Primeira Guerra Mundial

A 1ª Guerra Mundial, travada entre 1914 e 1918, foi um dos grandes conflitos da história da humanidade. Mobilizou diferentes nações e causou a morte de milhões de pessoas.

As trincheiras foram uma das grandes marcas da Primeira Guerra Mundial.
As trincheiras foram uma das grandes marcas da Primeira Guerra Mundial.

A Primeira Guerra Mundial foi um conflito travado entre 1914 e 1918, colocando de lados opostos a Tríplice Aliança e a Tríplice Entente. Esse conflito ficou marcado pela guerra de trincheiras, que trazia pouca mobilidade de tropas e grande mortalidade de soldados. A guerra se encerrou com a derrota da Alemanha, país que foi humilhado pelos termos do Tratado de Versalhes.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Primeira Guerra Mundial

  • A Primeira Guerra Mundial se estendeu de 1914 a 1918, causando de 10 a 20 milhões de mortos.

  • Esse conflito foi resultado das tensões existentes entre as nações europeias no começo do século XX.

  • O estopim para o início da Primeira Guerra foi o assassinato de Francisco Ferdinando, arquiduque austríaco, durante uma carreata na Bósnia.

  • Os dois grupos conflitantes nessa guerra foram a Tríplice Entente e a Tríplice Aliança.

  • A rendição alemã se deu em novembro de 1918 e os termos da rendição foram apresentados no Tratado de Versalhes, em junho de 1919.

Videoaula sobre a Primeira Guerra Mundial

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Causas da Primeira Guerra Mundial

A Primeira Guerra Mundial foi resultado dos choques de interesses que existiam entre as nações europeias no começo do século XX. Diversos fatores contribuíram para que o conflito se iniciasse, tais como tensões nacionalistas, alianças militares, interesses econômicos e imperialistas, entre outros.

Primeiramente, podemos falar de uma certa rivalidade entre certas nações europeias em razão de interesses imperialistas. As maiores rivalidades nesse sentido eram as existentes entre alemães, franceses e ingleses, sobretudo porque os alemães “chegaram tarde” à corrida imperialista, ficando bem atrás de franceses e ingleses, principalmente no domínio de colônias na África.

Além disso, havia a questão dos movimentos nacionalistas, o que contribuiu para o fortalecimento de ideologias bélicas. O pangermanismo, por exemplo, era um movimento que defendia os interesses alemães de expansão territorial pela Europa. Essa ideologia nacionalista defendia também que a Alemanha deveria se impor como a força hegemônica da Europa na economia e nos assuntos militares, por exemplo.

Havia também o revanchismo francês, um movimento nacionalista que alimentava um desejo de vingança francês contra a Alemanha. Esse ressentimento foi resultado da derrota humilhante que a França sofreu dos alemães durante a Guerra Franco-Prussiana, conflito travado entre as duas nações em 1870 e 1871.

Por fim, havia a questão relacionada aos Bálcãs, que era um pouco mais complexa. No contexto do começo do século XX, uma porção dos Bálcãs habitada por diferentes povos eslavos era controlada pelo Império Austro-Húngaro. Nesse cenário, havia uma nação independente na região — a Sérvia — e havia um projeto de construção da Grande Sérvia, que uniria os povos da região sob o comando sérvio.

Esse movimento recebeu o nome de pan-eslavismo, sendo apoiado pela Rússia, país comandado pela monarquia czarista. O choque nesse contexto era grande porque a Áustria tinha o interesse de estender o seu domínio sobre a Sérvia, mas os sérvios desejavam liderar o processo de independência de outros povos eslavos dos Bálcãs.

Todas essas tensões existentes no continente europeu possibilitaram o surgimento de alianças militares entre diferentes nações da Europa. Essas alianças se projetavam para um possível cenário de guerra no continente europeu e, portanto, caso um dos países envolvidos na aliança fosse atacado, o outro país deveria oferecer auxílio militar para seu aliado.

Além das alianças militares, iniciou-se uma corrida armamentista, na qual os países europeus passaram a realizar maiores investimentos para reforçar os seus arsenais de guerra. Esses acontecimentos reforçam a ideia de que um conflito europeu era um forte possibilidade. O historiador Eric Hobsbawm apontou que a possibilidade de uma guerra europeia no começo da década de 1910 era “iminente”|1|.

