica, conhecidos hoje como mitologia nórdica, falam de deuses como Odin, o deus mais poderoso e considerado o pai de todos. Observava o mundo do seu trono e possuía dois corvos chamados de Hugin (pensamento) e Munin (memória), que viajavam pelo mundo para lhe contar as notícias. Além disso, Odin enviava as valquírias, que significam “aquelas que escolhem os mortos”, para as batalhas para que escolhessem os guerreiros que morreriam e que seriam conduzidos ao Valhala, o salão dos mortos. Os soldados conduzidos ao Valhala pelas valquírias ficariam no salão dos mortos até que se iniciasse a batalha final (Ragnarök), que causou o fim do universo.
Outro deus importante da religião nórdica era Thor, o deus do trovão e filho de Odin. Na mitologia, era conhecido por lutar contra os gigantes e possuir o martelo Mjolnir, símbolo da sua força. Os nórdicos acreditavam que os relâmpagos aconteciam todas as vezes que Thor brandia seu martelo. Na batalha final, Thor lutou e matou a serpente do mundo, mas foi morto por causa do veneno. As fontes de conhecimento da mitologia citam também outros deuses além de Odin e Thor, como Frigg, deusa da fertilidade e esposa de Odin; Heimdall, deus guardião da ponte que liga a morada dos deuses ao mundo dos homens; Týr, considerado um deus da guerra etc.
A religião tradicional nórdica foi gradativamente desaparecendo do âmbito público com o processo de cristianização dos vikings, que aconteceu de maneira gradativa em cada região. A cristianização dos vikings iniciou-se no século IX, na Dinamarca, mas só ganhou força a partir do século X nas demais regiões. Entretanto, mesmo após a cristianização, a religiosidade dos vikings continuou a ser influenciada por características do paganismo tradicional no âmbito privado.
|1| LANGER, Johnni. Sacerdócio. In.: LANGER, Johnni (org.) Dicionário de mitologia nórdica: símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hidra, 2015, p. 426.
|2| LANGER, Johnni. Sacrifício Escandinavo. In.: LANGER, Johnni (org.) Dicionário de mitologia nórdica: símbolos, mitos e ritos. São Paulo: Hidra, 2015, p. 428-429.
* Créditos da imagem: Commons
Aproveite para conferir a nossa videoaula relacionada ao assunto: