Reforma Protestante

Reforma Protestante promoveu uma ruptura no cristianismo ocidental, com novas doutrinas sobre a fé cristã, influenciando a política e a economia da Europa moderna.

Martinho Lutero
Martinho Lutero era um padre agostiniano e, com as suas 95 teses afixadas na Igreja de Wittenberg, desencadeou a Reforma Protestante.

A Reforma Protestante promoveu grandes transformações no âmbito religioso durante a transição da Idade Média para a Idade Moderna. Até o século XV, a Igreja Católica era a única representante do cristianismo no Ocidente. A reforma, iniciada na Alemanha com Martinho Lutero, questionou a alta cúpula do clero católico e desencadeou uma série de movimentos críticos à doutrina católica, abrindo caminho para o surgimento de outras igrejas cristãs sem nenhum vínculo com ela.

Além disso, os reis que lideravam a formação dos estados nacionais aproveitaram esse momento de contestação do catolicismo para questionar o poder do papa. A reação católica foi a contrarreforma, um conjunto de ações que reafirmava a doutrina e a soberania da Igreja sobre o mundo cristão e buscava conter o avanço protestante em outras regiões distantes da Europa.

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Tópicos deste artigo

Contexto histórico da Reforma Protestante

O século XVI é marcado por grandes transformações na Europa. O mundo medieval estava em crise. A economia deixava de ser agrícola para tornar-se comercial. Os senhores feudais, enfraquecidos, viram os reis assumirem o controle político e centralizarem o poder. A sociedade, que vivia no campo, estava morando nas cidades.

A cultura desse período resgatava a cultura greco-romana, que valorizava a beleza do ser humano. O antropocentrismo ocupava o espaço do teocentrismo. O conhecimento não se baseava mais na fé ou nas tradições cristãs, mas sim na ciência. O estudo da natureza caracterizava-se pela observação, pela curiosidade e pela compreensão dos fenômenos naturais com base na ciência.

A Igreja Católica, que exercia poder soberano sobre a Europa medieval, começou a ser questionada. As universidades que surgiram dentro das igrejas, nesse contexto de mudança, começaram a discutir temas alheios aos da doutrina católica. Os constantes questionamentos sobre essas transformações exigiam respostas cientificamente comprovadas ou discussões com argumentos lógicos e não mais com base nas crenças das pessoas.

O próprio papa foi questionado. Ele não era mais visto como um escolhido por Deus para liderar a Igreja fundada por Cristo, mas sim como um humano igual aos outros e que poderia errar como qualquer um. Os reis que lideravam os estados nacionais em formação apoiaram esse questionamento sobre o poder papal porque não teriam concorrência.

Outra mudança importante foi a criação da imprensa pelo alemão Johannes Gutenberg. Esse dispositivo permitiu a impressão de textos e livros de forma intensa. O primeiro livro a ser impresso foi a Bíblia. Com o passar dos anos, a imprensa tornou-se um dispositivo valioso para a impressão de livros, jornais e textos, que passaram a circular de forma rápida e acessível para os leitores.

No começo do século XVI, a Igreja Católica estava construindo no Vaticano a Basílica de São Pedro. Um projeto inovador, grandioso e que necessitava da colaboração dos fiéis não somente com orações, mas com dinheiro. Isso fez com que boa parte da cúpula clerical usasse a nova obra como instrumento de exploração da fé alheia. A venda de indulgências, ou seja, do perdão dos pecados, passou a ser uma constante.

Enquanto bispos e cardeais banqueteavam em seus palácios apostólicos, o povo miserável fazia sacrifícios, muitas vezes desumanos, para pagar o que era exigido e livrar-se a si mesmo, ou a algum familiar que já tinha morrido, do inferno. O frei agostiniano Martinho Lutero foi um dos fiéis que se sacrificaram e pagaram a quantia exigida para obter o perdão dos pecados.

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Causas e origem da Reforma Protestante

A Reforma Protestante iniciou-se de fato a partir dos questionamentos sobre as práticas do clero da Igreja Católica que não estavam condizentes com as orientações da Sagrada Escritura. A cobrança das indulgências e o pagamento de serviços prestados pela Igreja, e que deveriam ser oferecidos de forma gratuita, motivaram reações daqueles que não concordavam com essas práticas.      A reforma começou dentro do campo religioso, mas extrapolou para a política, economia e sociedade. Os reis embarcaram nela por causa das críticas ao poder do papa sobre o mundo terreno. A burguesia em ascensão sentia-se prejudicada por conta da condenação da prática da usura, ou seja, dos juros, o que lhe garantia o lucro nas transações comerciais.