Podemos perceber, então, que a guerra estava prevista para acontecer e as nações europeias se prepararam para ela. Assim, era necessário apenas um acontecimento para dar início ao conflito que arrastaria as nações europeias para uma grande guerra.

  • Assassinato de Francisco Ferdinando

Esse estopim foi dado por Francisco Ferdinando, arquiduque do Império Austro-Húngaro, portanto herdeiro do trono austríaco. Ele desejava realizar alguma ação para reafirmar o poderio austríaco sobre a Bósnia, região nos Bálcãs bastante agitada por conta do nacionalismo pan-eslavista. Assim, ele decidiu realizar uma carreata por Sarajevo, cidade na Bósnia, junto de sua esposa, em 28 de junho de 1914.

Ele havia sido advertido de que isso não era uma boa ideia, mas decidiu prosseguir. No meio do trajeto, ele foi interpelado por Gavrilo Princip, estudante que era membro de um movimento nacionalista da Bósnia. O estudante abriu fogo contra o arquiduque, matando-o.

Esse acontecimento deu início a uma enorme crise diplomática entre Áustria e Sérvia. Os alemães passaram a instigar os austríacos para que eles atacassem a Sérvia, e os austríacos impuseram uma série de termos rígidos aos sérvios durante as negociações. Os sérvios aceitaram quase todos os termos, mas, mesmo assim, os austríacos decidiram atacar a Sérvia.

O ataque austríaco à Sérvia aconteceu em 29 de julho de 1914 e deu início a um efeito dominó no continente europeu. Por fim, a Alemanha declarou guerra à Rússia e, depois, à França e, então, os britânicos declararam guerra aos alemães porque a Alemanha havia invadido a Bélgica para atacar os franceses. A guerra havia sido iniciada e se espalhou por quase toda a Europa.

Acesse também: Revolução Russa — a revolução que estourou durante a Primeira Guerra

Principais acontecimentos da Primeira Guerra Mundial

O início da Primeira Guerra deu forma aos grupos beligerantes. Em geral, podemos colocar que os dois grupos que atuaram nesse conflito foram os seguintes:

  • Tríplice Entente: formada por Rússia, França e Grã-Bretanha;

  • Tríplice Aliança ou Potências Centrais: formado por Alemanha, Áustria-Hungria e Império Otomano.

A princípio, a Itália fazia parte da Tríplice Aliança, mas, quando a guerra se iniciou, eles se recusaram a lutar junto da Alemanha e acabaram aliando-se com os ingleses. À medida que o conflito foi avançando, novos países se engajaram na luta e houve o envolvimento de nações de todos os continentes nesse conflito.

Grande parte das batalhas foi travada na Europa, mas houve também batalhas na Ásia e até mesmo próximo das Ilhas Malvinas, no extremo sul do continente americano. De toda forma, os grandes destaques vão mesmo para as batalhas que aconteceram no continente europeu e, por esse cenário, podemos dividir a guerra em duas fases:

  • Guerra de Movimento: entre agosto e novembro de 1914;

  • Guerra de Trincheiras: entre 1915 e 1918.

A guerra de movimento ficou marcada por ser um período de movimentação das tropas e o destaque foi a operação alemã de invasão e conquista da França, o Plano Schlieffen. Essa fase foi sucedida pela guerra de trincheiras, período marcado pela estagnação das tropas, que se abrigavam em valas no solo, chamadas de trincheiras, e travavam uma luta dessas trincheiras.

A falta de mobilidade na guerra de trincheiras permitiu a utilização de tanques e de aviões de guerra em uma fase final do conflito. As armas químicas também foram bastante utilizadas, como o gás clorídrico e o gás mostarda. As condições de vida dos soldados nessas trincheiras eram as piores possíveis e isso foi amplamente relatado por historiadores e pela cultura popular.

O espaço entre duas trincheiras era conhecido como “terra de ninguém”, sendo um lugar marcado pela destruição, causada pelos tiros e bombas. Esse trecho também era repleto de arames farpados — que serviam como proteção —, muito barro e cadáveres.

