Durante a Idade Média ocidental europeia (séculos V-XV), a sociedade feudal era dividida em três ordens: o clero (Igreja Católica), a nobreza (proprietários de terras) e os servos (camponeses). Nessa divisão social, prevalecia a lógica dos estamentos, assim a mobilidade social era praticamente impossível durante o feudalismo. No entanto, não podemos dizer que deixaram de existir outras classes sociais na Europa medieval. Fundamentalmente, nas vilas e cidades, que surgiram a partir do século XII, passaram a habitar (juntamente com o clero, a nobreza e os servos) os artesãos e os comerciantes.
No presente texto, destacaremos as relações entre servos e nobres (relações de servidão) mantidas nas propriedades de terras denominadas feudos, que, geralmente, pertenciam aos nobres, chamados de senhores feudais. Os feudos eram divididos em várias partes, cada uma com uma especificidade funcional. A divisão era dada da seguinte forma: 1º- O manso senhorial; 2º- O manso servil; 3º- As terras comunais.
No manso senhorial, local onde o senhor feudal habitava, juntamente com a sua família, encontravam-se as mais importantes construções dos feudos, como o castelo, os fornos e os moinhos. Nessas terras, os servos trabalhavam alguns dias da semana exclusivamente para o senhor feudal.
As terras arrendadas, ou manso servil, equivaliam às porções de terras onde habitavam os camponeses e suas famílias. Nesse local, os servos praticavam a agricultura para sua subsistência e eram obrigados a entregar grande parte da colheita para o senhor feudal, proprietário da terra.
As terras comunais, que na verdade integravam parte das terras do manso senhorial, eram formadas por pastos e florestas ou bosques. A posse da terra era coletiva: tanto servos quanto nobres podiam retirar lenha e coletar frutos, porém a caça era atividade exclusiva da nobreza, como se fosse uma forma de entretenimento desta.
Dessa forma, as relações de servidão eram mantidas dentro dos feudos, onde os servos deveriam cumprir, em troca de moradia nas terras dos senhores feudais, várias obrigações e jurar fidelidade aos nobres.
Além da fidelidade, diversos tributos eram pagos pelos servos aos senhores. A corveia era um desses tributos; e seu pagamento consistia no trabalho obrigatório de dois a três dias por semana no cultivo do manso senhorial. Esse tributo também podia ser pago na construção de estradas e pontes.
Outro tributo pago pelos servos aos nobres era a talha. Por causa dela, os camponeses deviam repassar grande parte das suas produções para os senhores feudais. Além disso, existiam as chamadas banalidades, tributos que os servos pagavam por utilizar os equipamentos do senhor, como o forno, os moinhos, entre outros.
Porém, os tributos pagos pelos camponeses aos nobres não estavam ligados somente à produção agrícola; eles permeavam todo o universo social medieval. Quando havia um casamento entre camponeses de diferentes senhores, o camponês pagava uma taxa chamada de formirage para o proprietário de sua esposa.
A mão-morta era um outro encargo tributário de obrigação dos servos. A taxa era paga pelos familiares do servo que havia falecido, para que eles continuassem ocupando as terras do senhor.
Ao refletirmos sobre tantas imposições e impostos, pagos pelos servos, inferimos que as relações de servidão não consistiam em uma fácil rotina nas vidas dos camponeses medievais, mas, sim, em pesados tributos pagos com suor e sangue, por esses camponeses aos nobres.