Veja também: Religião e política na Idade Moderna

As 95 teses de Martinho Lutero

Em 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg as 95 teses que condenavam a avareza e o paganismo dentro da Igreja. Lutero, com isso, fazia um convite para o debate sobre os temas propostos. Em pouco tempo, as teses foram reproduzidas e distribuídas por toda Alemanha. Lutero foi julgado e excomungado pela Igreja.     Ele foi ainda o responsável pela tradução da Bíblia do latim para o alemão. Dessa forma, possibilitou a leitura da Sagrada Escritura por qualquer pessoa, sem o intermédio da Igreja. A imprensa permitiu a reprodução da Bíblia traduzida bem como a sua rápida disseminação.

Calvinismo

João Calvino estabeleceu uma doutrina para o cristianismo diferente da católica. Ele defendeu a tese da predestinação, isto é, somente os escolhidos pela vontade de Deus teriam a salvação eterna. De acordo com a doutrina calvinista, o trabalho deveria ser valorizado e a riqueza obtida por ele era uma forma de honrar a Deus. Max Weber percebeu a íntima ligação entre essa visão sobre o trabalho e a riqueza no fortalecimento do capitalismo.

João Calvino elaborou uma doutrina religiosa baseada na predestinação e na valorização do trabalho.
João Calvino elaborou uma doutrina religiosa baseada na predestinação e na valorização do trabalho.

Anglicanismo

O anglicanismo surgiu na Inglaterra, durante o reinado de Henrique VIII. Ele era casado com Catarina de Aragão, mas desejava separar-se dela. Os dois tiveram cinco filhos, porém apenas uma menina sobreviveu. O rei estava preocupado com a sucessão do reino e decidiu casar-se com Ana Bolena, aguardando um filho para garantir a linha sucessória. No entanto, a Igreja Católica negou o pedido de Henrique VIII para anular seu primeiro casamento, então ele resolveu criar uma instituição religiosa que celebrasse sua nova união matrimonial.

Em 1534, o parlamento inglês autorizou a criação da Igreja Anglicana. A nova religião manteve os moldes hierárquicos e a veneração aos santos católicos. Além disso, aderiu a alguns princípios calvinistas e criou condições para que o reino inglês se apoderasse de terras pertencentes à Igreja Católica. Com o avanço do anglicanismo, a Igreja Católica perdeu força no território britânico.

Contrarreforma

A Igreja Católica organizou o Concílio de Trento entre os anos de 1545 a 1563, o qual reforçou a doutrina da Igreja e estabeleceu ações para conter o avanço das igrejas nascidas após a Reforma Protestante. As medidas foram:

  • Criação do Tribunal da Inquisição para julgar e punir aqueles que eram considerados hereges, ou seja, defendiam e difundiam ideias contrárias à doutrina católica.
  • Infalibilidade do papa: reforço do poder do papa.
  • Fundação da Companhia de Jesus: os padres jesuítas tinham como missão levar a mensagem católica para outras regiões do mundo. Durante a colonização da América, os jesuítas tiveram papel importante na conversão dos indígenas para a religião católica.

Resumo sobre a Reforma Protestante

  • A Reforma Protestante promoveu uma ruptura no mundo cristão ocidental. Novas religiões cristãs surgiram, como anglicanismo, luteranismo e calvinismo.
  • As novas doutrinas cristãs foram usadas por reis para questionar-se o poder do papa e para justificar-se o lucro dos burgueses obtidos por meio das atividades comerciais.
  • A Contrarreforma foi a reação católica à Reforma Protestante e buscava reafirmar a doutrina católica e punir os hereges.

Exercícios resolvidos

Questão 1 – A Contrarreforma foi formada por meio do Concílio de Trento e tinha como ações para conter o avanço da Reforma Protestante na Europa:

A) criação do Tribunal da Inquisição e aliança com os reis absolutistas.

B) aliança com os calvinistas para combater o avanço anglicano na Inglaterra.

C) criação do Tribunal da Inquisição e reforço do poder do papa.

D) criação da Companhia de Jesus e diálogo com as novas religiões cristãs.

Resolução

Alternativa C. O Tribunal de Inquisição foi criado para julgar e punir quem era considerado herege, ou seja, quem questionava e criticava a doutrina católica. O poder do papa também foi reforçado durante o Concílio de Trento como uma reação à centralização do poder nas mãos dos reis.

Questão 2 – Assinale a alternativa que corretamente aponta a relação entre as novas religiões cristãs e o capitalismo:

A) o trabalho e a riqueza como formas de honrar a Deus.

B) críticas ao acúmulo de capital.

C) defesa da divisão do lucro com os mais pobres.

D) fim da escravidão por dívidas.

Resolução

Alternativa A. Se a Igreja Católica condenava a usura, o lucro dos capitalistas, as igrejas protestantes valorizavam o trabalho e afirmavam: se o lucro obtido pelos comerciantes fora consequência do trabalho, deveria então ser valorizado.

Por: Carlos César Higa

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