Registro da chamada “terra de ninguém” entre trincheiras na Primeira Guerra Mundial
Terra de Ninguém, local que separava duas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial.[1]

Dois acontecimentos marcantes foram a saída da Rússia — realizada pelos bolcheviques, que haviam assumido o poder do país no final de 1917 — e a entrada dos Estados Unidos, motivados por sucessivos ataques alemães contra embarcações norte-americanas ou tripuladas por norte-americanos. Os ataques alemães aconteceram porque os Estados Unidos enviavam navios mercantes à Grã-Bretanha durante a guerra.

A Primeira Guerra Mundial também foi marcada por eventos catastróficos, como o Genocídio Armênio, um genocídio contra a população armênia que habitava o território do Império Otomano. Esse conflito também teve grandes batalhas, como a Batalha de Somme, travada em território francês e que resultou em cerca de 1 milhão de mortes. Outra grande batalha foi a travada em Verdun, também na França, que causou cerca de 800 mil mortos.

O término da Primeira Guerra Mundial ocorreu em 11 de novembro de 1918, quando os alemães decidiram render-se. A rendição alemã foi resultado do completo esgotamento militar e econômico do país durante o conflito. O isolamento alemão na guerra, após a rendição de seus aliados, contribuiu largamente para a derrota alemã.

A monarquia alemã acabou sendo derrubada por uma revolução liderada pelos social-democratas. O país se transformou em uma república e o novo governo optou por colocar fim ao conflito. A rendição alemã foi seguida pelo Tratado de Versalhes, de 1919, no qual os vencedores impuseram termos pesados para os alemães no conflito.

Acesse também: Trégua de Natal na Primeira Guerra Mundial

Consequências da Primeira Guerra Mundial

O primeiro grande destaque a ser feito em um conflito da magnitude da Primeira Guerra Mundial é a quantidade de mortos. Estima-se que esse conflito tenha causado a morte de 10 a 20 milhões de pessoas durante os quatro anos em que aconteceu.

Soldados utilizando máscaras que os protegiam dos efeitos das armas químicas utilizadas durante a Primeira Guerra Mundial.
Soldados utilizando máscaras que os protegiam dos efeitos das armas químicas utilizadas durante a Primeira Guerra Mundial.

Além disso, é importante mencionar que a Primeira Guerra Mundial foi um conflito em que a tecnologia desenvolvida até então foi utilizada para o desenvolvimento de armas de destruição em massa. Esse conflito permitiu que essas armas fossem amplamente utilizadas e algumas delas, como as armas químicas, foram proibidas de serem usadas novamente.

Ao fim da Primeira Guerra Mundial, o mapa europeu foi drasticamente modificado, uma vez que as Potências Centrais foram derrotadas e seus impérios foram dissolvidos. Assim, diversas novas nações foram criadas no mapa europeu, como a Polônia, a Checoslováquia, a Finlândia, a Áustria, entre outras.

  • Tratado de Versalhes

O ponto mais polêmico do fim da Primeira Guerra Mundial, sem dúvida, foi o Tratado de Versalhes, acordo que continha os termos que os vencedores — França e Grã-Bretanha — impuseram contra a Alemanha, derrotada. O acordo do Tratado de Versalhes foi assinado, em junho de 1919, na Galeria dos Espelhos, no Palácio de Versalhes — o mesmo local onde a França havia reconhecido sua derrota na Guerra Franco-Prussiana).

Entre as imposições, a Alemanha ficou proibida de ter navios e aviões de guerra, além de poder ter apenas 100 mil soldados recrutados. O país perdeu todas as suas colônias na África e foi obrigado a pagar uma indenização astronômica de guerra. O pagamento dessa indenização contribuiu para que a Alemanha vivesse, na década de 1920, a pior crise econômica de sua história.

O Tratado de Versalhes foi considerado um acordo humilhante para a Alemanha e as dificuldades que esse tratado criou para o país foram amplamente exploradas pela retórica dos movimentos de extrema-direita, dos quais estão o nazismo.

Notas

|1| HOBSBAWM, Eric. A Era dos Impérios (1875-1914). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014, p. 462.

Créditos da imagem

[1] Everett Collection e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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